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Pan 2019

Brasileiro tem irmão medalhista mexicano e compete contra primo argentino

Cavaleiro Rodrigo Lambre se apresenta na disputa de saltos do hipismo - Divulgação/CBH
Cavaleiro Rodrigo Lambre se apresenta na disputa de saltos do hipismo Imagem: Divulgação/CBH

Demétrio Vecchioli

Do UOL, em Lima (Peru)

07/08/2019 12h00

Rodrigo Lambre está acostumado a ver a família disputar grandes eventos internacionais. Seu irmão, Santiago, já esteve em três edições dos Jogos Pan-Americanos, sempre pelo México. O primo, Matias, compete em seu quarto Pan, pela Argentina. Agora chegou a vez de Rodrigo buscar a primeira medalha de ouro de sua carreira. Pelo Brasil.

Aos 41 anos, o gaúcho Lambre faz sua estreia na seleção brasileira no hipismo saltos carregando um sobrenome de respeito na modalidade. Ele é filho de Nestor Lambre, ginete argentino que veio ao Brasil para ser treinador dos atletas da família Gerdau Johannpeter. Uma vez no Rio Grande do Sul, Nestor chegou a representar a equipe brasileira em diversas competições e teve dois filhos por aqui: Rodrigo e Santiago.

O mais velho, que está com 44 anos, fez história como um dos mais importantes saltadores do México. "Na época, ele trabalhava para o Alfonso Romo Garza, um criador que tinha 10 dos 30 melhores cavalos do mundo e colocou como que uma condição para o meu irmão. Aí acabou que ele teve as oportunidades que teve", explica Rodrigo. Romo Garza recentemente foi o fiador da campanha do presidente Andrés Manuel López Obrador (AMLO) diante do empresariado local.

No hipismo, como na política, o poder financeiro fala alto. Os melhores cavalos costumam pertencer a investidores de altíssimo poder aquisitivo que escolhem quem vai tratá-los e montá-los. Ao longo das últimas décadas, Rodrigo e Santiago Lambre fizeram nome no México nesse setor. Mas o irmão mais jovem, que também vive na Cidade do México, nunca aceitou os convites para defender a bandeira verde, branca e vermelha. Mesmo contando com um "patrocinador muito forte", para quem trabalha.

"Eu sempre tive o sonho de tentar pelo Brasil. Todo mundo quer tentar pelo seu país", explica. Disputando o circuito norte-americano, Rodrigo passou a apresentar bons resultados na temporada passada. Atualmente é o 73º do ranking mundial e 19º do ranking da Copa do Mundo. Chegou a ser o melhor do país no início do ano, mas agora caiu para a quarta colocação.

Com Rodrigo Pessoa e Doda afastados do hipismo de alto rendimento, sem cavalos com nível para estar em eventos do porte dos Jogos Pan-Americanos, a convocação de Lambre foi natural, junto com Pedro Veniss, Eduardo Menezes e Marlon Zanotelli. "O Doda e o Rodrigo Pessoa têm nos apoiado muito, têm ligado para nós aqui. É muito legal da parte deles. Mas a qualidade dos nossos ginetes hoje é muito boa, temos uma equipe muito forte", avalia.

Após a primeira rodada de saltos, ontem, o Brasil ocupa a segunda posição, com zero penalidades, logo atrás dos Estados Unidos. Hoje acontecem mais duas rodadas, que definem os medalhistas por equipes e duas vagas olímpicas. Depois a competição continua até sexta, com as finais individuais.

Entre seus rivais está o primo Matias Albarracin, que nasceu em Curitiba, mas é filho de argentinos. Cresceu e se fez atleta, então, no país vizinho. Matias também já é mais experiente, vivendo seu quarto Pan. Santiago, por sua vez, não veio ao Peru - está trabalhando cavalos novos. "Sempre vou torcer para eles, mas aqui cada um pensa no seu desempenho e no seu país. Obviamente que meu país é o Brasil", afirmou Rodrigo.