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Pan 2019

Ouro, "Cachorrão" ganhou apelido por mordida e começou a nadar pelos avós

Guilherme Costa, o "Cachorrão", comemora a vitória pan-americana pelos 1.500m livre do Pan em Lima - REUTERS/Sergio Moraes
Guilherme Costa, o "Cachorrão", comemora a vitória pan-americana pelos 1.500m livre do Pan em Lima Imagem: REUTERS/Sergio Moraes

Karla Torralba

Do UOL, em Lima (Peru)

11/08/2019 12h00

O "Cachorrão" das piscinas foi conhecido ontem (10) no Pan de Lima. Estamos falando de Guilherme Costa, revelação da natação brasileira, que conquistou aos 20 anos a medalha de ouro nos 1500m livre. O apelido vem de adolescência e tem tudo a ver com o animal.

Guilherme tinha 16 anos e passava férias em Angra dos Reis (RJ), quando, durante um momento de diversão com amigos, foi mordido na perna por um cachorro. O inusitado estava por vir: o animal sumiu depois da mordida. "Todo mundo ficou falando que ele tinha morrido. Aí pegou o apelido", contou o medalhista de ouro pan-americano.

Tímido, Guilherme Costa não é de falar muito, mas de nadar. Como fundista, quase foi para a Olimpíada do Rio representar o Brasil em 2016. Só não nadou porque ficou em terceiro na seletiva para a seleção. Na época, Cachorrão não conseguia treinar direito porque morava muito longe do local de treinamentos, que ficava na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Ele morava com a família em Itaguaí.

"Eu só treinava três vezes na semana por causa da distância. Demorava 1h20 para ir e 1h30 para voltar. Tinha que treinar sozinho depois. Até a Olimpíada foi assim, mas depois eu me mudei por causa da natação. Perto eu sabia que poderia ter conseguido algo na Olimpíada. Depois que me mudei, eu demorei um mês para fazer a marca que me levaria para a Olimpíada", disse Guilherme.

O início da natação foi por causa dos avós, que incentivaram o neto a nadar por causa da saúde. "Meus avós nadavam e sempre insistiam para mim. Eu fui e acabei ficando. Meu avô me via nadando, mas ele já faleceu. Agora a minha avó me acompanha e ainda nada. Eles são apaixonados por natação".

Hoje Guilherme Costa nada 6 horas por dia para superar os limites. O ouro no Pan foi conquistado em 15min09s93, mas ele já nadou bem menos que isso.

"Todo mundo falava da marca de nadar abaixo dos 15 minutos e 2017 eu fiquei o ano todo tentando. Tentei quatro vezes e bati na trave. Consegui no final de 2017 e representou muito. Esse ano eu consegui baixar de novo: 14min59s", comentou Guilherme, que começou nadando 200m borboleta.

Tímido na frente de tantos jornalistas que queriam falam com ele após a medalha de ouro do Pan, Cachorrão contou o que significa o lugar mais alto do pódio de Lima para ele. "O Pan é um sonho, foi a competição que mais gostei de nadar. Para o Brasil o Pan sempre tem visibilidade. Sempre foi o meu sonho participar no Pan. Meu primeiro e consegui a medalha. Eu assistia o Thiago [Pereira], o Cielo [Cesar]. Eu lembro bastante do Pan. Estava começando a nadar. Minhas inspirações são eles no Brasil e fora o Phelps".