Topo

Votação no COB abre mais espaço a ex-atletas que a esportistas em atividade

Tiago Camilo preside a Comissão de Atletas do COB - Emir Incegul/IJF
Tiago Camilo preside a Comissão de Atletas do COB Imagem: Emir Incegul/IJF

Demétrio Vechiolli e Leo Burlá

Do UOL, em São Paulo e no Rio de Janeiro

07/12/2017 07h28

O primeiro passo foi dado: a partir da próxima assembleia, 12 atletas terão direito a voto no Comitê Olímpico do Brasil (COB). Muita coisa, porém, ainda precisa ser ajustada, a começar pela representatividade desses esportistas.

Hoje, o grupo é composto pelos mais votados para a formação da Comissão de Atletas, realizada pela internet no começo deste ano, quando só 170 dos 622 esportistas com direito a voto participaram do pleito. E isso gera algum desconforto. Afinal, há membros que só recebeu quatro votos e, mesmo assim, terá o direito de participar das decisões mais importantes do esporte olímpico brasileiro.

Em uma eleição que inicialmente aconteceu para escolher 15 membros de uma comissão que, por sua vez, indicaria uma pessoa para participar do colégio eleitoral do COB, é de se entender que um número baixo de atletas tenha participado.

Algumas poucas modalidades mostraram união e elegeram seus representantes. Duda, do handebol, teve 23 votos. Baby Futuro, do rúgbi, 16. Emanuel Rêgo (vôlei de praia), Fabiana Murer (atletismo), Yane Marques (pentatlo) e Tiago Camilo (judô), referências em termos de resultados olímpicos em suas modalidades, também foram eleitos.

E os quatro representam um perfil nítido dessa comissão: são ex-atletas. Além deles, também a maratonista aquática Poliana Okimoto, o nadador Thiago Pereira e o fundista Fabiano Peçanha já se aposentaram. Ou seja: hoje, dos 12 votos, sete estão na mão, na verdade, de esportistas que deixaram as competições.

E outros dois de atletas pouquíssimos conhecidos no meio: Emerson Duarte, do tiro esportivo, que teve só seis votos na eleição da comissão, e Bruno Mendonça, do hóquei sobre a grama, votado por quatro pessoas, somente. O campeão olímpico Arthur Zanetti é o único que destoa.

A escolha desses 12 nomes, de qualquer forma, não foi somente dos atletas. É que coube às confederações indicarem seus candidatos, o que fez com que os elegíveis fossem determinados por dirigentes a partir de seus interesses. Basta dizer que Joanna Maranhão, por exemplo, não foi uma das indicadas da CBDA e sim Thiago Pereira.

Representante da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), Tiago Camilo preside a comissão e admite que existe a possibilidade de uma nova votação, ainda que aposte que não. "A gente vai falar se vai ter nova eleição. Nós vamos levar toda a proposta, toda a discussão para a comissão. Nós sempre decidimos juntos", conta. As reuniões costumam acontecer em um grupo de Whatsapp.

No entender dele, os atletas precisam se unir para que essa representatividade conquistada seja eficiente na prática. "Acho que a gente tem que pensar agora que precisa se unir, se organizar e fazer valer esses 12 votos. Tem que realmente participar, levar proposta. Precisamos construir um esporte mais democrático", disse, depois da votação de ontem.