Topo

Atletas se posicionam e falam em vergonha após prisão de Nuzman

Nuzman teve R$ 1 bi bloqueado por ordem do juiz federal Marcelo Bretas - Ricardo Moraes/Reuters
Nuzman teve R$ 1 bi bloqueado por ordem do juiz federal Marcelo Bretas Imagem: Ricardo Moraes/Reuters

Do UOL, em São Paulo

05/10/2017 12h49

A prisão de Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, fez com que diversos atletas se manifestassem. Alguns chegaram até a falar que não tinham mais orgulho de ter representado a entidade em Jogos Olímpicos.

Veja abaixo as manifestações:


Joanna Maranhão (nadadora)

Será que vai sobrar um? Um cartola que não tenha feito coisa errada? Só um? Vou embora nadar, melhor que faço. Corrupção estou fora, pego minha touca e vou embora. Vou sentar meu rabo e vou estudar, que é o único jeito. Procurar um emprego direitinho, não está dando não. Nunca mais vou falar que fui para quatro Olimpíada com orgulho. Olimpíada dentro de casa? Roubaram para trazer para cá. P... que pariu. Cogitando, seriamente, pegar meu marido e ir embora para Alto Paraíso, ficar dando aula e viver com pouco dinheiro nas cachoeiras. A humanidade deu errada. Essa transição planetária está demorando demais, vai dar merda, não vai sobrar nada. Um país com a desigualdade social como a nossa, não deveria ter como prioridade sediar eventos esportivos de grande porte. Imensa hipocrisia de minha parte falar isso agora depois de ter participado de jogos pan americanos, jogos mundiais militares e jogos olímpicos dentro do Brasil. Errei. Meu desejo não deveria ser maior do que o bem coletivo. E não dá pra gente falar em tamanho de estado, liberalismo econômico e/ou meritocracia enquanto tem gente passando fome. Você pode escolher o lado que for dessa polarização toda, não importa, é vergonhoso demais. Existem pessoas maravilhosas trabalhando no comitê olímpico, não vamos generalizar. O problema é o que sistema não permite que essas pessoas tomem a frente da gestão esportiva nesse país. Imaginar que a gente comemorou quando o Brasil se tornou sede e tudo isso era fruto de um esquema. Que vergonha, que vergonha. Um presidente que tinha 480 mil reais na cabeceira e barras de ouro.  Tem que recomeçar, tem que aliar carreira esportiva com carreira acadêmica, não há outra saída. Retorno monetário não pode ser a única forma de um atleta de alto rendimento se manter e trabalhar transição de carreira. Queira você pegar exemplo de Cuba ou Estados Unidos, tanto faz, escolhe aí...dois modelos econômicos distintos e duas potências esportivas. O que tem em comum? Atletas treinam e atletas estudam. Não irei entrar no mérito do que é melhor ou pior, a gente tem que concordar que dessa forma não funciona. Se não tem dinheiro pra bolsa atleta, que o corte seja feito na de quem tem outra fonte de renda (clubes, patrocinadores). É desumano cortar auxílio de quem recebe 300/500 reais de bolsa atleta e ainda ajuda no orçamento familiar. A gente precisa rever essas prioridades. Vamos repensar o esporte no Brasil. Todo mundo. A gente vai ter que se unir, apesar das diferenças.

Jadel Gregorio (ex-saltador)

O primeiro da fila de vários já foi pego. Vamos aguardar os próximos. Agora, tem muito malandro se coçando. Nada como ser livre não?

Diogo Silva (ex-lutador de taekwondo)

E aí polícia, essa é a cara do verdadeiro bandido brasileiro (ao mostrar foto de Nuzman). Demora, mas chega.

Nalbert (ex-jogador de vôlei)


Estarrecedor isso tudo!! Pobre esporte brasileiro. A mudança não deve ser só de pessoas e sim de estatutos e do sistema inteiro

Magic Paula (ex-jogadora de basquete em entrevista à ESPN Brasil)

É um mal necessário, triste para o esporte olímpico, mas talvez seja a hora de mudanças estruturais . Não adianta prender um ou outro se não mudarmos a estrutura, a forma de como lidar com o esporte. Começa um novo ciclo, uma nova etapa. Eu acho que acabou sendo um tiro no pé (a organização dos Jogos do Rio), acho que batalharam tanto para ter a Olimpíada e no final desvendaram um monte de coisas que já imaginávamos. Chegou a hora de se unir, assim como a classe artística faz. A classe dos atletas é muito quieta às vezes. Tem que aproveitar. Esse é o grande momento.

Lipe Fonteles (jogador de vôlei em entrevista ao UOL Esporte)

Qualquer fato de corrupção tem que ser punido, se provado alguma coisa. Minha opinião é bem clara: tudo que tiver de errado tem que ser averiguado e resolvido. Se tiver errado dentro da Confederação, tem que ser resolvido, independentemente se for Nuzman, Ary Graça. Do jeito que veio a público, se for provado alguma irregularidade, tem que ser punido. A minha profissão, o meu trabalho, não tem nada a ver com o que o cara fez de errado. Não tenho nada a ver com o que ele fez, nada disso afeta, continuo trabalhando com orgulho. Se tiver oportunidade de representar meu país novamente na olimpíada, vou representar sem problema. Não tem nada a ver com a papagaiada que esses caras fizeram.

Fernando Meligeni (ex-tenista)


As coisas demoram. Às vezes mais do que imaginamos. Mas elas acontecem. Mais de um neste momento com medo de ser o próximo.

Hugo Hoyama (ex-mesatenista em entrevista ao UOL Esporte)

Complicado né (essa prisão), uma pena passar por isso. Espero que não (prejudique o esporte), pois os atletas tem que continuar treinando, e a ajuda para eles têm que continuar. Claro que tudo tem que ser muito bem investigado, e os culpados punidos. Se fizermos as coisas com clareza, honestidade, não há como sujarmos a imagem. Por isso falo que temos que tomar muito cuidado, pois os atletas também são "penalizados " com problemas como esse

Uma boa gestão com certeza (como avalia a gestão do COB). Se importando também com a base, investindo nos jogos escolares.

Gustavo (ex-jogador de vôlei)

Mudança no sistema mas principalmente nas pessoas que administram. Ninguém é “obrigado” a corromper. Corrompe porque quer.

Fernando Reis (atleta do levantamento de peso em entrevista ao UOL Esporte)

O que posso falar é da minha confederação que é uma bagunça. Presidente não presta contas e o COB também, não faz nada. Vamos ver no que vai dar. Tem de revolucionar o esporte no Brasil. Do jeito que está, não vai a lugar nenhum