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Vitória sobre Serena rende bolada a Osaka e abre debate sobre miscigenação

Naomi Osaka na final do U.S. Open - AP Photo/Adam Hunger
Naomi Osaka na final do U.S. Open Imagem: AP Photo/Adam Hunger

Bloomberg

14/09/2018 13h04

(Bloomberg) -- Ao vencer o Aberto do EUA, na semana passada, Naomi Osaka conseguiu algo mais que a maior premiação do tênis (US$ 3,8 milhões, ou cerca de R$ 15,8 milhões) e uma bolada em acordos de patrocínio. Ela agora é alvo de debate sobre identidade nacional e racial no mundo das estrelas do esporte internacional.

A vitória da jogadora de 20 anos sobre a ex-número 1 Serena Williams em sua primeira final de Grand Slam foi um marco do tênis. A conquista lançou Osaka ao estrelato imediatamente como um novo rosto com apelo internacional, especialmente para os anunciantes sedentos por atingir um público mais jovem e diversificado. A mãe de Osaka é japonesa e o pai, haitiano-americano.

As discussões pelo fato de Osaka ser metade japonesa continuam rendendo nas redes sociais do país, mas não parecem diminuir sua popularidade, já que a cobertura televisiva e os patrocínios continuam chegando.

Embaixadora global

Dias após o título, a Nissan Motor anunciou um contrato de três anos para transformar Osaka em "embaixadora global da marca". A Citizen Watch afirmou que entregou um bônus a ela, e o canal de TV a cabo Wowow anunciou que a audiência da final feminina do Aberto dos EUA deste ano no Japão foi nove vezes superior à do ano passado.

Horas depois de brincar sobre as celebridades pelas quais é apaixonada e de ganhar uma TV grátis no programa de Ellen Degeneres, transmitido nos EUA, Osaka pousou em Tóquio. No mesmo dia, foi entrevistada pela emissora estatal NHK. Depois, deu nova entrevista diante de um mural com logotipos da Nissin Food Holdings, a fabricante de macarrão instantâneo seco que patrocina Osaka e o compatriota Kei Nishikori, 12º colocado no torneio masculino.

A atenção e os patrocínios no Japão não são inéditos para um atleta birracial. Yu Darvish, arremessador titular do Chicago Cubs, tem mãe japonesa e pai iraniano. Outro exemplo é Louis Okoye, defensor externo do Rakuten Golden Eagles, da liga de beisebol profissional do Japão, que tem pai nigeriano e mãe japonesa.

Ainda assim, o número de atletas profissionais no país não nascidos de dois pais japoneses é pequeno. E muitos no país se referem aos residentes com pai ou mãe estrangeiro não como "metade japoneses", mas apenas como "metade".

Depois das aparições na imprensa com a NHK e a Nissin, na quinta-feira, Osaka foi à sede da Nissan em Yokohama para um evento de mídia a respeito de seu patrocínio. Em conversa com jornalistas após bater bola em uma quadra improvisada com o vice-presidente sênior da Nissan, Asako Hoshino, o assunto passou para sua nacionalidade e para sua raça. Em meio ao turbilhão de partidas sob forte pressão, entrevistas e negociações de patrocínio, essa é uma questão sobre a qual ela não refletiu.

"Para mim, essa simplesmente sou eu, então quando alguém me faz uma pergunta assim me deixa desnorteada, porque realmente me obriga a pensar a respeito", disse. "Eu apenas penso, eu sou eu."

--Com a colaboração de Ma Jie e Ayaka Maki.