Brasileira do polo que trocou de país era "flertada" pela Itália há meses
Revelação do polo aquático do Brasil e segunda melhor atleta do mundo em 2015, Izabella Chiappini decidiu na semana passada que a partir de agora defenderá a seleção italiana, abrindo mão da equipe nacional. A decisão é recente, mas o namoro era antigo. Os contatos da Federação Italiana de Natação com a jovem de 21 anos foram realizados antes mesmo da Olimpíada do Rio de Janeiro, em agosto.
A primeira aproximação foi em junho, durante a Superfinal da Liga Mundial, na China. "A comissão técnica italiana contatou o meu pai (o assistente técnico da seleção feminina Roberto Chiappini) e quando souberam que eu tinha passaporte italiano perguntaram quais eram os meus objetivos ao final dos Jogos Olímpicos no Rio-2016. Mostraram muito interesse que eu mudasse de nacionalidade", afirmou Izabella ao UOL Esporte.
Após os Jogos, ela amadureceu a ideia e o primeiro passo foi se mudar para a Itália. Foi defender o Messina em um dos campeonatos mais fortes do mundo e está se destacando. Já foi chamada para dois training camps como convidada, mas só depois do dia 19 de agosto - quando se completa um ano de sua última partida pela seleção brasileira - poderá defender oficialmente a sua nova pátria.
Izabella diz que foram vários os motivos para optar pela mudança e abandonar a seleção brasileira, mas a falta de apoio à modalidade no país acabou sendo determinante. "Infelizmente o esporte feminino no Brasil ainda tem muitas dificuldades em todos os aspectos", disse.
Responsável pela seleção, a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) esteve ciente da aproximação italiana desde o começo e não impôs nenhum tipo de barreira para a sua principal joia deixar o país.
Ricardo Cabral, coordenador de seleções, inclusive mostrou certa resignação e reconheceu que não teria como manter Izabella defendendo o Brasil.
"Izabella sempre foi uma jogadora diferenciada, acima da média e sabíamos que a qualquer hora ia aparecer um convite. Já era claro que essa ida dela para a Itália iria acontecer e demos força. Não pode pensar duas vezes. O foco dela é o polo aquático e tem que estar na Europa, onde estão as grandes potências. O polo aquático é difícil no Brasil. Não temos nada para oferecer, infelizmente. Os investimentos diminuíram bastante depois da Olimpíada", afirmou ao UOL Esporte.
Em relação ao ano passado, a CBDA perdeu apoio do Bradesco e da Sadia. Apenas os Correios seguiram, mas com uma redução drástica da verba. A queda no orçamento foi quase de 75%.
Apesar disso e de um exemplo como o de Izabella, Cabral diz não acreditar em uma debandada de mais jogadoras.
A troca de nacionalidade no polo aquático é algo muito comum. A seleção brasileira masculina, por exemplo, contou na Olimpíada com seis atletas nascidos fora do país, sendo que dois: o sérvio Slobodan Soro e o croata Josip Vrlic trocaram de nacionalidade exclusivamente para os Jogos e receberam salário da CBDA.
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