Topo

Ele ficou em coma e tem diabetes, mas chegou à chave principal do US Open

Há cinco anos, Aragone ficou duas semanas em coma - Divulgação/Universidade da Virginia
Há cinco anos, Aragone ficou duas semanas em coma Imagem: Divulgação/Universidade da Virginia

Do UOL, em São Paulo

06/09/2017 04h00

Vencer ou não um jogo de tênis virou um detalhe na vida de Juan Cruz Aragone. Esse argentino naturalizado americano tem 22 anos e sempre sonhou ser um jogador profissional. Na semana passada, realizou um sonho ao disputar a chave principal do US Open. Algo que ganha proporções muito maiores diante de seu passado recente: nos últimos cinco anos, ele esteve em coma, ficou dois anos longe das quadras e descobriu ter diabetes.

Aragone tinha 16 anos quando decidiu fazer um tratamento contra acne. Um remédio causou uma reação adversa que atacou seus rins e seu fígado. Seu sistema imunológico estava prejudicando seus órgãos. O então adolescente ficou duas semanas em coma.

"Fiquei três ou quatro semanas sob cuidados intensivos e dois meses no hospital. Precisei de um ano e meio para me curar e ficar sem remédios. Dois meses depois disso, quando já estava bem, voltei a jogar tênis, mas só por diversão", contou ele ao "El Confidencial".

Aragone não sabia, mas essa seria só sua primeira grande batalha. Pouco depois, novo problema de saúde entrou em sua vida. "Comecei a me sentir muito mal, fiquei desidratado e tive dor de cabeça. Foi quando descobriram que sou diabético", revelou o americano.

Durante esse processo, Aragone sofreu para conseguir uma bolsa universitária como jogador de tênis. O problema autoimune o impedia de ficar exposto ao sol, o que complicou sua trajetória. Mesmo assim, a Universidade de Virgínia decidiu apostar no garoto. Ele não era o melhor do programa de tênis, mas a equipe era muito forte.

Nos estudos, optou por cursar Economia. No ano passado, durante o US Open, ele estava em Nova York trabalhando no banco JP Morgan e foi ao Grand Slam como espectador. Não podia imaginar que, um ano depois, receberia uma chance, no mínimo, improvável: disputar o qualifying do torneio norte-americano.

Aragone não tinha ranking para isso, mas foi avisado pelos organizadores que havia uma possibilidade. Ele, então, viajou com sua namorada para Nova York. Ficou dois dias esperando uma notícia e quando estava desanimando, seu convite para a chave eliminatória foi confirmado.

Foram três jogos pelo qualifying, e Aragone venceu todos. Durante as partidas, precisou controlar os efeitos da diabetes. "Tive que injetar insulina quatro ou cinco vezes durante o quali. Não querem que eu faça isso sozinho, então tenho que solicitar um tempo médico", explicou.

Obstáculos superados, o americano estava na chave principal do US Open. Estreou no Grand Slam como profissional diante do sul-africano Kevin Anderson, que venceu facilmente em três sets. Para Aragone, no entanto, cair na primeira rodada não foi um sofrimento. O fato de estar lá já significou muito. Não faltaram dificuldades nem triunfos até esse jogo.