Como será o Corinthians-19?

Com Carille de volta e um homem de referência no ataque, qual a melhor formação alvinegra para a temporada?

Arthur Sandes e Marcello de Vico Do UOL

Por um novo (velho) Corinthians

Após a temerária reta final de 2018, o Corinthians foi obrigado a ir ao mercado para reformular seu elenco. A primeira (e principal) investida foi por Fábio Carille, que havia ido para a Arábia Saudita em maio e agora faz o caminho contrário. Para deixar o novo-velho comandante contente, a diretoria tem atendido aos pedidos feitos. Vários reforços chegaram e a expectativa é que o 2019 alvinegro se assemelhe tanto quanto possível com 2017

Até o momento, foram anunciados o volante Richard, os meias Ramiro e Sornoza e os atacantes André Luis e Boselli - além de Michel Macedo e Gustavo Mosquito, que já treinavam com o elenco ao final de 2018.

As contratações podem parecer modestas, mas formam um conjunto interessante. Mais do que isso, ajudam a tentar superar os erros de 2018. O Corinthians teve problemas de marcação e de armação, indo mal principalmente no jogo aéreo. No Brasileirão, por exemplo, foi o time que mais permitiu finalizações adversárias e também o que menos chutou. Muita coisa precisa mudar, e as contratações foram um avanço neste sentido.

Defensivamente, a aposta é na própria estratégia de Carille. Ofensivamente, Ramiro e Sornoza chegam para ajudar Jadson a combater a falta de criatividade, enquanto os atacantes têm missão de acertar mais o alvo: Boselli tem ótima média de gols na carreira, enquanto André Luis e Gustavo - que volta de empréstimo no Fortaleza, em que foi campeão brasileiro da segunda divisão - tiveram as melhores pontarias da última Série B. São peças que, juntas, podem ajudar bastante o Corinthians.

Arte UOL Arte UOL

Juca Kfouri: Ramiro é chave para Jadson poder criar

Apenas com cinco titulares do ano passado. Nova dupla de zaga porque Henrique, lento, e Léo Santos, ainda verde, não deram conta na última temporada. Na lateral-esquerda Carlos Augusto parece mais promissor que Danilo Avelar, de más recordações. No meio de campo, dois ladrões de bola como Ralf e Richard, este de bom passe. Ramiro pode ser o companheiro de que Jadson precisa para poder criar. E Boselli, enfim, um centroavante!

Rodrigo Mattos: sinto falta de zagueiros melhores

A formação do Corinthians sem dúvida melhorou em relação à temporada ruim de 2018, especialmente em termos de jogador de meio-campo e com a opção de centroavante com Boselli (boa contratação). Para repetir a fórmula vitoriosa de Carille em 2017, calcada na defesa forte, sinto falta de zagueiros melhores. E o ideal era ter mais jogadores de velocidade pelas pontas além de Romero e Pedrinho.

Perrone: falta solucionar carência na lateral esquerda

Com as chegadas de Richard e Ramiro, o Corinthians tende a evoluir bastante nos passes e desarmes. Sornoza deverá trazer para o meio-campo a criatividade que faltou no ano passado. Ele e Jadson podem formar uma dupla eficaz. Boselli dá ao time a referência na área que não existiu em 2018. A nova equipe está sendo moldada ao estilo de Fábio Carille, que retorna ao clube. Há jogadores versáteis, como Ramiro, e com potencial para fazer rápidas transições da defesa para o ataque e vice-versa. Falta solucionar a carência na lateral esquerda.

PVC: consistência defensiva e velocidade na transição são chave

Daniel Vorley/AGIF

À imagem e semelhança de Carille

O retorno de Carille tem como meta reorganizar o futebol do Corinthians. O treinador reencontra o clube muito diferente daquele que deixou há oito meses, por isso já falou em "fazer os jogadores entenderem a ideia de jogo" e, assim, implantar seu modelo de "organização e entrega". É como se quase tudo começasse do zero.

Ainda que a prioridade seja arrumar o setor defensivo, a principal mudança em relação ao ano passado é o centroavante. Desta vez, deve haver ampla concorrência, o que sugere a montagem de um time em torno do camisa 9.

Carille tenta montar o Corinthians em estilo próximo ao de 2017. Enquanto Fagner é uma arma importante, que torna o lado direito forte, Avelar é mais defensivo do outro lado - o treinador, porém, confia em recuperar o lateral esquerdo. Henrique é o favorito para o miolo de zaga, enquanto os demais zagueiros brigam por uma vaga. Os dois volantes ideais são Ralf e Ramiro, com Gabriel, Richard e Thiaguinho como opções enquanto Renê Jr. ainda se recupera de lesão.

A ideia é ter uma linha de três criadores de jogadas: Jadson no meio, com outro meia e um atacante pelos lados. Largam na frente André Luis, na direita, e Sornoza, na esquerda, mas as posições estão em disputa aberta: Pedrinho, Gustavo Mosquito e Mateus Vital podem ser acionados a qualquer momento - Clayson sofre com lesão e Romero está descartado se não renovar contrato. Na frente, Gustavo e Boselli disputam o comando de ataque.

O técnico nega ser o "salvador da pátria" no Corinthians, mas é desta forma que é visto pela torcida. Espera-se dele um time tão competitivo quanto o de 2017, mas é prudente esperar. Ele recebeu as peças que pediu, é verdade, mas montar o quebra-cabeça inteiro leva tempo e é a tarefa mais árdua da temporada alvinegra.

Rodrigo Coca/ Ag. Corinthians

Oito reforços, mas "só" R$ 20 milhões gastos

O Corinthians foi um dos clubes que mais se reforçou neste início de temporada, mas apenas metade dos oito contratados tiveram os direitos econômicos comprados. Richard e Sornoza foram tirados do Fluminense, enquanto André Luis veio da Ponte Preta e Ramiro conseguiu a liberação do Grêmio com projeto de pagamento futuro. Desta forma, o clube por enquanto gastou menos da metade dos R$ 42 milhões previstos em orçamento para contratações em 2019.

Confira os valores investidos:

André Luis (Ponte Preta) - R$ 1,5 milhão
Richard (Fluminense) - R$ 8 milhões
Sornoza (Fluminense) - R$ 10 milhões
Ramiro (Grêmio) - 3,5 milhões de euros (a serem pagos no futuro)
Manoel (Cruzeiro) - empréstimo
Michel Macedo - sem clube
Gustavo Silva - fim de contrato
Boselli - fim de contrato

Não é uma recuperação financeira. Muita gente fala, mas eu nunca vi o Corinthians quebrado. Como todo o país passou por um momento difícil, os clubes também passaram. Agora com mercado melhorando, tudo melhora. O Corinthians trabalha quieto, fazendo o que é possível, e com certeza teremos um time competitivo

Andrés Sanchez, sobre suposta "recuperação financeira" do Corinthians

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