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País europeu mudará tradição secular por título de tenista em Roland Garros

Halep Reuters / Gonzalo Fuentes
Imagem: Halep Reuters / Gonzalo Fuentes

Brunno Carvalho

Do UOL, em São Paulo

14/07/2017 04h00

A tradição do nome de um mês homenagear uma pessoa de destaque é algo que vem de milênios. Julho e agosto têm esses nomes por causa dos imperadores romanos Júlio César e César Augusto. Em um país europeu, há uma tradição parecida, mas envolvendo os dias ao invés dos meses. Na Letônia, cada um dos 365 dias do ano é dedicado a homenagear até quatro nomes.

A extensa lista ganhará mais dois nomes este ano. E o motivo é o título da chave feminina de simples de Roland Garros. O feito da revelação Jelena Ostapenko, 20, fará com que “Jelena” e “Alona” façam parte dos homenageados do dia 18 de agosto. O primeiro nome entrará por razões óbvias, enquanto a curiosidade fica pelo segundo.

“Alona” era o nome que os pais de Ostapenko gostariam de ter colocado na filha. Ele, porém, não contava no tradicional “Calendário de Nomes” do país, o que causou, ao que tudo indica, um mal-entendido na hora do registro e fez com que a família optasse por “Jelena”, um nome com sonoridade semelhante na língua letã.

“Quando meus pais foram me registrar como Alona, eles não poderiam colocar esse nome no passaporte. Não havia esse nome no calendário. Eu tinha que ter um nome letão, algum que estivesse na lista. Então eles desistiram de Alona e colocaram Jelena”, explicou Ostapenko, em entrevista recente ao “New York Times”.

A proibição dos nomes fora do calendário é algo que gera discussão. O Consulado da Letônia no Brasil negou que haja uma restrição a nomes que uma criança possa ser registrada no país. O órgão confirmou que o nome “Alona” será incluído no “Calendário de Nomes” da Letônia.

Ao “New York Times”, Paula Pralina, do Centro de Linguística da Letônia, disse acreditar que possa ter havido um mal-entendido no momento em que os pais de Ostapenko a registraram.

"Calendário de Nomes" é festa tradicional na Letônia

Agora que “Alona” e “Jelena” foram incluídos, uma visita à casa da tenista no dia 18 de agosto será vista com bons olhos. “Diferentemente do aniversário, é comum que qualquer pessoa apareça à festa do dia do nome sem um convite”, diz a explicação presente no site oficial da Letônia.

No país europeu, o “Calendário de Nomes” é considerado uma festividade, com os nomes do dia sendo citados em programas de rádio e TV. A celebração tem relação secular com o calendário da Igreja Católica, e a lista tem até um dia reservado até para os nomes ausentes: 22 de maio.

Você pode conferir a lista completa do "Calendário de Nomes" clicando aqui.

Confusão fez tenista odiar o próprio nome

Jelena Ostapenko, durante participação em Wimbledon - REUTERS/Andrew Couldridge - REUTERS/Andrew Couldridge
Imagem: REUTERS/Andrew Couldridge

A impossibilidade de se chamar Alona incomoda Jelena Ostapenko até hoje. A tenista não esconde a insatisfação com seu nome de registro. “Todo mundo que me conhece me chama de Alona. Não gosto quando as pessoas me chamam de Jelena se me conhecem”.

Até mesmo a técnica de Ostapenko, a também tenista Anabel Medina, já sofreu com a confusão de nomes. “Houve algumas vezes que por erro a chamei de Jelena. Ela se virou e disse: ‘não me chame de Jelena!”, contou ao “New York Times”.

Ostapenko surpreendeu ao conquistar o título de Roland Garros ao vencer a romena Simona Halep por 2 sets a 1 na final. Em Wimbledon, a letã foi eliminada por Venus Williams, nas quartas de final, por 2 sets a 0.