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Brasileiro já deu "olé" em Federer, irritou o suíço e depois levou presente

Fábio Aleixo

Do UOL, em São Paulo

01/02/2017 04h00

No domingo, logo após Federer ganhar o Aberto da Austrália - o 18º título de Grand Slam da carreira - o ex-tenista Marcos Daniel publicou em seu perfil no Facebook os melhores momentos de um jogo memorável que teve contra o suíço em 2005, no ATP de Bangcoc e o parabenizou pela conquista taxando como "sensacional".

A partida foi a única entre os dois no circuito mundial e é guardada com carinho pelo gaúcho de 38 anos. Foi seu único encontro com Federer em mais de dez anos como profissional. E coisas inusitadas aconteceram naquele 28 de setembro na capital tailandesa.

Daniel deu "olé" em Federer com uma jogada de efeito, viu o suíço perder as estribeiras e arremessar uma raquete com violência no chão e no fim, como em um jogo de futebol, levou de presente para casa uma camisa do adversário. Só o placar que não lhe foi favorável: derrota por 2 sets a 0, com parciais de 7/6 (7/4) e 6/4.

O encontro aconteceu na primeira rodada da competição (equivalente a um ATP 500 na atualidade). Daniel era o 133º do ranking mundial e Federer o líder absoluto do ranking mundial. Ele ostentava uma invencibilidade de 26 partidas e chegava embalado pelos títulos do Aberto dos Estados Unidos e Wimbledon.

Mas o brasileiro fez um jogo duro do começo ao fim e acabou derrotado por detalhes. "Eu consegui jogar muito bem naquele dia, relaxado. Foi sensacional a oportunidade de ter enfrentado ele. O Federer vivia um momento excepcional que ninguém conseguia ganhar dele. Na hora senti uma emoção diferente. Deu um frio na barriga mesmo", contou ao UOL Esporte.

Logo no terceiro game, Daniel fez uma jogada que nunca mais conseguiu repetir na vida e é muito difícil de fazer, a chamada ziquizira (ou mexicana). Ao dar um voleio, a bola bateu na quadra de Federer e por causa do efeito acabou voltando para a sua própria e lhe garantindo o ponto. O suíço nem foi na bola, levou um "olé".

"Dar uma ziquizira já é incrível, imagina então no Federer", disse. "Vi que ele estava praticamente morto naquele ponto. Eu queria dar um tapa na curta na diagonal e acabou saindo impecável o voleio. Eu não iria correr risco desnecessário. A ideia era deixar a bola um pouco mais longa. Mas como ela saiu alta e com efeito acabou voltando. Acho que só em duplas, quando jogamos mais perto da rede, consegui fazer isso (risos)", lembrou.

Durante o jogo, com a dificuldade de se impor e cometendo erros bobos, o suíço fez algo raro de ser visto. No segundo set, após jogar para fora uma bola atirou com tudo a raquete no chão e até foi vaiado pelo público.
 
"Ele quase quebrou a raquete no segundo set de tão irritado. Imagina, o Federer jogando a raquete no chão em um jogo comigo... Ele estava bem frustrado", falou Daniel.
 
Para tornar aquele dia mais especial, o brasileiro conseguiu levar um presente para casa. Ao cumprimentar o suíço na rede, pediu uma camisa de recordação. Foi atendido no vestiário.
 
"Ele ficou surpreso, porque nunca tinha acontecido de um jogador pedir camisa para ele, é algo que quase nunca acontece no tênis. Lembro que um tempo depois o Federer deu uma camiseta para o Felicano López e perguntaram se era a primeira vez que acontecia. Ele disse que não e até contou o meu caso", disse Daniel.

"Eu tenho esta camisa guardada até hoje. Está tão bem guardada que preciso encontrar no meio das minhas malas porque acabei de mudar", completou.
 
O gaúcho quer agora um autógrafo do suíço na camisa, algo que não conseguiu há 12 anos. "Nem eu, nem ele pensamos nisso. Mas vou tentar ir ao Aberto dos Estados Unidos este ano e levar para ele autografar ou pedir para algum dos guris que jogam ainda pegar para mim", completou.

Brasileiro adora colecionar camisetas

A camisa de Federer não é a única que o brasileiro tem em casa. Ele já pediu para Rafael Nadal, Juan Martín del Potro, Matts Willander, Arnaud Clement e outros atletas contra os quais teve a chance de jogar.

"Vou fazer um espaço bacana na minha casa com estas camisetas, minha medalha de participação na Olimpíada (de 2008), a tocha que carreguei", contou.

O ex-tenista, que chegou ao 56º posto do ranking mundial, segue trabalhando com construção civil como o UOL Esporte mostrou em 2015. Ele é um dos proprietários da incorporadora Ligasul.