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O açougueiro que virou vegetariano está virando lenda do triatlo no Havaí

Lange venceu as últimas duas edições do Mundial de Ironman, no Havaí - Al Bello/Getty Images for IRONMAN
Lange venceu as últimas duas edições do Mundial de Ironman, no Havaí Imagem: Al Bello/Getty Images for IRONMAN

Do UOL, em São Paulo

20/10/2018 04h00

Patrick Lange está se tornando uma lenda do triatlo. Atual bicampeão mundial do Ironman, o alemão não só faturou o segundo título de forma consecutiva, como destruiu o recorde anterior da prova, que também era dele. E tudo isso baseado numa alimentação sem carne e sem álcool e em truques mentais que o ajudam no principal desafio do triatlo na temporada.

Para quem trabalhava num açougue quando jovem, a mudança para uma dieta sem carne foi natural, de acordo com o triatleta. Seu tio é o dono do açougue até hoje, e Lange o auxiliava quando era menor. Uma de suas funções era ajudar a matar os porcos cuja carne era vendida no estabelecimento.

Patrick Lange pede a namorada Julia Hofmann em casamento logo depois de vencer o Mundial de Ironman, no Havaí - Nils Nilsen/Getty Images for IRONMAN - Nils Nilsen/Getty Images for IRONMAN
Lange pediu a namorada em casamento logo depois de cruzar a linha de chegada
Imagem: Nils Nilsen/Getty Images for IRONMAN

“Meu tio tem um açougue, onde eu trabalhava durante as férias e fins de semana e sacrificava porcos. Qualquer um que um dia visitar o interior de um abatedouro poderá virar vegetariano rapidamente”, afirmou ele ao jornal alemão “Frankfurter Rundschau”.

Lange adotou a dieta sem carne em 2011, quando já se dedicava ao triatlo. Ele diz que só precisa de suplementos específicos na fase final de treinos para o Mundial de Ironman, disputado em Kona, no Havaí, sempre no fim do ano. O alemão também recorre à vitamina B12 por culpa de uma característica genética que afeta sua absorção de ferro.

De resto, Lange conta que se alimenta de grãos, verduras, legumes e frutas. Só toma leite de amêndoa e iogurte à base de soja. Cerveja só de trigo, e sem álcool. Foi com essa dieta que, neste ano, ele estabeleceu um recorde capaz de surpreender especialistas e atletas.

Depois de ficar em terceiro lugar em 2016, no ano seguinte Lange venceu pela primeira vez o Mundial do Ironman, no Havaí, com o tempo de 8h01min40s. A marca anterior era de 8h03min56s, estabelecida em 2011 por Craig Alexander.

Na semana passada, Lange chegou com a expectativa de baixar ainda mais esse tempo. A meta era superar a barreira das oito horas. Ele foi além. Especialista em corrida, completou os 3,8km de natação, 180km de ciclismo e 42km de corrida em 7h52min39s, batendo seu próprio recorde em cerca de nove minutos.

Em 2017, Lange disse que enfrentou as dificuldades da prova usando uma artimanha: “Na última parte da maratona, eu me concentrei no helicóptero que nos acompanhava para ignorar os aspectos emocionais”.

Neste ano, sua motivação era outra. Ele decidiu que se conseguisse bater o recorde pediria sua namorada em casamento. E foi o que Lange fez logo depois da linha de chegada, ajoelhando-se depois de reforçar sua condição de referência do triatlo e atualizar os limites do Ironman.