Os Jogos ParaPan-Americanos de Lima começam hoje (23), e apelos para o incentivo ao esporte paraolímpico devem aparecer na sua timeline nos próximos dias. Vai ter textão de autoajuda, clichês piegas de superação e discursos de coitadismo. Nenhum deles sairá da boca dos esportistas porque eles odeiam coitadismo.
Os atletas brasileiros no ParaPan querem a sua atenção pelas suas façanhas. A elite nacional que está no Peru se preparou num centro de treinamento de cair o queixo. Fica em São Paulo e é um lugar que as pessoas pensam só existir no Canadá, na Dinamarca ou em países desses com fama de que tudo por lá funciona.
O centro de treinamento é grande a ponto de ser fácil se perder. A água da piscina é tão azul que ninguém consegue evitar a vontade de nadar. Ginásios existem aos montes. É normal sentir bolinhas passando zunindo nas sedes do tênis de mesa ou no tênis de quadra. O atletismo conta com um estádio.
Nos dias em que o UOL Esporte esteve por lá, chilenos olhavam boquiabertos a pista de corrida do complexo, localizado na rodovia dos Imigrantes, zona sul de São Paulo. Eles alimentavam grupos de WhatsApp com fotos de legenda em espanhol e emojis de espanto. Até a arquitetura do centro de treinamento é singular. Tem a cara futurista dos prédios que abrigam startups tecnológicas.
O centro de treinamento é habitado por gente diferenciada. Atletas que saem jovens de casa para apostar numa carreira esportiva. Agora pense se essas pessoas se consideram coitadinhos? Ser tratado assim até irrita. Quem sente pena acredita possuir algo que o outro não tem. E os esportistas não se acham menores em nada. A única diferença para a maioria dos brasileiros é que eles têm barriga definida e bíceps de super-herói. No mais, é tudo igual. Por isso, querem ser tratados pelo que são: atletas.