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Fotógrafo de surfe prepara filme sobre o controverso "verão da lata"

Paulo Anshowinhas

Do UOL, em São Paulo

31/07/2013 06h00

Um dos mais respeitados e renomados fotógrafos de surfe e skate do Brasil e do mundo, Klaus Mitteldorf está literalmente de olho no filme. Mas sua ligação com o mar traz uma nova surpresa cinematográfica, que promete criar polêmica. A produção do longa metragem Cans On the Beach (Latas na Praia, em tradução literal) é exatamente sobre a história do derrame de latas com maconha que ocorreu em setembro de 1987, no litoral brasileiro entre o Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul.

"A ideia é lançar o filme em 2017, para celebrar os 30 anos desse caso inacreditável", afirmou Mitteldorf ao UOL Esporte
 
O roteiro do longa de ficção, baseado em fatos reais, conta a incrível aventura dos tripulantes do barco de pesca de 150 pés Solana Star. A embarcação partiu da Ásia e, depois de navegar por vários mares em 65 dias de viagem, começou a ser perseguido pela Guarda Costeira perto de Angra dos Reis.
 
Com isso, os ocupantes se viram obrigados a lançar ao mar cerca de 18 toneladas de maconha enlatadas (de um total estimado em 22 toneladas), o que se transformou em uma das histórias mais bizarras do gênero já relatadas. O episódio ficou conhecido como o "verão da lata".
 
Sobre a história das latas na praia e, principalmente, o que aconteceu com as quatro toneladas desaparecidas, o fotógrafo mantém suspense: "É um filme que deve fazer a cabeça da galera", brincou.

Enquanto a história, bem ao estilo Cheech & Chong, não sai da lata (tem o roteiro e depoimentos filmados, mas ainda não finalizou o projeto), Klaus, de 60 anos, está no final de captação de recursos para início de filmagens de outro longa-metragem: o Rio-Santos, que será um legítimo road movie, cuja história original partiu do próprio Klaus com a escritora Patricia Ermel.

A trama retrata a memória do personagem Tedesco, um diretor de cinema que sai de casa, e de sua filha, que decide enviar insistentes cartas ao pai, até resolver ir atrás dele, a nado, do Rio de Janeiro a Santos. O seu pai, por outro lado, embora não respondesse a nenhuma das cartas, manda uma pessoa atrás da filha, filmando tudo o que passa pelo caminho.
 
 
Esse enredo ambientado em várias praias paulistas e cariocas tem tudo a ver com a trajetória desse profissional das lentes, que começou a carreira como um dos primeiros fotógrafos de surfe e skate do Brasil, com capas históricas das revistas Brasil Surf (1976), Brasil Skate (1978), e Pop (1979), da editora Abril.
 
"A praia me salvou. Quando eu não sabia o que fazer da vida, encontrei refúgio nela. De lá, veio a inspiração para tudo o que eu fiz depois", relatou Klaus recente à revista Trip.
 
Essa não será a primeira experiência cinematográfica desse paulista de família alemã, que já teve 13 livros publicados em vários países, e mais de 14 mostras individuais na carreira. Em 1975, Klaus produziu um documentário captado em Super 8. "Artesanal, de surfe, chamado Terral, com 95 minutos", relembrou o fotógrafo.
 
Rio-Santos, que tem roteiro de Nina Crintzs, e produção da Primo Filmes, Academia de Filmes e Thevissen Film (de Colônia, na Alemanha), deve começar a ser filmado no início de 2014.
 
Paralelamente ao trabalho nos cinemas, o fotógrafo prepara o lançamento do livro de luxo Work/Klaus Mitteldorf , uma retrospectiva de 30 anos de carreira ilustradas com suas fotos em 360 páginas, em 11 capítulos sobre diferentes fases. Para celebrar o feito, uma exposição com 256 imagens irá ocupar os cerca de mil metros de espaço expositivo da FAAP, em São Paulo, a partir de 14 setembro, com imagens com inversão de layers no Photoshop, que criam a impressão de tridimensionalidade visual.
 
Klaus, que começou sua carreira na década de 70, como uma câmera Nikkormatic, filmes Kodak EPP e Tri-X (preto e branco), fez imagens históricas de momentos de skatistas na pista da Wave Park, da equipe DM Pepsi, e das primeiras descidas de "carrinho" na rodovia Rio Santos, que se tem notícia.
 
Com o surfe, foi um dos primeiros a criar suas próprias caixas-estanque de acrílico para fotos aquáticas e, por ser experimental, perdeu inúmeras câmeras durante sua experimentação. Foi o responsável pelas primeiras imagens de surfistas como Pepê , Paulo Tendas, Luis Sala Feio, Bruzzi, Maria Jones, Cheyne Horan e Rico de Souza, entre outros. Fotografou também para publicações internacionais como Surfer e Surfing, além de diversas publicações brasileiras.
 
Confira o teaser inédito e exclusivo: