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Homem mais forte do Brasil detona Hulk do Irã: "Isso não é esporte, é fake"

Marcos Ferrari é o principal nome do strongman no Brasil e lamentou a relação  - Reprodução/Instagram/FotografoJasso
Marcos Ferrari é o principal nome do strongman no Brasil e lamentou a relação
Imagem: Reprodução/Instagram/FotografoJasso

José Edgar de Matos

Do UOL, em São Paulo (SP)

01/03/2019 14h45

A ascensão midiática do Hulk do Irã atingiu o esporte de força (strongman) de maneira negativa. O espaço conquistado por Sajad Gharibi, que se autodenomina a versão real do herói verde dos quadrinhos da Marvel, incomoda quem vive da modalidade. As imagens do corpo do iraniano de quase 1,90m e 170 kg viralizaram entre os praticantes, críticos com o que enxergam como uma "jogada de marketing" de alguém que "não representa o esporte".

Principal referência do strongman no Brasil e cinco vezes campeão nacional, Marcos Ferrari, 41 anos, detonou o Hulk do Irã. Dono de 120 kg distribuídos em 1,75m, suficientes para puxar um caminhão [veja o vídeo abaixo] e participar da elite do esporte na Europa, o brasileiro trata a ascensão de Sajad Gharibi como uma situação momentânea, preocupada apenas com imagem e fama.

"No mundo do esporte do fisiculturismo, essa história não é levada a sério. Ele é o que a gente considera 'fake'. O físico dele é 'fake'. É um exagero em relação ao permitido dentro do esporte. Ele tem traços que saem fora do padrão se comparado aos maiores fisiculturistas e strongman do mundo, nos quais você percebe uma simetria. Um cara daquele tamanho não pode ter a cintura tão fina", contou, em entrevista concedida ao UOL Esporte.

Hulk do Irã - Reprodução/ Instagram  - Reprodução/ Instagram
Hulk do Irã desafiou "qualquer um" para um combate
Imagem: Reprodução/ Instagram

"A gente vê isso como uma jogada de marketing, não agrega nada ao esporte porque não é real. (...) Esses caras injetam óleo, é uma coisa fora de simetria. Chega a ser ofensivo ao bodybuilder, que tem que fazer dieta, treinar e ter uma rotina regrada. Você pega e destrói o próprio músculo para dar aquela aparência, mas não tem força, não tem funcionalidade. Obvio que não dá para afirmar 100% que o Hulk do Irã usa óleo, mas aquela composição corporal está muito bizarra", acrescentou.

Ferrari faz parte do mundo do strongman há quase 15 anos. Em suas redes sociais, o atleta de 41 anos compartilha a rotina de treinos e competições, com vídeos dos feitos. Recentemente, representou o Brasil na competição Força Bruta, promovida pela TV Globo. Para ter tamanha força e carregar correntes de 300 quilos e uma cangalha de 400 quilos, por exemplo, o dia a dia é puxado.

O strongman brasileiro relata que possui uma dieta calórica de 9.500 calorias diárias - calcula-se entre 2.000 e 3.000 um número básico para o ser humano comum. A alimentação pesada se equilibra com os treinos intensos de força com práticas cardiovasculares, que chegam a até 6h nos dias mais puxados. Atualmente, Marcos Ferrari está em tratamento de uma lesão adquirida justamente no evento da TV Globo.

Durante os anos de competição, o homem mais forte do Brasil jamais ouviu falar de Sajad Gharibi, o que levanta ainda mais dúvida sobre a real força do Hulk do Irã, que agora procura um adversário para estrear no MMA e publicou o desafio para os mais de 500 mil seguidores no Instagram.

Marcos Ferrari trem - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Marcos Ferrari encarou com um amigo uma locomotiva de 170 t
Imagem: Arquivo Pessoal

"Não acredito que ele seja muito forte. Se fosse, estaria no circuito de strongman, com certeza. Eu, pelo menos, desconheço. Nunca ouvi falar dele nem em competição amadora. É uma jogada de marketing de alguém ou dele para chamar a atenção, porque realmente é um cara grande, mas não vejo origem dele no esporte", destaca o competidor referência da modalidade no país.

"Aparece um cara como este, você tem que procurar e ver os títulos do cara. Falar que é o mais forte por ter 1,90m e 170kg? Não é por aí. É uma pena, porque o esporte se perde um pouco por causa deste iraniano", encerrou o homem mais forte do Brasil, alertando para o possível sucesso "fake" do Hulk do Irã.