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A história do cavaleiro que morreu sobre o cavalo antes de vencer corrida

Corrida no Belmont Park, em Nova York, palco em que o cavaleiro Frank Hayes morreu em 1923 - GARY HERSHORN/REUTERS
Corrida no Belmont Park, em Nova York, palco em que o cavaleiro Frank Hayes morreu em 1923 Imagem: GARY HERSHORN/REUTERS

Do UOL, em São Paulo

15/12/2018 04h00

A morte anda a cavalo nesta história com doses monumentais de realismo fantástico. Em junho de 1923, o americano Frank Hayes foi convidado a montar a égua Sweet Kiss (Doce Beijo, em português) em uma corrida de "steeplechase", modalidade em que o cavalo precisa saltar sobre obstáculos no percurso.

Hayes não era um jóquei experiente, já que sua profissão na época era cuidar dos animais no estábulo e treiná-los. Mesmo assim, aceitou o desafio de montar Sweet Kiss. Quando o tiro de largada soou no Belmont Park, lendário palco das corridas a cavalo de Nova York, uma vitória da dupla de azarões pagaria 20 dólares para cada dólar apostado.

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Mas Hayes não apenas venceu, para assombro de todos os presentes, como também se tornou o primeiro e até hoje único cavaleiro a vencer uma corrida mesmo estando morto. O recorde que ninguém gostaria de bater está registrado no Guinness. Ele tinha 22 anos (ou 35, de acordo com alguns relatos).

"Em 4 de junho de 1923, Frank Hayes sofreu um ataque cardíaco enquanto montava seu cavalo Sweet Kiss em uma corrida no Belmont Park", escreveu a publicação. "Apesar da morte súbita, Hayes de alguma forma permaneceu na sela tempo o suficiente para o cavalo azarão saltar o último obstáculo e cruzar a linha em primeiro, tornando Hayes o único jóquei a vencer uma corrida após sua própria morte."

Belmont Park - Al Bello/Getty Images/AFP - Al Bello/Getty Images/AFP
Cavaleiro faz exercício no Belmont Park, em Nova York
Imagem: Al Bello/Getty Images/AFP

Os relatos dos jornais da época contam que o público só soube do infortúnio quando a dona de Sweet Kiss se aproximou para comemorar a vitória e percebeu que Hayes estava desfalecido em cima do animal. "Reportagens daquele tempo disseram que o médico John A. Voorhees correu para examinar Hayes, mas anunciou a morte imediatamente e disse que ele tinha sido sofrido um ataque cardíaco", escreveu o site da TV "CNN", em um artigo recente.

Noventa e cinco anos depois do caso, porém, a causa da parada cardíaca que teria acometido Hayes permanece um mistério. Jornalistas que cobriram a corrida chegaram a dizer que o coração do cavaleiro parou em razão da adrenalina do evento, cujo resultado de fato chocou quem estava na arquibancada.

Mas outros observadores apontaram a brutal perda de peso pela qual Hayes teria passado para ficar apto a competir. Para nivelar a disputa no turfe, os cavaleiros precisam estar na faixa de peso pré-definida pela organização. Quem for muito leve precisa competir com objetos como bolas de chumbo amarradas à sela; quem estiver mais pesado precisa fazer dieta ou desidratar antes da corrida.

"Ele precisou cortar cerca de dez libras [4,5 kg] em 24 horas", afirmou o jornal "Buffalo Morning Express". "Nesta manhã, ele passou muitas horas na estrada, cortando peso extra. Ele sofreu e suou e recusou água e, quando subiu na sela para a largada, estava fraco e cansado."

Uma semana depois de sua morte, Hayes foi enterrado com o mesmo uniforme que usava na sua primeira e única vitória. Conta-se que Sweet Kiss, que durante sua carreira rendeu 1775 dólares em prêmios, nunca mais correu de novo. No turfe americano, a égua passou a ser conhecida como Sweet Kiss of Death (Doce Beijo da Morte).

A história de Hayes e Sweet Kiss virou canção quando a banda country americana Drift Mouth gravou "The Ballad of Frank Hayes", cuja letra diz que o cavaleiro "saiu dessa vida nas sombras da tarde, curtindo o passeio."

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