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PM que denunciou ministro diz que apresentará provas à Polícia Federal, nesta quinta-feira

PM diz que gravou conversa com Orlando Silva "na calada da noite". - Folha.com
PM diz que gravou conversa com Orlando Silva "na calada da noite". Imagem: Folha.com

Camila Campanerut e Maurício Savarese

Em Brasília

18/10/2011 16h35

Líderes da oposição fizeram uma longa reunião com o PM João Dias Ferreira, que denunciou corrupção no Ministério do Esporte, dirigido por Orlando Silva. Em um trecho de sua conversa, Dias Ferreira também se defendeu:

"Não sou bandido, sou polícia", disse o PM.

João Dias disse que apresentará provas contra o ministro Orlando Silva nesta quinta-feira (20/10), durante depoimento na Polícia Federal.

"Falei agora por uma questão de mídia. As denúncias feitas agora têm impacto devido à Copa do Mundo. Foi estratégico isso", explicou o PM. "Tenho gravação de uma conversa mantida em reunião, em 2008, na calada da noite, no sétimo andar. O encontro foi entre 21h e 23h", revelou o PM.

Em reunião com líderes da oposição no Senado, o PM  João Dias afirmou que "está sendo ameaçado e perseguido".

Em outro trecho de sua conversa com os deputados e senadores de oposição, o PM pediu para “que o ministro evite continuar mentindo".

"Não estou aqui para enfrentar o ministro. Ele tem liberdade para fazer o que está fazendo.Só não tem o direito de atacar as pessoas", disse o denunciante.

Presente à reunião com João Dias, o  líder do Democratas na Câmara, o deputado ACM Neto (BA), disse que o PM "tem provas materias contra o ministro e sua gestão à frente do ME". O deputado não deu mais detalhes sobre os documentos que o denunciante teria contra o ministro.

A oposição queria que o policial, que já está envolvido em processo de emissão de notas fiscais frias e foi preso na Operação Shaolin, falasse em uma  das comissões do Senado, mas os governistas impediram o convite.

ACM Neto disse que Orlando Silva "está jogando para a plateia ao se apresentar a duas comissões da Câmara". "Nós queremos que o denunciante mostre ao Brasil o que mostrou aos quatro partidos de oposição", disse o deputado democrata, sem detalhar as supostas provas da denúncia.

Questionado sobre o fato de ainda não ter apresentado publicamente as provas contra o ministro, João Dias disse: "eu não vivo de política. Preciso me resguardar". Diante da suposta ameaça, o PSDB encaminhou pedido ao Ministério da Justiça, solicitando proteção policial ao denunciante.

Na época da conversa entre João Dias e Orlando Silva, o ministro do Esporte era o atual governador do DF, o petista Agnelo Queiroz. Na época, Orlando Silva era secretário executivo do ministério. 

Os governistas também conseguiram derrubar o convite para que o ex-ministro Agnelo Queroz fosse explicar o envolvimento dele no caso.

Na opinião do líder do governo, Cândido Vacarezza (PT/SP), o depoimento de Orlando Silva "foi sólido e esclarecedor". Vacarezza disse também que a presidente Dilma Rousseff foi informada da reunião entre os deputados e o ministro do Esporte. " A presidente mantém total confiança no ministro Orlando Silva", disse o deputado.

O ministro Orlando Silva foi convidado também a prestar esclarecimentos no  Senado nesta quarta-feira (19), em mais uma sessão de defesa contra as mesmas denúncias de corrupção em seu  ministério. A sessão deve começcar às 14h.