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Relatório indica que 'corrupção é parte integrante' da IAAF

14/01/2016 14h34

Paris, 14 Jan 2016 (AFP) - "A corrupção é parte integrante" da Federação Internacional de Atletismo (IAAF), cujos dirigentes "não podem ignorar a amplitude do doping", estima a comissão de investigação da Agência Mundial Antidoping (Wada) em um relatório consultado nesta quinta-feira pela AFP.

Na segunda parte do presente relatório, divulgado em coletiva de imprensa em Munique e que contou com a participação de Sebastian Coe, presidente da IAAF, a comissão de investigação considera que a corrupção "não pode ser atribuída somente a algumas maçãs podres que atuam de forma isolada" e estima que a IAAF não "foi firme com uma série de países, incluindo a Rússia".

A IAAF foi presidida até agosto pelo senegalês Lamine Diack, que foi sucedido pelo britânico Sebastian Coe, anteriormente vice-presidente.

O relatório aponta também para o papel desempenhado por Lamine Diack e seus filhos, Papa Massata e Khalil: "O Conselho da IAAF não podia não estar ciente do nível de nepotismo dentro da IAAF", criticou.

"Quando o presidente da IAAF (Lamine Diack, indiciado pela justiça francesa), seu conselheiro pessoal (Habib Cissé, também indiciado), dois de seus filhos em cargos de confiança (Papa Massata e Khalil Diack, ambos empregados pela IAAF), o diretor do departamento médico e antidoping (Gabriel Dollé, também indiciado) e o secretário-geral adjunto estão todos envolvidos em atividades suspeitas ou criminosas, é a reputação da IAAF como um todo que está em posição duvidosa e é esta reputação que precisa ser restaurada", acusa o relatório.

Após a divulgação do relatório, a Interpol colocou Papa Massata Diack na lista de pessoas mais procuradas a pedido da justiça francesa, anunciou nesta quinta-feira a organização internacional pelo Twitter.

Papa Massata, ex-consultor de marketing da IAAF, é procurado por suposto fraude, lavagem de dinheiro e corrupção, em meio à investigação sobre o escândalo de corrupção e doping que sacode o atletismo.

- Presença russa no Rio-2016 em dúvida -Trata-se da segunda parte do relatório da Comissão de investigação independente da Wada sobre doping e corrupção no atletismo.

A primeira parte, publicada em novembro, desvendou um sistema organizado de doping na Rússia.

A Wada declarou que a Rusada (Agência Russa antidoping) e o laboratório antidoping de Moscou não respeitavam o código mundial antidoping.

Após a divulgação das irregularidades, a IAAF suspendeu a Rússia de toda competição de atletismo, abrindo as portas para a possibilidade dos atletas russos serem proibidos de participar dos próximos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em agosto.

O presidente da Comissão de investigação independente da Wada, Dick Pound, admitiu nesta quinta-feira que a situação da Rússia é muito complicada, mas que a participação nos Jogos vai depender dos esforços do país em limpar seu nome.

"Isso depende da Rússia, mas também depende das autoridades de tutela, a Wada e a IAAF. A bola está no campo dos russos", afirmou Pound.

"Eu estava confiante em novembro, mas não sei se terão condições de conseguir fazer isso, não me deram nenhuma informação", completou.

A Federação Russa está suspensa de toda competição de atletismo desde 13 de novembro, quatro dias depois da publicação da primeira parte do relatório da Comissão de investigação da Wada.

Para que os russos possam competir nos Jogos do Rio-2016, é preciso que o Conselho da IAAF retire a suspensão. A Próxima reunião do Conselho será realizado em março, em Cardiff, no País de Gales.

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