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Joana abandona 'lado chiclete' e cria cartilha para ver Belfort virar leão

Luiza Oliveira

Do UOL, em São Paulo

10/11/2015 06h00

A família Belfort faz o estilo comercial de margarina. Bonitos e bem sucedidos, Joana e Vitor fazem tudo juntos e não se desgrudam nem por minuto.  Mas a rotina se transforma na semana que antecede as lutas do atleta. É quando ela abandona o ‘lado chiclete’ e segue à risca uma cartilha para vê-lo se transformar em um leão.

Além de serem casados há 15 anos e de terem três filhos, eles ainda trabalham juntos. Joana é empresária e responsável por administrar a carreira do lutador. Com tanto tempo de convivência, ela aprendeu que nos últimos dias antes de uma luta é preciso se afastar para respeitar o momento de concentração do atleta.

Ela conta que à medida que o duelo vai se aproximando, Vitor se transforma. Entra em um estado individual de foco e busca o instinto do lutador que há dentro de si. Fica calado e se fecha em seu mundo.

“Ele vai virando o leão e deixa de ser o cordeirinho. Vai virando o lutador. Fica calado, às vezes anda pela casa dando socos. E as crianças já estão começando a entender isso. Ele é muito carinhoso no dia a dia. Antes da luta, se ele é 200% carinhoso, passa a ser 70%”, disse ela que dessa vez deixou os filhos na Flórida, nos Estados Unidos, onde moram, porque eles já estão em uma idade em que não podem perder aula com frequência.

Por isso, Joana sabe que o momento é de se afastar. Passa praticamente uma semana sem vê-lo ou falar com ele. Ela evita até as conversas por telefone ou aplicativos de mensagem. Só se aproxima se ele solicitá-la.

Na semana do UFC São Paulo, por exemplo, o casal chegou à cidade na segunda-feira. Joana ficou hospedada na casa da família, enquanto Vitor se concentrou em um hotel.  Ela só o viu quando ele a convidou para jogar baralho no hotel em um momento de distração e depois da pesagem no backstage. No dia da luta, Joana e Vitor não conversaram nem para desejar boa sorte.

“É o momento dele. Por isso eu acho que nem toda mulher está preparada, faz parte do trabalho eu entender e respeitar o momento dele. Não é fácil porque a gente faz tudo junto sempre. Eu trabalho com ele, as crianças estão sempre junto com a gente, é tudo junto. Então é um momento sofrido, mas tem que entender. E depois da luta volta tudo ao normal como era, e depois volta a esse momento de novo. E assim vai...”.

De fato, Joana já se acostumou com a vida de ser mulher de lutador. Prova disso é que ela não sofre com ansiedade e tem uma rotina normal no dia da luta. No último sábado, antes do confronto contra Dan Henderson, ela saiu para almoçar e passou o dia com a família. Chegou ao evento por volta de 22h, atendeu a imprensa e foi para a sala Vip do UFC onde assistiu ao card preliminar com duas amigas.

Joana entrou na arena pouco antes de começar o card principal e torceu pelos lutadores brasileiros na disputa. Só esboçou reação diferente quando Vitor apareceu no telão já se encaminhando para o octógono. Ela levantou os braços, fez uma oração como se abençoasse o marido e fez coro com a torcida que gritava ‘Vitor, Vitor’. Até imitou umas palavras proferidas por Bruce Buffer.

Ela diz que não assiste à luta com olhar de esposa, mas sim com um olhar clínico. Analisa a técnica e a estratégia usada por Vitor e vê se ele está colocando em prática o que foi treinado. E grita, orientando o que ele deve fazer. E foi assim. No começo da luta, ela permaneceu quieta observando o confronto até que gritou passando alguma instrução para o atleta. Quase que no mesmo momento, Vitor já partiu para cima de Henderson derrubando o adversário para nocauteá-lo. Joana já pulava na primeira fila e rapidamente subiu no octógono para comemorar com um beijo a vitória do marido e pôr fim à semana puxada que teve.