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Thiago Pereira reclama e diz que meta de medalhas do COB é absurda

Thiago Pereira exibe a medalha de prata conquistada nos Jogos de Londres - Satiro Sodre/AGIF
Thiago Pereira exibe a medalha de prata conquistada nos Jogos de Londres Imagem: Satiro Sodre/AGIF

José Ricardo Leite

Do UOL, em São Paulo

18/03/2013 15h57

Foram dois Jogos Olímpicos em batalhas com alguns dos maiores nomes da história da natação. Até que em Londres-2012, em sua terceira tentativa, conseguiu superar o maior da história, Michel Phelps, para conseguir uma das medalhas mais difíceis do esporte aquático brasileiro.

Mas o feito pouco ajudou, e Thiago Pereira quase nada capitalizou com a medalha de prata nos 400 m medley nos Jogos Olímpicos de 2012. Está desde janeiro sem clube e negocia desde então para conseguir uma agremiação para seu ciclo para o Mundial de Barcelona.

Tem treinado em academias enquanto faz a de “empresário” de si mesmo na tentativa de conseguir um clube. Descartou ir para os Estados Unidos para permanecer no Brasil, mas lamenta o fato de encontrar a atual situação logo depois de seu maior feito. Deve anunciar nos próximos dias seu novo clube, que deve ser o Pinheiros-SP ou Sesi-SP. Preferiu não adiantar o nome.  “O verbal já está quase acertado, vou esperar para fazer o anúncio quando estiver tudo assinado”, falou Pereira ao UOL Esporte.

“Meu objetivo é ficar aqui, sempre foi. Quero continuar com o Albertinho como treinador. O estranho foi sair de Londres com uma medalha e sabendo que o Brasil iria ser a próxima sede dos Jogos Olímpicos... mas vemos essa situação de estar sem clube. Não tem como falar que está igual [ao início dos treinos e 2012], não está da maneira que eu queria que estivesse, fazendo bem os treinos. Fica com essa preocupação na cabeça...de fazer reunião, ter que fechar com um clube e treinar pensando nisso. Atrapalha um pouco”, falou.

Pereira desabafou sobre a falta de incentivo em geral ao esporte olímpico dentro do país. E afirmou que é um absurdo a meta divulgada pelo COB (Comitê Olímpico Brasileiro) de ficar entre os dez primeiros no quadro de medalha nos Jogos de 2016 com o pouco incentivo que se dá aos esportes olímpicos no atual ciclo ao se referir também ao fim de outros esportes em clubes tradicionais, como o Flamengo que acabou com a equipe de ginástica.

“Não dava para esperar que isso fosse acontecer justo agora. É um absurdo ainda quererem falar que a meta do Brasil é ficar entre os dez primeiros no quadro de medalha. Tem que investir nos atletas. O foco agora é a Copa do Mundo até 2014. Depois disso só é que vão focar nos Jogos Olímpicos. Em dois anos não vamos formar atletas para ganhar um monte de medalhas.”

O medalhista de prata em Londres tem como grande objetivo na  temporada o Mundial de Natação de Barcelona, que será realizado de 19/07 a 04/08. Antes disso, terá que conseguir o índice em duas oportunidades: Troféu Maria Lenk, em abril, e no Brasileiro Sênior.

O Mundial será a primeira grande competição que disputará sem ter a concorrência de Michael Phelps, que se aposentou no ano passado. Mas isso não é visto como ponto positivo. Ele voltou a dizer que sempre viu como benéfica, e não de maneira ruim, o fato de ter que duelar nas suas principais provas, os 200 m e 400 m medley, com nomes como Phelps, Ryan Lochte e o húngaro Laszlo Cseh, dono de cinco medalhas olímpicas.

“Sempre falei que na minha carreira eu queria competir contra os melhores. Prefiro ganhar medalha onde tem todo mundo do que ganhar onde não tem. A minha medalha eu ganhei com todos presentes.”