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Pan 2019

Chierighini supera campeão olímpico e ganha o ouro nos 100m livre do Pan

Marcelo Chierighini comemora vitória nos 100 m livre do Pan de Lima - Pedro PARDO / AFP
Marcelo Chierighini comemora vitória nos 100 m livre do Pan de Lima Imagem: Pedro PARDO / AFP

Karla Torralba

Do UOL, em Lima (Peru)

08/08/2019 22h49

Marcelo Cherighini conquistou nesta quinta-feira (8) um dos resultados mais expressivos de sua carreira. Ele venceu a prova dos 100m livre do Pan de Lima-2019 com um tempo de 48s09, deixando para trás o norte-americano Nathan Adrian, que foi campeão olímpico nessa distância nos Jogos Olímpicos de Londres-2012 e medalhista de bronze na Rio-2016. Adrian ficou a oito centésimos do brasileiro, numa chegada apertada. Michael Chadwick, também dos Estados Unidos, ficou em terceiro, com 48s88.

O paulistano de 28 anos já havia sido campeão pan-americano em Toronto-2015. Mas apenas nas provas de revezamento (4x100m livre e medley). Em provas individuais, quatro anos atrás, ficou com o bronze.

"Estou muito feliz, não só pela medalha. Estou há alguns anos lutando pela medalha individual, e ainda enfrentando um campeão olímpico, que é um cara sensacional (Adrian). É uma honra muito grande para mim. E tira um pouco do peso sobre meus ombros, de só conseguir o ouro no revezamento", disse Cherighini. "Venho tentando buscar a medalha no individual nos últimos Mundiais. Fiquei em quinto três vezes seguidas. Aqui não é Mundial, claro, não é o mesmo nível, mas fiquei muito contente com meu tempo."

Aos 30 anos, Adrian se esforçou para representar os Estados Unidos em Lima. Ele está voltando a sua melhor forma, depois de superar um câncer de testículo, tendo passado por duas cirurgias. Espera chegar às seletivas americanas, em junho, com melhor ritmo. "Ele é exemplar, dentro e fora d'água. Ele é muito gente boa, educado, treina muito", disse Cherighini. "A gente sempre bate papo antes das provas. É até difícil nadar contra um cara desses."

O ano de 2019 tem sido positivo para Cherighini, que compete pela seleção brasileira desde 2010. Em junho, pelo Troféu Brasil, o nadador conseguiu o melhor tempo de sua carreira nessa prova, entrando para o clube dos 47 - aqueles que nadam os 100 metros abaixo dos 48 segundos, com 47s68. "É uma prova muito legal de se ganhar, a que mais treino, que mais gosto", disse o nadador.

A vitória nos 100m livre rendeu o quinto de seis ouros para a natação brasileira na capital peruana. Vale lembrar que, a despeito da presença de Adrian, os Estados Unidos não têm o costume de mandar ao Pan seus principais representantes, ainda mais num calendário apertado, que também teve o Mundial de Esportes Aquáticos realizado na Coreia do Sul, em julho.

Ouro herdado no revezamento

Fechando a programação, os EUA supostamente nadaram para sua sua sétima vitória da noite, com o revezamento 4x100m medley misto. Na marcação inicial, sua equipe foi 5s65 mais rápida que a brasileira, em segundo. Minutos depois, porém, os americanos foram desclassificados, após revisão da arbitragem, devido a um movimento ilegal de Cody Miller no trecho dos 100m peito. A consequência foi o segundo ouro para o Brasil, com quarteto formado por Guilherme Guido, João Gomes Júnior, Giovanna Diamante e Larissa Oliveira.

Outras provas

Uma das medalhas mais interessantes da equipe nacional saiu com Viviane Jungblut nos 800m livre. Não só por ter sido a primeira brasileira a conquistar uma medalha nessa prova, com bronze. Mas principalmente por ter combinado pódios tanto na piscina como em águas abertas - ela já havia ganhado um bronze na prova de 10km da maratona aquática. Curiosamente, a campeã dos 10km, Ana Marcela Cunha, também encarou o desafio dos 800m livre, mas com rendimento mais fraco, terminando em sétimo. A argentina Delfina Pignatiello foi ouro.

"Essa medalha tem um sabor um pouco diferente. É mais gostoso. Estava treinando para maratona, mas sabia que tinha chance na piscina, que era um desafio a mais. Nos 400m fui mais ou menos, mas consegui focar para fazer os 800m", afirmou Viviane.

Pelos 800m livre masculino, Miguel Valente liderou boa parte da prova, mas acabou superado pelo americano Andrew Abruzzo nos 50 metros finais. Ele ficou 1s67 atrás do campeão, no fim. O mexicano Ricardo David Vargas foi prata.

Numa narrativa semelhante à de Cherighini, Guilherme Guido ainda persegue seu primeiro ouro em prova individual no Pan. Depois de ganhar o bronze em Guadalajara-2011 e prata em Toronto-2015, voltou a ficar em segundo lugar agora em Lima, sempre pelos 100m costas. O ouro escapou por pouco. O americano Danie Carr foi o campeão, com 53s50, apenas quaro centésimos à frente do brasileiro. O trinitário Dylan Carter foi o terceiro, com 54s42.

Na mesma prova, entre as mulheres, Etiene Medeiros terminou com o bronze, marcando 1min00s67. O ouro ficou novamente com os Estados Unidos, com Phoebe Bacon (59s47). A canadense Danielle Hanus bateu em segundo (1min00s34).

Pela primeira final do dia, Larissa Oliveira ganhou mais uma medalha no evento, terminando os 100m livre em terceiro, com 55s25, atrás da americana Margo Geer (54s17) e da canadense Alexia Zevnik (55s04). Na quarta-feira, ela foi bronze nos 200m livre e prata com a equipe do revezamento 4x100m livre misto.