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Giba apadrinha lutadora do UFC e vira agente para levá-la ao cinturão

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

14/10/2014 06h00

Um dos maiores nomes da história do vôlei, Giba vai colocar suas mãos – e toda a sua influência - no MMA. Aposentado das quadras, o paranaense resolveu virar padrinho da conterrânea Jéssica Andrade e, fora do octógono, já está trabalhando como agente num projeto para tentar transformá-la na primeira campeã brasileira do UFC.

Parece complicado de entender por que um astro do vôlei entraria em um mundo como o do MMA, já que são modalidades bem diferentes, mas o que fez esta parceria nascer foi algo bem mais pessoal.

Giba já conhecia o mestre de Jéssica, Gilliard Paraná, e foi apresentado à lutadora em um evento que homenageou atletas paranaenses. Papo vai, papo vem, e a ligação entre eles foi instantânea. Pouco depois surgiu a ideia de Giba entrar em ação e fazer algo na prática para ajudar na evolução da atleta.

“Quando conheci a Jéssica, eu me identifiquei muito com a trajetória e com a história de vida dela. Ela tinha acabado de estrear no UFC, com uma derrota, e eu vi um potencial enorme nela”, conta Giba, ao UOL Esporte.

A paranaense de Umuarama trabalhou na roça como tratorista. Era preciso dividir a rotina entre o plantio de cana-de-açúcar e a academia, incluindo aí cinco quilômetros de caminhada para pegar um ônibus. Mais tarde, ao chegar ao UFC, estreou com revés para Liz Carmouche, mas depois venceu suas últimas três lutas.

“Com o tempo, nos aproximamos e resolvi apadrinhar ela. Fui atleta por muitos anos, então sei exatamente as necessidades de um atleta de alto rendimento. Por isso, indiquei alguns profissionais, como o Tiago Fukugauti, fisiologista e preparador físico, e testes que eu acredito que vão auxiliar muito na carreira dela. Além disso, busco ajuda de empresas parceiras, que me apoiaram em algum momento da carreira, para investir nela também, que eu vejo como um grande nome brasileiro no UFC. Estamos trabalhando para, muito em breve, ela estar no topo da categoria”, detalha ele.

Pelo lado de Jéssica, ter Giba trabalhando em seu benefício é surreal. Ligada a esportes desde criança, ela sempre brigou com seu pai para colocar vôlei na TV, vibrando com os pontos do ponteiro.

“Sempre gostei muito dele, desde pequena. Nós nos conhecemos neste evento em Cascavel (PR) e conversamos bastante. Nossa história de vida bateu muito, viemos da roça, ele venceu na vida e eu também, mas ainda estou começando. Acho que bateu essa química de atleta para atleta, da questão da família, do jeito de tratar, mas nunca imaginei que ele pudesse se envolver com a parte de MMA. Mas ele se interessou, gostou, viu que sou gente boa e quis fazer algo pra mudar a minha vida. É uma honra”, diz a peso galo de 23 anos.

A princípio, Giba entrou na parceria como um padrinho, fazendo indicações e dando conselhos a Jéssica, principalmente para ela melhorar sua estrutura e melhorar fisicamente. Giba indicou não só o fisiologista Tiago Fukugauti, mas a levou a um teste de última geração na Unicamp, para avaliar seu corpo e definir qual tem de ser o foco de sua preparação.

Depois disso, o trabalho se intensificou, e Giba já busca parceiros e patrocinadores para também incrementar a parte financeira, melhorando as condições gerais da lutadora, que fica mais tranquila para bancar alimentação e equipe.

Fukugauti trabalhará com Jéssica em Curitiba para fazer alterações tanto na dieta quanto na intensidade dos treinos, tudo baseado nos testes realizados na Unicamp.

“Fizemos as avaliações de resistência, força, explosão... Encontramos pontos muito bons fisicamente e outros que ainda deixam a desejar, o que é bom, já que podemos melhorar para ela buscar ser a campeã da sua categoria. A Jéssica tem estrutura óssea boa, gordura dentro do esperado e com nutricionista vamos melhorar ainda mais esta condição. Ela tem muito a evoluir, é jovem e tem muitas coisas a desenvolver”, explicou o fisiologista.

Próximos passos

Jéssica Andrade espera voltar rapidamente ao octógono. Em setembro, ela venceu por finalização a ex-campeã do Jungle Fight Larissa Pacheco em Brasília, com uma facilidade que não era esperada. Agora, mira um combate em dezembro para manter sua evolução no ranking peso galo. Atualmente, a paranaense é a décima.

“Vou estar superbem preparada. Meu treinamento vai mudar, vai ficar mais intenso, terei uma nova dieta e tenho certeza de que com isso estarei mais preparada e focada para ir em busca do cinturão”, diz ela.

Apesar de ter uma meta traçada, Jéssica prega paciência. Para a paranaense, ainda há muito o que melhorar antes de lutar pelo título, principalmente se  for contra Ronda Rousey, a dominante campeã peso galo.

“Com esse treino vou estar mais preparada, mas o tempo também vale. Quanto mais tempo e paciência eu tiver, melhor eu vou estar. Não é de uma hora para a outra que vou melhorar. Eu gostaria muito de disputar este cinturão com a Ronda, mas ela é muito marcada e com o tanto de meninas boas que têm, talvez ela acabe perdendo. Tudo pode acontecer. Mas o importante é eu ganhar o cinturão”, conclui.