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Pôquer comemora "aval" do governo e agora quer regulamentação da atividade no país

Pôquer consegue uma vitória política importante e agora vai tentar a regulamentação da atividade - Paulo Basso Jr./UOL
Pôquer consegue uma vitória política importante e agora vai tentar a regulamentação da atividade Imagem: Paulo Basso Jr./UOL

Gustavo Franceschini

Do UOL, em São Paulo

03/02/2012 14h00

O pôquer está no calendário esportivo nacional. Desde a semana passada, os praticantes e simpatizantes do famoso jogo de cartas comemoram o “reconhecimento do esporte”. O governo e a confederação da modalidade sabem que não é bem isso, mas depois do “aval” do Ministério do Esporte, a CBTH (Confederação Brasileira de Texas Hold’Em) quer a regulamentação definitiva da atividade.

“O pôquer foi reconhecido como esporte no ano passado pela IMSA [Associação Internacional de Esportes da Mente, na sigla em inglês]. Só que só agora as pessoas tiveram o entendimento. Para nós é motivo de muita comemoração. No Brasil, o pôquer foi associado ao jogo de azar e nós, da primeira geração dessa atual onda, sofremos muito preconceito”, disse Igor “Federal” Trafane, presidente da CBTH, que reúne sob seu guarda-chuva todas as modalidades do jogo de cartas (Texas Hold'Em é o nome da mais famosa delas).

A comemoração a que se refere Federal tem a ver com a inclusão da CBTH no Calendário Esportivo Nacional (CEN). O Ministério do Esporte, consultado pelo UOL Esporte, informa que não tem o poder de reconhecer esporte algum e que a entrada na lista acontece com toda entidade que cumpre os requisitos exigidos pelo órgão federal.

Federal, ainda um jogador profissional além de “cartola”, explica que os países (o Brasil entre eles) são signatários de um acordo que respeita a Sport Accord, órgão que reúne todas as entidades esportivas do mundo. Abaixo dela estão divisões que organizam o esporte em modalidades coletivas, náuticas, de combate e, entre elas, a dos esportes da mente.

Em 2010, depois da criação da Federação Internacional de Pôquer (IFP, na sigla em inglês), a IMSA aprovou a inclusão do pôquer na lista de esportes que ela agrega, que ainda possui xadrez, damas e bridge. A entrada formal deve acontecer em breve e depende apenas de entraves burocráticos.

Diante disso, o Ministério do Esporte fez apenas aquilo que lhe compete, que é avalizar a confederação. A CBTH entende que a inclusão no calendário nacional permite que o pôquer pleiteie benefícios concedidos pela pasta a outras modalidades. Auto-suficiente financeiramente, o esporte quer aproveitar o espaço para outra coisa.

“A regulamentação do pôquer é uma matéria nova no Brasil. Queremos dialogar com o governo para saber, por exemplo, como tributar a atividade. Como se pode operar o pôquer no universo online? Queremos saber como os pequenos clubes de todo o país devem se posicionar em questões operacionais.”, adianta Federal.

A caracterização do pôquer como um jogo de azara, para o dirigente, é coisa do passado. “Isso foi resolvido em 2009 e 2010, quando essa foi a nossa grande briga. Qualquer um pode contestar o que quiser, é claro, mas no âmbito legal, já mostramos que não podem nos qualificar como jogo de azar. Isso foi debatido em diversas comarcas e instâncias pelo país. Reunimos documentos de universidades, conseguimos decisões favoráveis e acho que isto está superado”, conclui Federal.