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Pan 2019

Boxe bate recorde de finais após renovação radical e chance a jovens

Keno Marley se classifica para a final da categoria meio pesado do boxe no Pan - Ivan Alvarado / Reuters
Keno Marley se classifica para a final da categoria meio pesado do boxe no Pan Imagem: Ivan Alvarado / Reuters

Demétrio Vecchioli

Do UOL, em Lima (Peru)

31/07/2019 12h00

O boxe amador brasileiro começou 2017 sem patrocinador e sem uma seleção permanente. Parecia o fim de um projeto criado em 2009 e que rendeu as maiores glórias da sua história. Aquele era, porém, só um recomeço. Todos os membros da equipe olímpica de 2016 foram dispensados ou tomaram outro rumo e um grupo completamente novo passou a ser trabalhado. Os frutos estão sendo colhidos nos Jogos Pan-Americanos de Lima.

Pela primeira vez em 56 anos, desde a edição realizada em São Paulo, o Brasil tem quatro atletas nas finais do boxe. É verdade que cresceu o número de categorias (agora são 15, contra 13 em 2015 e 11 em 2011), mas isso não invalida o feito. As finais femininas são as duas primeiras da história (as mulheres entraram no programa em 2011) e no masculino as duas finais igualam as campanhas de 2007 e 2011. Em Toronto, a equipe, sem sete titulares, só ganhou dois bronzes.

Agora, seis brasileiros vão ao pódio. Flávia Figueiredo (até 75kg) e Abner Teixeira (91kg) perderam nas semifinais, ambos por decisão dividida, e ficaram com o bronze em suas categorias. Hebert Sousa (75kg) e Keno Marley (81kg) fazem finais contra cubanos que são os atuais campeões mundiais. O histórico aponta Jucielen Romeu (75kg) como azarã e Bia Ferreira (60kg) favorita nas finais contra argentinas.

Todos são estreantes em Jogos Pan-Americanos. "Nós não somos uma seleção, somos uma equipe olímpica permanente, em que os atletas treinam juntos, moram juntos. Eles treinam com a gente, não nos clubes, em academias", explica o técnico Mateus Alves, também ele novato na função - era assistente nos últimos dois ciclos olímpicos.

Passada a Olimpíada do Rio, quando Robson Conceição ganhou o ouro e migrou para o boxe profissional, a comissão técnica decidiu renovar a seleção. Ninguém ficou. "Em cada ciclo existe um tempo de trabalho. Existe o tempo de vida de cada atleta na seleção permanente. Os outros atletas já tiveram seu ciclo, suas viagens, oportunidades", justifica.

Adotado desde 2009, o modelo já rendeu muitas críticas, principalmente de atletas que têm resultados nos poucos campeonatos amadores do país, mas não ganham chance de lutar internacionalmente porque não estão na seleção. Mas é inegável que os resultados vieram: Robson, Adriana Araújo, Esquiva e Yamaguchi Falcão são medalhistas olímpicos, enquanto Everton Lopes e Roseli Feitosa foram campeões mundiais.

No entender da comissão técnica agora chegou a vez de uma nova geração, liderada por Keno Marley, de 19 anos, campeão olímpico da juventude, que terá pela frente na final do Pan o cubano Julio Cesar la Cruz, tetracampeão mundial. Hebert tem 21 anos e, Abner, 22. No feminino, Jucielen tem só 23 anos, enquanto Bia é pouco mais velha. Está com 26 anos, mas tem três anos de boxe.

A única mais velha na seleção é Flávia Figueiredo, de 30, que estava parada e este ano foi chamada de volta à seleção brasileira pensando já na seletiva olímpica no começo do ano que vem. Em média quatro vagas por categoria estarão em jogo em uma versão estendida dos Jogos Pan-Americanos.