15/09/2004 - 17h34 Brasileiros lamentam crise no tênis, mas mantêm boicote SÃO PAULO (Reuters) - Os principais tenistas do Brasil estão dispostos a manter o boicote à Copa Davis, mesmo com o país perto da terceira divisão. Gustavo Kuerten, Flávio Saretta e André Sá aguardam a saída do presidente da CBT, Nelson Nastás, para voltar, nem que seja para disputar a "quarta divisão" do torneio. A equipe brasileira foi convocada na terça-feira pelo novo capitão, Carlos Alberto Kyrmair. Ronaldo Carvalho (439 no ranking de entradas da ATP), Alessandro Camarço (541), Leonardo Kirche (691) e Gabriel Pitta (734) enfrentam o Peru em Brasília, de 24 a 26 de setembro, e, se perderem, o país cai para a terceira divisão. "É a última coisa que a gente gostaria que acontecesse, mas as chances são grandes. É complicado ver isso, só que a escolha foi nossa, a gente já sabia das consequências", disse André Sá na quarta-feira. Para o confronto contra os peruanos, até os juvenis recusaram a convocação. "O que pesou foi a disputa ser aqui no Brasil, dá para entender", completou Sá. Guga disse que volta a jogar pelo Brasil assim que Nastás sair. "Jogamos até a quarta divisão, não tem problema. A gente só quer que as mudanças aconteçam. Foi um ano conturbado para o tênis brasileiro. Esperamos que o presidente saia o mais rápido possível", disse o número um do Brasil. Saretta afirmou que atualmente não existe mais vontade dos tenistas em disputar a Copa Davis. "O momento do tênis brasileiro não é nada bom, é triste para a gente. Hoje em dia não tem mais aquele gostinho em jogar a Davis", disse o paulista. "A gente só volta a jogar quando o presidente sair". SEM RIVALIDADE Os tenistas brasileiros se prepararam para disputar o Tênis Espetacular no ginásio Ibirapuera, em São Paulo, contra os jogadores argentinos Gaston Gaudio, Mariano Zabaleta e Juan Ignacio Chela. Os seis estão divididos em dois grupos de três. O Grupo A tem Guga, Zabaleta e Sá e o Grupo B, Gaudio, Saretta e Chela. Eles se enfrentam entre si pelo sistema de todos contra todos, de quarta a sexta-feira, e os campeões de cada grupo fazem a final no sábado. "Vamos, acima de tudo, curtir o momento e divertir o público. O tênis argentino evoluiu bastante e está em seu melhor momento", disse Guga. "É bom jogar no Brasil, com a família e amigos perto", acrescentou Saretta, que mora em São Paulo. Segundo ele, no tênis não há a mesma rivalidade de Brasil e Argentina no futebol. "Nós somos amigos, saímos para jantar juntos. Todo mundo aqui vai estar se divertindo, mas com vontade de ganhar". Nesta quarta-feira jogam Sá x Zabaleta e em seguida Saretta enfrenta Gaudio, atual campeão de Roland Garros. Na quinta-feira Saretta pega Chela e Guga estréia contra Zabaleta. A programação segue na sexta-feira com Gaudio x Chela; e Guga x Sá. (Por Tatiana Ramil) |