Natação brasileira inicia Pan com hegemonia mantida e medalha de protesto
A natação brasileira confirmou seu favoritismo em seu primeiro dia de disputas no Pan de Lima-2019. Nesta terça (7), invadindo a madrugada de quarta, o Time Brasil conquistou três ouros e seis medalhas na piscina. Em meio a essas conquistas, defendeu uma de suas mais longas hegemonias, testemunhou uma medalha envolta por polêmica e ainda celebrou um novo campeão.
Na última prova, a equipe do revezamento 4x100m livre masculino formada por Breno Correia, Marcelo Chierighini, Bruno Fratus e Pedro Spajari deram ao país sua sexta medalha de ouro consecutiva na prova, um hexacampeonato que iguala o período mais vencedor nos Jogos. A última derrota nessa prova aconteceu em Mar del Plata-1995.
O quarteto brasileiro ainda conseguiu estabelecer novo recorde pan-americano, com 3min12s61. Foi o único recorde da competição quebrado no dia. Os Estados Unidos ficaram bem para trás, com a prata, com 3min14s94, enquanto o México levou o bronze com 3min17s70.
O desabafo de Leo de Deus
Um dos ouros da noite teve um quê de protesto. Leonardo de Deus chegou ao tricampeonato do Pan, mas por pouco nem viajou a Lima. O medalhista foi incluído de última hora na delegação brasileira, numa disputa de bastidor entre a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) e o Comitê Olímpico Brasileiro (COB).
O nadador herdou uma vaga quando Gabriel Santos, do revezamento 4x100m livre, foi suspenso por doping. Acontece que a confederação queria substituir Santos com mais um velocista, André Calvelo. Os dirigentes do comitê, porém, entendiam que o veterano Leonardo era o nome mais indicado. Ele chegou, inclusive, a entrar na Justiça para pleitear sua vaga no Pan.
"Procurei a Justiça, e a justiça foi feita", disse. "Estou muito feliz. O sentimento de ser tricampeão pan-americano é para poucos. Não estou nem acreditando. Cheguei a esse Pan de último minuto. Estava me sentindo muito pressionado, ainda mais por tudo que aconteceu até eu chegar aqui".
O campeão afirmou que disputou o Troféu Maria Lenk, com três hérnias de disco inflamadas e que não nadou bem por isso na seletiva. "Mas os critérios de classificação eram difíceis de entender. Independentemente de tudo que aconteceu, só tenho a agradecer ao COB, que me fez estar aqui hoje, após todas as dificuldades da confederação", continuou. "Só quero dizer que o ouro está aqui no meu peito. O que tinha mais para falar eu mostrei na água."
O primeiro ouro e falta de fôlego para dobradinha

O Brasil tinha tudo para fazer a dobradinha nos 100m nado peito. Empolgado em seu primeiro Pan, João Gomes Júnior fez sua parte e conquistou o ouro numa prova bastante equilibrada. Mas Felipe Lima, que nadou forte os 50m iniciais, acabou perdendo o fôlego, sendo ultrapassado. Ele terminou em quarto. João nadou em 59s51 e ficou à frente dos americanos Cody Miller (59s57) e Kevin Cordes (1min00s27).
"Isso (de competir em um Pan) vinha me assustando porque eu fiquei fora das edições de 2011 e 2015", disse. Agora ele celebra sua estreia já com essa conquista, e sua ideia de aposentadoria pode ter ficado mais distante. "É engraçado. Eu botei uma meta háa um tempo atrás que eu iria até 2020. Mas eu acho que vou ter que quebrar isso", afirmou, rindo.
O capixaba, porém, ainda foi criterioso a ponto de apontar falhas em sua prova. "Estou feliz, mas não fiquei contente com meu tempo. Fiquei feliz pelo ouro, para o Brasil. Fiz uma prova totalmente de recuperação, pois não larguei tão bem. Minha mão escapou na saída. Eu estava bem consciente do que eu tinha que fazer, e bem preparado para bater na frente. Então mantive a calma ali", explicou.
Os 400m livre ao menos tiveram dois brasileiros no pódio. Mas sem ouro. Fernando Scheffer e Luiz Altamir ganharam, respectivamente, a prata e o bronze. O americano Andrew Abruzzo bateu em primeiro. A sensação foi de que os brasileiros poderiam ter nadado num ritmo mais forte em uma prova que os nadadores já tiveram melhor rendimento. Porém, com ambos inscrios em outras disputas, o pódio ao menos os deixa mais confiantes.
"Serve para quebrar a pressão começar com o pé direito. Conseguimos começar com resultado e agora é concentrar para as próximas provas", disse Scheffer. Luiz Altamir se animou com seu tempo de 3min49s. "Estou feliz, foi uma briga bem legal a prova de 400m. De manhã nadamos 400m livre e 200m borboleta. Acho que começar a primeira prova com medalha é legal e isso motiva", ressaltou.
Prata no revezamento 4x100m livre feminino
As mulheres do Brasil fizeram uma prova forte no revezamento feminino e trouxeram a prata. Os destaques foram Etiene Medeiros e Larissa de Oliveira, que iniciaram a disputa e entregaram em primeiro. Manuella Lyrio e Daynara de Paula acabaram ultrapassadas pelas norte-americanas, mas garantiram o pódio com o tempo final de 3min40s39. Os Estados Unidos ficaram com o ouro e o Canadá completou o pódio com o bronze.
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