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Aos 16, promessa do surfe brasileiro precisa esquecer medo do mar para chegar à elite

Filipinho faz festa na Califórnia após ganhar   a categoria pró-Júnior do US Open - Divulgação/Nike
Filipinho faz festa na Califórnia após ganhar a categoria pró-Júnior do US Open Imagem: Divulgação/Nike

Fernando Poffo

Em São Paulo

29/08/2011 07h07

O Brasil vive um momento único no cenário do surfe mundial, com uma geração que vem impressionando nas competições internacionais. No embalo dessa garotada, Filipe Toledo, de 16 anos, quer aproveitar a boa fase dos amigos um pouco mais velhos para pular etapas agora. O cartão de visitas ao mundo ele já mostrou ao vencer o US Open Pró-júnior, para surfista com até 20 anos.

Ah, tenho que melhorar. Ainda fica com medo em alguns lugares, se sei que é muito raso, com pedra ou coral no fundo. Pipeline e Teahupoo não dá. Na verdade, tem que dar, mas preciso passar bastante tempo na água nesses lugares e perder o medo

Filipe Toledo, com rara sinceridade e disposto a superar seus limites.

“Foi inacreditável a vitória no US Open. Eu nunca tinha sentido nada parecido, foi animal  mesmo e fiquei amarradão porque eu consegui  ganhar de todos os caras, dos queridinhos da América na casa deles. Mostrei que o Brasil bem e eles estão vendo que os brasileiros estão invadindo mesmo”, comentou o ubatubense, eufórico.

Filipinho assombrou os adversários em Huntington Beach, onde abusou dos aéreos para derrotar na final surfistas como o havaiano John John Florence e o norte-americano Klohe  Andino, que apesar de ainda serem novos já são consagrados e apontados como candidatos a figurar entre os tops do surfe mundial no futuro.

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  • Na luta para representar o Brasil no Mundial Sub-20, quatro vagas são pelo ranking sul-americano da categoria, que tem o pernambucano Ian Gouveia, à frente de Gustavo Machado, Deivid Silva e Filipinho, que tem como ameça o baiano Marco Fernandez, em quinto. Mais dois brasileiros com menos de 20 anos vão ao Mundial em razão do desempenho entre competições profissionais: Gabriel Medina e Miguel Pupo. Curiosamente, Ian e Miguel também são filhos de surfistas consagrados: Fábio Gouveia e Wagner Pupo.

 

Empolgado com a vitória, Felipinho luta para se manter entre  principais surfistas sub-20, mesmo tendo 16 anos, e precisa confirmar a partir desta segunda-feira, na Bahia, uma vaga no Mundial Pró-Júnior, que será disputado em janeiro na Austrália.

 “Hoje eu estou dentro, na quarta posição. Mas preciso reforçar meus pontos agora e me garantir nets etapa de Salvador, onde a onda é boa e forte. Já competi lá e ganhei um Brasileiro Amador na categoria Júnior. O mar é bom, só não pode ventar muito”, comentou Felipinho, mais do que escolado em competições e pronto para brilhar ainda mais no surfe mundial, especialmente depois que perder o medo de surfar em ondas como a temida Teahupoo, no Taiti, que faz parte do circuito mundial da elite, onde o surfista pretende estar já em 2013.  

“Mas estou novo ainda e vou procurar viajar mais para pegar base de tubo em ondas pesadas, em fundo de pedra e coral. Experiência em fundo de areia e em competição eu tenho, com seis anos eu fui vice-campeão paulista e nunca mais parei”, disse Felipinho, sempre incentivado pelo pai, Ricardo Toledo, bicampeão brasileiro de surfe. O ubatubense espera aproveitar bem o contrato que fechou com a Nike, que já tem em sua equipe os brasileiros Alejo Muniz, Gabriel Medina e Pedro Scooby, surfistas que viajam pelo mundo em busca de boas ondas e que passarão ater a companhia de Filipinho.