Luis Suárez, de vilão a melhor jogador do ano

LONDRES, 28 Abr 2014 (AFP) - De inimigo público número um a melhor jogador do Campeonato Inglês, o artilheiro uruguaio do Liverpool Luis Suárez deu uma reviravolta espetacular na carreira.

Há um ano, o atacante caiu em desgraça na Inglaterra após morder o sérvio Branislav Ivanovic, num lance de uma partida contra o Chelsea.

Este incidente, o último de uma longa lista que o transformou num 'Bad boy' do futebol inglês, lhe valeu uma suspensão de 10 jogos.

Outro capítulo polêmico na carreira do uruguaio foram as oito partidas de suspensão que teve que cumprir por insultos racistas ao francês Patrice Evra, do Manchester United.

Agora, 12 meses mais tarde e depois de melhorar substancialmente o comportamento dentro de campo, Suárez foi eleito o Jogador do Ano pela Associação Profissional de Jogadores (PFA).

A três rodadas do fim da atual temporada da Premier League, o Liverpool, comandado por Suárez e seus 30 gols, é o líder da competição, apesar de neste domingo ter sofrido uma dolorosa derrota por 2 a 0 diante do Chelsea, numa partida que poderia ter sentenciado o título para os 'Reds'.

O atacante uruguaio se converteu no primeiro jogador do Liverpool a marcar 30 gols desde o lendário Ian Rush na temporada 1986-87.

Finalmente, após três anos no clube, o futebol inglês se rendeu às qualidades do uruguaio, apesar de ainda ser criticado por gostar de se jogar quando entra na área adversária.

"É um talento brilhante. acredito que os torcedores puderam ver como amadureceu em relação ao ano passado", elogio o técnico do Liverpool, Brendan Rodgers.

"Acredito que ele viveu um momento realmente ruim depois daquele episódio (contra o Chelsea), mas ele se olhou no espelho e percebeu que não era esse tipo de pessoa", completou Rodgers.

Por causa da suspensão pela agressão contra Ivanovic, Suárez não pôde jogar as cinco primeiras rodadas da atual temporada, mas isto não impediu ao uruguaio de liderar com folga a artilharia na Inglaterra e a corrida pela Chuteira de Ouro na Europa.

"Ele é um grande jogador e seu desenvolvimento no último ano, tanto dentro como fora de campo, tem sido notável. O Liverpool se beneficiou muito com isso", concluiu Rodgers.

Suárez também deixou para trás um período conturbado durante a janela de transferência da última temporada, na qual anunciou o desejo de deixar o Liverpool. O Arsenal chegou a fazer uma boa oferta pelo atacante, mas os Reds não aceitaram.

O pedido do jogador irritou Rodgers, que chegou a obrigar Suárez a treinar separado do resto do elenco. No fim, os dirigentes do clube conseguiram persuadir o uruguaio a ficar em Anfield.



Capitania representativa

A fé que o clube depositou em Suárez acabou sendo recompensada. Ao lado do atacante da seleção inglesa Daniel Sturridge, o uruguaio formou a dupla de ataque mais eficiente do futebol europeu e voltou a colocar o Liverpool em condições de vencer a Premier League pela primeira vez desde 1990.

Quando voltou a jogar depois da suspensão, Suárez demorou apenas 36 minutos para marcar, numa partida contra o Sunderland.

Em seguida, marcou três gols contra o West Bromwich Albion e dois no Fulham, antes de marcar quatro vezes contra o Norwich City, um deles num golaço encobrindo o goleiro.

No Natal, o uruguaio já havia decretado que brigaria pela artilharia da competição e assinou um contrato de quatro anos e meio com o Liverpool, algo impensável alguns meses antes.

Rodgers acabou recompensando a grande fase do atacante, dando a Suárez a braçadeira de capitão pela primeira vez, numa partida contra o Tottenham.

"Foi realmente estranho, nunca havia imaginado que usaria o bracelete de capitão do Liverpool", disse Suárez recentemente em entrevista.

"Depois de tudo que aconteceu comigo, continuei contando com o apoio do clube. O treinador e meus companheiros mostraram que estavam dispostos a esquecer e perdoar", completou.

Por ironia do destino, Suárez foi premiado neste domingo logo após um clássico Liverpool-Chelsea, mesmo confronto que 12 meses atrás deu início ao pior momento de sua carreira.