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Pan 2019

Brasil é bronze na pelota basca com brasileiro que nunca pisou no país

Filipe Otheguy, da pelota basca - Alexandre Loureiro/COB
Filipe Otheguy, da pelota basca Imagem: Alexandre Loureiro/COB

Do UOL, em São Paulo

09/08/2019 14h08

Conquistar uma medalha na pelota basca era, provavelmente, a última coisa que o Comitê Olímpico Brasileiro pensava quando recebeu o pedido de inscrição de Filipe Otheguy Jogos Pan-Americanos de Lima. Hoje (9), ele conquistou justamente isso. Ao vencer o boliviano Josias Bazo por 2 jogos a 0 (10/6 e 10/3), ele ficou com o bronze no torneio masculino de frontón manual.

Filipe tem 28 anos e nasceu em Biarritz, na França, filho de um francês chamado Paxkal Otheguy com a mãe Luiza Inácio, nascida em Fortaleza, no Ceará. E sua ligação com o Brasil é justamente a mãe, que o fez decidir representar o país em competições internacionais quando começou a praticar a pelota basca.

"Sou muito apegado ao jogo da basca pelota, que pratico desde jovem e também ligado ao Brasil pela minha mãe. Tive a oportunidade de defender o Brasil em dois Campeonatos Mundiais e uma Copa do Mundo", explicou ao UOL Esporte antes do Pan.

O esporte não tem representatividade no país, não tem uma federação ou confederação e tem suas únicas canchas oficiais em território brasileiro localizadas no Clube Athlético Paulistano, em São Paulo, sendo que boa parte de seus praticantes não tem idade para competir no Pan.

Otheguy compete na prova frontón manual, em que o atleta precisa rebater a bola com as mãos sem o uso de nenhum instrumento, diferentemente da raquete e do jogo com cestas, que também integram o programa pan-americano e não tem nem mesmo adversário brasileiro.

"Por enquanto parece que a pelota basca existe no Brasil somente pela associação SBPB (Sociedade Brasileira de Pelota Basca). Não há competição interna no Brasil", conta.

Residente na pequena cidade de Saint-Pée sur Nivelle, na divisa da França com a Espanha, região do País Basco, Filipe jamais esteve no Brasil, não tem conhecimento do idioma português e tem como única referência esportiva do país o futebol.

Filipe Otheguy Pelota Basca - Washington Alves/COB - Washington Alves/COB
Imagem: Washington Alves/COB

"Eu nunca tive a oportunidade de visitar o Brasil. Eu entendo português, mas não falo muito. Falo fluentemente apenas francês, espanhol e basco", explica. "Eu amo o futebol e especialmente o futebol brasileiro, sou fã da seleção brasileira", completa.

Com a volta do esporte ao programa do Pan em Lima - estava fora desde Guadalajara-2011 -, Filipe teve a oportunidade de ser o único representante do país, embora tenha corrido o risco de ficar de fora até conseguir um passaporte brasileiro às vésperas da viagem para a competição.

Para defender o Brasil, ele teve de providenciar um passaporte brasileiro, que era exigência do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e precisou ir até o consulado brasileiro em Paris. Depois de ter divulgado a lista de atletas confirmados no Pan, o COB chegou a tirar o nome dele de seu site enquanto aguardava a resolução.

"Foi um pouco complicado obter o passaporte e precisei ir ao consulado brasileiro em Paris. O que realmente me ajudou foi uma carta enviada pelo Sebastian Pereira (sub-chefe da Missão). Se não fosse a ajuda do COB, não sei se conseguiria vir", declarou o atleta ao site do comitê.

* Com reportagem de Rubens Lisboa, colaboração para o UOL