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"Foi o caos total", diz brasileiro no ônibus atacado por McGregor no UFC

Alex Davis, empresário de atletas do UFC - Divulgação
Alex Davis, empresário de atletas do UFC Imagem: Divulgação

Adriano Wilkson

Do UOL, em São Paulo

06/04/2018 16h39Atualizada em 07/04/2018 09h32

O empresário brasileiro Alex Davis definiu como um caos total o momento tenso em que esteve sob ataque do lutador Conor McGregor em Nova York. Ele estava dentro do ônibus acompanhando Renato Moicano, seu atleta que lutará no UFC 223, sábado, quando ouviu um barulho vindo do lado de fora.

“Ouvi um barulho e achei que era tiro”, disse o agente em entrevista ao UOL Esporte por telefone. Inconformado com provocações a um de seus amigos no dia anterior, o irlandês McGregor se juntava com cerca de dez pessoas para atacar o ônibus que levava o russo Khabib Nurmagomedov. “Logo saquei que tinha um problema e rápido começou o caos total. O Khabib estava querendo sair e eu tentava segurar ele, acalmar. Houve pessoas do UFC que se machucaram, mas os seguranças defenderam aquele ônibus como a própria vida.”

McGregor e seus companheiros acabaram arremessando objetos como um carrinho de mão e uma grade de ferro contra as janelas do ônibus, o que feriu o americano Micahel Chiesa, que lutaria no evento. “Fui conferir o corte no Chiesa, que é um cara por quem eu tenho um carinho grande, e vi que estava feio”, disse Alex Davis.

“A gente está acostumado a ver coisas como essa no Brasil, briga de torcida de futebol, em torneio de judô, mas aqui nos EUA não é normal”, afirmou o empresário, que tem décadas de experiência nas artes marciais. Ele ainda completou com ironia: “Estou dizendo que vou voltar pro Rio de Janeiro porque aqui nos EUA está muito violento.”

O agente temeu que algum dos agressores estivesse armado, o que poderia aumentar ainda mais a gravidade do incidente. Nesta sexta-feira, McGregor, atual detentor do cinturão dos leves (até 70kg) do UFC, foi detido e saiu da delegacia algemado. Dana White, o presidente da organização, disse que está “enojado” com seu comportamento e que não pretende mais manter negócios com ele.

Um dos motivos da ira do irlandês pode estar no anúncio de que a luta principal do UFC 223, entre Khabib Nurmagomedov e Max Holloway valerá o cinturão que pertence a ele, já que o irlandês está há dois anos sem defender o título. Mas a gota d’água parece ter sido uma discussão na véspera entre Khabib e Artem Lebov, amigo de McGregor.

O ataque contribuiu para uma dança das cadeiras no UFC 223. Por causa do ferimento na cabeça, Michael Chiesa foi vetado pelos médicos para o evento. Seu adversário, o ex-campeão Anthony Pettis ficaria sem lutar, mas acabou sendo chamado para tapar o buraco na luta principal, já que Max Holloway foi declarado “medicamente” incapaz de continuar seu processo de corte de peso e cortado do evento.

Assim, a luta principal deve ser entre o russo Khabib Nurmagomedov e Anthony Pettis. Isso se nenhuma reviravolta acontecer até lá. (Após a publicação da reportagem, o UFC confirmou que não conseguiu concluir a negocição com Pettis, e Al Iaquinta acabou chamado para enfrentar Khabib)

“Esse já é o evento mais caótico que eu já vi”, disse Alex Davis. “Nós estamos acostumados com coisa feia. Eu já vi um campeonato de judô com uma bagunça tão grande que nem a polícia conseguiu dar jeito. Mas isso foi no Brasil há uns 30 anos.”