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Torneio inova e contrata "ring boy" para atrair mulheres ao MMA

Torneio de MMA no Pará terá ring boy pela primeira vez - Divulgação
Torneio de MMA no Pará terá ring boy pela primeira vez Imagem: Divulgação

Adriano Wilkson

Do UOL, em São Paulo

03/03/2018 04h00

Se você já viu alguma luta de boxe ou de MMA deve ter notado as mulheres desfilando com pouca roupa, exibindo cartazes para mostrar que round iremos presenciar e jogando beijinhos ao público. O trabalho das ring girls pode não ser o mais desafiador de todos, mas sua presença no mundo das lutas tem se mantido constante desde 1965 quando os promotores de boxe de Las Vegas resolveram contratá-las pela primeira vez. Agora, essa função começa a ser desempenhada por homens.

O MMA, esporte que herdou muitos de seus hábitos e costumes do boxe, acaba de aparecer com uma ideia inovadora: os “ring boys”, homens simpáticos e sarados que dão as caras (e os músculos) em uma tentativa de atrair mais mulheres a um esporte dominado por homens.

O Pará Fight, uma organização que fará sua primeira edição em 10 de março em Belém, terá pela primeira vez um homem nessa função. O modelo Arlesson Sousa, de 22 anos, foi contratado para levantar a placa dos rounds de duas lutas femininas do evento, que ainda contará com outras seis ring girls para as lutas masculinas.

Ring boy - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

O combate principal terá o lutador Gerônimo Mondragon, que um dia chegou a ser contratado pelo UFC, mas acabou não lutando.

"Eu vou entrar pra chamar o público feminino, pra ficar bem mesclado", diz Arlesson, que desfilará de sapato social e bermuda, mas sem camisa. "Antes tinha só as meninas para agradar o público masculino. Já estava na hora de um evento ter algo diferente".

Há algumas semanas, o lutador canadense do UFC Elias Theodorou também anunciou que será ring boy do Invicta, um torneio exclusivo para mulheres, no dia 24 de março. O Pará Fight, que terá Arlesson na mesma função, acontecerá antes, no dia 10.

A ideia partiu do promotor Fabrício Silva, que recebeu a sugestão de uma mulher na página do evento no Facebook. O Pará Fight promete ainda outras inovações, como barcas de sushi nos camarotes, além de internet liberada ao público.

Terá risco de reação negativa?

Mas em um ambiente tão dominado por homens, a presença de um modelo desfilando com pouca roupa não poderia gerar reação negativa do público?

“Eu acho que se acontecer vai ser mais no deboche, mandar beijinho, homem vaiando”, disse Fabrício. "Mas não de bullying, de xingamento. Vamos fazer uma coisa bem legal. Estamos fugindo de tudo que rola no MMA que é só aquele público seleto de academia".

O primeiro ring boy do MMA também diz estar tranquilo: “Eu trabalho com eventos e desfiles e tu sabes que a gente nunca vai agradar todos”, disse o modelo. “Sou ciente que as pessoas podem vaiar, xingar, mas sou cabeça fria e sei lidar com isso.”

A contratação de homens para fazer uma função tradicionalmente feminina vem na esteira da decisão da FIA, a federação mundial de automobilismo, de não usar “grid girls” na temporada de 2018 da Fórmula 1, considerando essa uma função “datada, que não cabe mais nos valores da sociedade moderna”.

Tradicionais competições de dardo, que tinham mulheres atuando de maneira semelhante, também aboliram a prática. Por outro lado, no MMA, algumas ring girls (octagon girls ou cage girls, como também são chamadas) gozam de grande popularidade, casos da americana Arianny Celeste e da brasileira Jhenny Andrade.

“Acho que essa é uma oportunidade que vai aparecer cada vez mais”, disse o modelo Arlesson. “Não só pra mim, mas pra outros rapazes que queriam fazer o mesmo.”