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Após polêmica, vice da CBSurf diz que pedirá afastamento de presidente

Guilherme Pollastri (esq.) e Adalvo Argolo (dir.), durante visita ao Instituto Gabriel Medina - Divulgação
Guilherme Pollastri (esq.) e Adalvo Argolo (dir.), durante visita ao Instituto Gabriel Medina Imagem: Divulgação

Gustavo Setti

Do UOL, em São Paulo

15/09/2018 04h00

O vice-presidente da Confederação Brasileira de Surfe (CBSurf), Guilherme Pollastri, entrará com pedido de afastamento do presidente da entidade, Adalvo Argolo, depois da decisão de não enviar a equipe brasileira para a disputa do ISA World Surfing Games 2018, que ocorre de 15 a 22 de setembro, no Japão. A competição distribuirá duas vagas por gênero nos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru, em 2019.

A CBSurf justificou o cancelamento da viagem em grupo de WhatsApp com os surfistas e alegou que a demora na obtenção dos vistos japoneses prejudicou o planejamento. “No final das contas, foi impossível a compra das passagens, a viabilização do hotel, da alimentação e também do transporte no Japão. O fato é que, hoje (quarta-feira), o sistema de compras de passagens do COB não encontrou voos que não fossem pelos Estados Unidos, mas, como nenhuma das três meninas (Larissa dos Santos, Gil Ferreira e Anne dos Santos) tem visto americano, nós não podemos ir para o Japão apenas com os homens”, disse a entidade.

Desde o começo deste ano, Pollastri se afastou da CBSurf por divergências e desavenças com Argolo. Agora, ele afirma que pedirá o afastamento do presidente ao Ministério do Esporte e, se não for possível, irá à justiça comum. O Ministério do Esporte declarou, via assessoria de imprensa, que "não tem ingerência nessa questão", porque "o princípio da autonomia das entidades desportivas está assegurado no art. 217, I da Constituição Federal".

"Tudo que eu levava para ele (Adalvo), ele era contra. Cansei de dar murro em ponta de faca. Aí resolvi me afastar da confederação e deixei ele tocando. Agora que deu esse problema, tive que me pronunciar. Minha ideia era ficar afastado, esperar a próxima eleição e me candidatar (o atual mandato termina no fim de 2020). Estou vendo formas jurídicas de tentar afastar o presidente, porque ele perdeu a legitimidade. O surfe e os outros esportes não aceitam mais esse tipo de administração centralizada, que ninguém vê mais conta, nem nada”, falou ao UOL Esporte.

“Já tivemos uma conversa agora com o ministro do Esporte (Leandro Cruz). Passamos a situação, ele já sabia e agora estamos estudando uma maneira de fazer uma intervenção para que o Adalvo seja afastado. Não é possível ele querer tocar a confederação trabalhando dessa maneira amadora e centralizadora”, afirmou.

Em contato com a reportagem, Argolo se mostrou surpreso com a decisão do vice-presidente da CBSurf. “Para mim, está sendo novidade. Ele que se afastou e sumiu, nunca mais fez contato, mas agora tive essa surpresa. Ele é uma pessoa que tenho consideração, é excelente profissional no ramo da advocacia e deve estar se aproveitando do momento para fazer um ato político. Vamos nos defender, como manda o estatuto”, declarou.

“Ele é um cara coerente, não acredito que ele faça isso, mas é direito de qualquer cidadão. Vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos, temos uma boa relação, criamos uma relação de amizade e espero que ele não tome essa atitude, porque não é positiva para o esporte. Não é no momento de fragilidade que o esporte está passando que faz isso, seja a ser incoerente, mas prefiro acreditar que não aconteça”, acrescentou.