Não sou super-herói

Elias, volante do Atlético-MG, revê a carreira que teve mais dificuldades do que você deve imaginar

Luiza Oliveira e Vanderlei Lima Do UOL, em Belo Horizonte (MG) Bruno Cantini/Atlético-MG

Elias é um volante que se destaca no futebol brasileiro há anos. Brilhou no Corinthians e no Flamengo, conquistou títulos, defendeu a seleção brasileira, jogou na Europa e hoje é um dos principais nomes do Atlético-MG, apesar de sua permanência na temporada não estar definida.

Marrento na visão de alguns, o Elias que a reportagem do UOL Esporte conheceu em uma entrevista de quase duas horas em sua casa, na região de Nova Lima, em Belo Horizonte, é diferente e muito mais complexo do que isso. É um homem que enfrentou batalhas para chegar onde chegou. O craque foi dispensado no Palmeiras após oito anos de base, sofreu com depressão, jogou na várzea para conseguir uma nova chance, se frustrou nas idas para a Europa, levou calotes, perdeu duas Copas por muito pouco...

E sempre teve forças para lutar por amor ao futebol e para perseguir os sonhos de criança que até hoje o motivam. Agora, ele fala sobre virtudes, inquietudes e fragilidades de uma pessoa comum que, por acaso, é jogador de futebol.

Bruno Cantini/Atlético-MG
Samerson Gonçalves/UOL

"Jogador de futebol também tem vida"

"As pessoas não entendem que jogador de futebol também tem vida, tem família, filho para cuidar... A gente leva filho na escola, às vezes para o hospital. Quer sair para jantar, tomar uma cerveja. Às vezes, a gente está passando por problemas em casa e isso afeta o que acontece dentro de campo. Não tem como. Tira a sua concentração.

Você é uma pessoa normal, comum, mas as pessoas não entendem. 'O cara jogou mal porque é ruim'. Não é porque é ruim. Às vezes, está passando por um momento ruim em casa, como todo mundo passa, mas é difícil conscientizar as pessoas. Torcedor é emoção, é paixão, quer ver seu time ganhar sempre e não tá preocupado com o lado humano do atleta. Acham que somos super-heróis.

Jogador tem que fazer gol, ganhar e ir embora. No outro dia, você tem que estar disponível de novo para correr mais 11 km e assim vai. Quando acaba um jogo de 11 km, eu pego o primeiro avião, vou pra São Paulo ver meus filhos e brincar com eles. É cansativo. As pessoas não sabem disso, mas é a vida que eu escolhi."

Para assistir ao vídeo completo da entrevista de Elias, vá ao canal do UOL Esporte no YouTube.

Depressão quase o tirou do futebol

Elias sempre foi identificado com o Corinthians, mas começou a carreira no Palmeiras. Foram oito anos na base do clube, o primeiro contrato profissional e aprendizados que carrega até hoje. Mas foi lá também que a vida lhe deu a primeira grande lição da carreira. Elias havia acabado de chegar ao profissional, aos 21 anos, mas foi dispensado.

"O contrato acabou e eles não quiseram renovar. Também não tive oportunidade profissional. Muito jogador passou no Palmeiras, não deu certo e foi para outras equipes. Eu não fujo disso. A gente tinha um bom time, campeão paulista sub-20, e esperava que, depois do título, pudesse ter uma oportunidade. Acabou não acontecendo", conta o jogador, que até tentou a sorte em clubes do interior, mas depois de algumas experiências ruins, ficou um ano desempregado.

Nesse momento, Elias enfrentou um processo de depressão. "Eu tinha um sonho, que era o da minha família também, de poder jogar futebol. Então, era difícil acordar cedo e continuar treinando à parte, sozinho, com meu tio, porque era ele quem me dava treino. Às vezes, não dava vontade de ir. Eu ficava em casa. Um período difícil, muito depressivo".

Meu tio me tirava da cama à base de porrada. Eu não queria sair de casa".

"Eu via muito jogadores que passaram pelo mesmo processo que eu e estavam começando a ter um destaque, enquanto eu estava parado. Sabia que tinha potencial. Era difícil você ver o pessoal jogando e eu desempregado, treinando sozinho. É complicado, é triste. Mas, graças a Deus, eu tive a minha família que, mesmo à força, me levava para treinar e estar preparado para quando tivesse uma oportunidade".

Fui buscar novos ares, arriscar minha carreira em outros lugares que eu não conhecia. Lugares com estrutura e política piores que as do Palmeiras. E acabei não dando certo. Foi um período difícil depois dessa transição de base e profissional. Fiquei um ano desempregado, sem clube

Elias

Quando estou passando por algumas coisas ruins, olho lá pra trás. Lembro daquilo que passei para que eu possa ter força. Eu batalhei, lutei. Não vai ser uma pedrinha que vai me derrubar porque eu já saltei uma rocha quando estava parado. Eu dou muito valor para esse período

Elias

Reprodução

Reviravolta veio no futebol de várzea

Sem chance em times profissionais, Elias decidiu atuar no futebol de várzea. Ele disputou a Copa Kaiser, torneio mais tradicional do futebol amador de São Paulo, por um time da zona norte da capital. Até hoje ele se orgulha daquele período.

"É uma responsabilidade grande, diferente. Quem joga várzea sabe como que é. Ainda mais em time assim de quebrada, de torcida. Eles são presentes, cobram igual a equipe profissional. Isso deu uma responsabilidade muito grande. Quando você entra em campo na várzea, está representando um bairro, uma comunidade. Tem que ter respeito, honrar a camisa".

Foi em uma dessas partidas amadoras que surgiu a oportunidade de fazer um teste no São Bento, time tradicional da cidade de Sorocaba. "Um cara estava acompanhando e perguntou se eu queria fazer um teste. Via que eu tinha potencial, sabia que tinha feito a base no Palmeiras. Eu fui. Todo esse período em que eu fiquei me preparando, em que meu tio me levava para treinar à força, foi importante porque eu cheguei no teste muito bem preparado, condicionado. Pude assinar um contrato profissional para jogar um Paulista, um torneio de primeira divisão".

Colombiano Rincón criou o Elias volante

Elias se tornou estrela como um volante habilidoso que chega com perigo ao ataque. Mas como o segundo atacante da base virou meio-campista? O colombiano Rincón, que também era um atleta ofensivo na juventude e foi recuado no auge da carreira, foi o maior responsável.

"No São Bento, encontrei o Rincón, que era treinador lá. Ele me aprovou já falando: 'Ó, vou ficar com você, só que você vai ter que mudar de posição. Eu já tenho vários atacantes e acho que você vai ser um bom meio-campo'.  Eu falei: 'Não tem problema nenhum. Quero jogar, quero estar no bolo e depois a gente vê'. E aí eu fiquei de meio-campo. Mas saí dali, fui para o Juventus e virei atacante de novo porque não ouvi o Rincón".

Mas outro jogador de meio-campo, Marcio Bittencourt, outro ex-Corinthians, mudou sua posição novamente. "Ele falou para eu ficar no meio-campo. Eu era mais um meia-armador, um meia-atacante. E aí continuei. No Corinthians eu sofri mais uma recuada. O Mano me contratou e pediu que eu atuasse um pouco mais atrás, mas que eu pudesse ter liberdade para chegar ao ataque".

O período como atacante ajudou a chutar de longa distância. Eu não tenho medo de chutar para o gol. O Ronaldo falava: 'Não tem que ter medo. Quem tem que se preocupar é o goleiro'. Eu penso assim. Às vezes, a gente erra, mas às vezes acerta

Elias

Daniel Augusto Jr./Ag. Corinthians Daniel Augusto Jr./Ag. Corinthians

Acho que fui o cara que mais perdeu dinheiro no futebol

Elias já foi chamado de mercenário por torcidas em clubes que defendeu. Mas, para ele, a realidade é oposta. "O que me move sempre foi a minha paixão pelo futebol. Claro, dinheiro todo mundo gosta de ganhar. É honesto. O seu salário é a valorização do seu trabalho. Só que antes disso é a minha paixão. Eu acho que fui o cara que mais perdeu dinheiro no futebol porque em todos os clubes que eu passei eu sempre deixei alguma coisa".

Elias conta que até hoje é alvo de moedas quando vai para Campinas enfrentar a Ponte Preta, fruto de sua saída do time campineiro para o Corinthians. Ele ainda levou calotes de clubes europeus, abriu mão de salários atrasados e aceitou receber menos para realizar metas da carreira.

"O que me move é o futebol, é o meu sonho, é aquilo que eu quero, o que eu busco. Tenho alguns sonhos ainda e, independentemente do que tiver pela frente, o que acontecer, eu vou em busca deles".

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Os perrengues de Elias

EFE

A. de Madri: 2011

"Todo mundo fala: 'você jogou no Atlético?'. Eu joguei no outro Atlético, não foi nesse. Aquele era um time difícil, cara. Um elenco que tinha acabado de ser campeão da Liga Europa, o pessoal já estava meio que extasiado, cansado e era muita briguinha interna. E não oferecia uma estrutura de qualidade. Atraso de salário. Eu saí com eles me devendo".

Divulgação/Sporting

Sporting: 2012

Elias deixou o Atlético de Madri e foi para o Sporting-POR. O time chegou à semifinal da Liga Europa no 1ª ano, mas no ano seguinte... "A gente teve dificuldades pela crise que Portugal vivia. O Sporting não pagava salários há dois, três meses. Havia uma crise política com a saída do presidente e isso atrapalha o desenvolvimento do futebol".

FABIO CASTRO/AE

Flamengo: 2013

Elias foi emprestado ao Fla em 2013. Conquistou a torcida, foi eleito craque do Brasileirão, mas saiu. Na época, falou-se que não teve negócio porque o Fla preferiu mensagens e não enviou representantes a Portugal. Elias nega. "O Flamengo não tinha dinheiro. Se teve um culpado, foi o presidente do Sporting, que não queria fazer negócio".

Rubens Cavallari/Folhapress

Corinthians: 2014

Elias voltou ao Corinthians em 2014, ganhou o Brasileirão em 2015 e saiu em 2016, para o Sporting. "O torcedor ficou bravo: 'Elias mercenário. Abandonou o time'. Não sou mercenário porque fui para ganhar menos. Se fosse, tinha ido para a China. Eu tinha um objetivo". Queria jogar a Liga dos Campeões, algo que aconteceu em suas passagens anteriores pela Europa.

Mowa Press/Divulgação

"Fui azarado em Copas do Mundo"

Quase todos os sonhos do menino Elias foram realizados, mas faltou um: disputar uma Copa do Mundo. "Eu fui um pouco azarado. Quando estava bem no Flamengo, em 2013, antes da Copa, o pessoal vinha falando lá no Rio que eu poderia ser chamado. O [médico José Luiz] Runco era da seleção e falou para me preparar porque o Felipão estava olhando. Mas, em janeiro, eu fui para o Sporting e fiquei sem jogar seis meses".

Elias tinha ido bem no Fla, mas quando o empréstimo terminou, o clube carioca não conseguiu compra-lo. E o Sporting fez jogo duro. "Eu fiquei muito triste porque vivia um bom momento. Tentei fazer com que o Sporting entendesse isso para dar sequência lá ou em outro lugar. Só que eu vi que o presidente estava muito duro na queda. Não sei por que, não sei o que aconteceu. Não me ouviu, me afastou, me deixou treinando no B e aí eu perdi todo aquele momento bom", lembra.

"Com certeza, se eu estivesse atuando no Sporting ou ido para outro clube, poderia ter ido para a Copa [de 2014]. Eu tive proposta do Valencia, ele não quis me vender. Poderia ter voltado para o Flamengo, ele também não quis me vender. Ele queria que eu tivesse ido para a China. Como eu falei, dinheiro não me move. É bom? É. Eu quero ganhar dinheiro? Quero. Mas, antes, eu quero estar atuando em um bom nível para que aí, sim, eu possa ganhar o dinheiro".

Isso se repetiu no ciclo seguinte, para a Copa de 2018 - ciclo que incluiu a volta ao Corinthians, a saída para o Sporting e um retorno, com adaptação difícil ao futebol brasileiro, para o Atlético-MG. "Fiz toda a preparação para a Copa, joguei a maioria dos jogos das Eliminatórias com o Dunga. O Dunga cai, assume o Tite, que é meu treinador. Na primeira convocação dele, eu estava machucado da costela. Fiquei dois meses sem jogar. Nesses dois meses, tiveram duas convocações e eu não fui em nenhuma. O time encaixou, o bonde passou, foi difícil correr atrás. E eu não consegui atingir um nível que o Tite exigia".

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"Não sou marrento. Sou gente boa, pô!"

Quem não me conhece, fala: "Pô, o Elias é muito chato. É muito mala, é marrento". Não é. Não sou marrento. É que eu sou tímido. Eu só falo com quem eu conheço. Com alguém que eu não conheço, não tenho o que falar. A pessoa fala, mas eu não tenho como retribuir

Elias

Todos os jogadores falam: "Caramba, joguei contra você. Tu era chato, cara. Marrento. Mas agora..." Perguntam porque eu sou assim. Eu falo que não consigo, sou tímido. É minha personalidade ser mais fechado. Mas eu falo: "Eu sou gente boa, pô!"

Elias

No Flamengo, um dos gols mais importantes da carreira

Alexandre Vidal/Fla Imagem

Homenagem ao filho no Fla foi "momento mais bonito da vida"

"Eu estava com meu filho internado com pneumonia", lembra Elias. Era 2013 e o Flamengo iria enfrentar o Botafogo pelas quartas de final da Copa do Brasil. O volante escondeu os problemas do clube e dos companheiros, mas quando entrou no estádio para aquela partida, começou a chorar. "Quando vi a camisa ali, porque era a camisa que o meu filho ia para os jogos, com meu número e meu nome, eu desabei".

Ninguém entendeu nada. O único que sabia do problema com o pequeno Davi era o goleiro Felipe, companheiro desde os tempos de Corinthians. Quando os companheiros souberam, veio o apoio. "Os caras falaram: 'Se você não quiser jogar, a gente vai entender, mas precisamos de você. Entra em campo e deixa que a gente corre por você'. E foi assim. Foi o pior jogo que eu fiz no Flamengo. Só que os meus companheiros se superaram, correram".

"Todo mundo só consegue dar 100%, mas esse dia cada jogador deu 110% para complementar aquilo que eu não deixei em campo. Minha cabeça estava em outro lugar. Quando a torcida soube, cantou o nome do meu filho: 'Davi, Davi, Davi'. Com o Maraca lotado, a gente já fica emocionado cantando nosso nome. Imagina cantando o nome do filho?"

Para Elias, foi um dos momentos mais bonitos da vida. "O nascimento dos meus filhos, o título brasileiro pelo Corinthians, porque era um sonho de criança, e esse momento da torcida cantando o nome do meu filho no estádio. Ele está com seis anos e eu falo: 'Daqui a dez anos você vai entender o que a torcida do Flamengo fez'".

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Elias explica por que o Atlético-MG não emplaca

"Nós, jogadores, temos nossas responsabilidades também. Assumimos isso. Só que existem outras coisas que vem atrapalhando o futebol do Galo. A gente está lá pra ajudar, pra mudar. Quando perguntam, eu dou as minhas opiniões pra que possa melhorar. Eu vejo no Atlético-MG um clube com potencial enorme pra ganhar título atrás de título. Tem estrutura e torcida pra isso. O torcedor é presente. Só que tem ainda um chip que precisa ser virado. Acho que as pessoas que controlam o futebol têm que botar a mão na cabeça e ver realmente o que o Atlético-MG está precisando. Quando eles encontrarem essa fórmula, o Atlético-MG vai ser vencedor como o seu rival é.

Eu falo pelo futebol. Prezo muito a questão de continuidade de trabalho. Estou há quase dois anos no Atlético-MG e tive cinco treinadores. É muito. Fiquei três anos no Corinthians e tive dois treinadores. Um saiu na primeira passagem porque foi pra seleção. E na segunda passagem, novamente saiu porque foi pra seleção. O Corinthians, em 2014, tomou 5 a 0 do Santos, num clássico, e o treinador não foi mandado embora. O Tite foi eliminado pelo Tolima na Pré-Libertadores e não foi mandado embora. O final disso foi o quê? Título mundial dois anos depois. Com o Mano, foi um bom trabalho, classificação pra Libertadores, com base pra equipe, pro Tite voltar e ser campeão brasileiro de novo. O Carille só manteve. É a mesma linha de trabalho. Há uma filosofia.

Eu acho que o Atlético-MG tem que buscar essa continuidade. É muito antes de mim. Já aconteceu antes com Aguirre, com o próprio Levir, que vinha fazendo um grande trabalho e foi interrompido. Nessa questão de futebol, eu posso opinar. Se perguntar pra qualquer jogador de futebol, ele vai falar: 'eu sou a favor da continuidade de trabalho, independentemente do resultado'. Só assim o treinador vai conhecer melhor o seu elenco e no outro ano você vai saber o que o seu elenco precisa pra melhorar, acrescentar alguma coisa porque a base já foi formada.

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"Estou muito feliz no Galo"

O fim de ano foi agitado para Elias. O jogador passou por um momento conturbado no time, recebeu vaias, mas melhorou seu desempenho no fim do ano, agradou a torcida e despertou o interesse do Internacional. O jogador manifestou o desejo de permanecer e renovar o contrato que vai até 2020. Mas as negociações com o Inter ainda estão abertas.

"Se você falar assim: 'Está feliz no Atlético-MG?'. Tô muito feliz. 'Você renovaria no Atlético-MG?'. Renovaria porque me dá toda a estrutura para que eu possa ganhar a Libertadores. Mas a gente não sabe. Eu pretendo jogar mais quatro, cinco anos de futebol".

Elias também não descarta encerrar a carreira no Corinthians, clube do coração: "Não sei se amanhã ou depois terei a oportunidade de voltar ao Corinthians. Mas se um dia eu voltar, é o clube em que eu vou parar. Cara, um clube com o qual eu me identifiquei muito, além de ser corintiano. Sempre falei que quero encerrar lá. Mas não depende da gente".

Pedro Souza/Atlético-MG Pedro Souza/Atlético-MG

Bolsonaro: "Não acho ele um democrata"

As manifestações políticas tomaram conta do país nas últimas eleições presidenciais e, no meio do futebol, muitos jogadores demonstraram apoio ao presidente Jair Bolsonaro. Elias foi um dos únicos boleiros que se mostrou contrário ao capitão, apesar de não ser radical.

"A minha forma de ver o Bolsonaro: não acho ele um democrata. Mas não sou aquele cara que vai torcer contra para falar: 'deu errado, tá vendo? A culpa é sua que votou no cara'. Não. Quero que o país dê certo. Torço para que ele consiga mudar o país para melhor, mas, caso não consiga, a gente vai estar lá para ser oposição, como a esquerda tem que ser".

Elias diz que entende quem faz a opção por Bolsonaro. "Muitos eram favoráveis ao Bolsonaro por questão de mudança. Muitos não entendem ou se preocupam com política. A maioria vai no embalo das outras pessoas. Mas acho que o povo clamava por mudança. Eu também clamo por mudança. Eu acho que do jeito que está não dá para ficar. O Brasil tem muitas qualidades que podem ser exploradas, outras coisas que podem ser melhoradas através da democracia".

A origem dessa consciência política é seu pai, Eliseu Trindade. "Ele sempre foi militante de esquerda. Hoje, é filiado ao PSTU. Eu falo: 'Você é muito extremo. PSTU é extremo'. Eu aprendi a ter essa base política com ele. Eu me vejo de esquerda porque eu penso muito no social, na igualdade de oportunidades porque eu passei por isso. Eu tive oportunidades e outras pessoas que cresceram comigo poderiam ter essas oportunidades e não tiveram".

Qual o futuro de Elias?

"Quando eu parar, vou continuar no futebol. Só não sei em que área. Se vai ser diretamente como treinador, auxiliar, sei lá, ou na gestão de equipes. Já estou começando a estudar, fazendo alguns cursos de gestão. Pretendo fazer de treinador.

Eu gosto de pesquisar, de ver o que está dando certo, qual a tendência. Eu gosto de fazer esses estudos. Li o livro do Guardiola, tenho o do Ferguson, que eu admiro muito. Eu dou os meus palpites quando solicitado. Às vezes, dá certo, às vezes, não.

É a experiência do futebol que eu adquiri durante todos esses anos. E fazendo aquilo que o Ronaldo sempre me falou: escutar mais do que falar. Eu escuto bastante, eu observo. Vejo o que é bom, às vezes vejo muita besteira e tento filtrar aquilo que eu posso usar no pós-carreira, seja como treinador, seja como gestor, seja como empresário. Não sei como, mas ligado ao futebol sempre vou estar."

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