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Entrevista antiga com hipotética confissão de OJ Simpson causa polêmica

Jason Bean/The Reno Gazette-Journal via AP
Imagem: Jason Bean/The Reno Gazette-Journal via AP

12/03/2018 10h59

Uma entrevista gravada em 2006 e levada ao ar pela emissora de televisão "Fox" nos Estados Unidos na noite do último domingo causou polêmica por mostrar o ex-jogador de futebol americano O.J. Simpson falando de forma hipotética sobre o assassinato que foi acusado de cometer em 1994. Ele foi inocentado de ter matado a sua ex-mulher Nicole Brown e o amigo dela Ronald Goldman no ano seguinte.

No vídeo de duas horas exibido com grande alarde pela Fox com o título “O.J. Simpson: A Confissão Perdida”, o ex-jogador dá uma versão com detalhes de como poderia ter sido cometido o assassinato, mas sempre de forma hipotética. A explicação é simples: no ano de 2006, OJ Simpson estava prestes a lançar o livro “If I did. Confessions of a Killer ” (Se eu tivesse cometido. Confissões de um assassino) e a entrevista foi feita para ir ao ar junto à divulgação.

A entrevista foi conduzida por Judith Regan, produtora e famosa editora de livros que iniciou o projeto de “If I did”, mas que acabou não finalizando depois de uma controversa briga judicial. O livro foi lançado em 2007 por outra editora, escrito pelo ghostwriter (autor que não leva o crédito pela obra) Pablo Fenjves, sendo que O.J. Simpson na época disse que tinha aceitado, mas não colaborado para o livro.

Mais de dez anos depois, Regan, em conjunto com a Fox, resolveram levar ao ar a entrevista que foi arquivada depois de a primeira edição do livro ter sido cancelada. Antes da exibição, a produtora contou como foi chamada para a gravação com OJ Simpson e deu margens para que as palavras possam ser interpretadas como reais, apesar de ele sempre colocar de forma hipotética.

"Recebi um telefonema de um advogado que disse 'O.J.' está pronto para confessar. A única condição que ele tinha era que ele não queria chamar o livro 'Eu cometi'. Ele queria colocar um 'se' na frente. Ele não podia encarar seus filhos e não podia dizer-lhes que ele havia feito isso. Era assim que era retratado para mim (pelos advogados)", contou.

Na entrevista exibida na noite do último domingo, a parte que causou mais polêmica é quando ele, de forma hipotética, conta como chegou a sua casa na noite de 12 de junho de 1994, quando ocorreu o crime. Sempre de forma hipotética, ele diz que encontrou um amigo chamado “Charlie” que na realidade não existiria.

"No campo hipotético, no beco (é onde eu estacionei). Hipoteticamente, coloco a touca e as luvas. "Eu sempre mantive uma faca no carro para (afastar) os bandidos porque você não pode viajar com uma arma. E eu lembro de Charlie dizendo: 'você não está trazendo isso (para a de Nicole)".

Na sequência, Simpson deixou de descrever tudo ressaltando que era de forma hipotética para descrever tudo em primeira pessoa, o que causa mais confusão.

"Eu vou para a frente e estou olhando para ver o que está acontecendo", O.J. disse. "Enquanto eu estava lá, um cara [Goldman] aparece. Um cara que eu realmente não reconheci. Talvez eu já o tenha visto por aí, mas eu realmente não o reconheci para ser ninguém. Com o humor em que eu estava, eu comecei a ter uma discussão com ele ", disse.

"Nicole tinha saído e nós começamos a ter discussão sobre 'Quem é esse cara? Por que ele está aqui? O que está acontecendo?' À medida que as coisas esquentaram, lembro-me de que Nicole caiu e se machucou e este cara entrou como uma em um golpe de caratê eu disse: Bem, você acha que pode me chutar a bunda?", continuou

"E então lembro que agarrei a faca, lembro-me dessa parte, tirando a faca de Charlie", completou.

A partir daí, Simpson disse a Regan que não lembra mais de nada. "Para ser honesto, depois disso eu não me lembro, exceto, eu estou de pé lá e há todo o tipo de coisas ao redor ... sangue e coisas deste tipo", disse o ex-jogador.

Ídolo do futebol americano, OJ Simpson se tornou uma figura controversa em 1994, quando foi julgado pelo assassinato da ex-mulher Nicole Brown e o amigo dela, Ronald Goldman - OJ era o único suspeito do caso. O ex-atleta foi inocentado criminalmente do caso em 1995 pelo júri, mas as sessões de tribunal e a sentença dividiram opiniões no país.

Dois anos depois, OJ Simpson foi condenado por um júri civil a pagar US$ 33,5 milhões aos familiares de Nicole e Ronald, algo que nunca aconteceu.

OJ Simpson ficou em liberdade, mas acabou condenado em 2008 pelo roubo à mão armada e sequestro em Las Vegas, crime sem nenhuma relação com o anterior, que motivou uma série de televisão, "American Crime Story: The People Vs. OJ Simpson", e o documentário "OJ: Made in America", este vencedor do último Oscar da categoria.