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Vila olímpica do Rio-2016: TV restrita, mas camisinhas liberadas

28/06/2016 15h49

Rio de Janeiro, 28 Jun 2016 (AFP) - Um restaurante aberto dia e noite, um centro inter-religioso e 450.000 camisinhas para os atletas: a Vila Olímpica dos Jogos do Rio de Janeiro é uma pequena cidade que abrirá suas portas em um mês.

Ainda podem ser ouvidas as britadeiras e serras elétricas, enquanto as equipes de operários se desdobram para finalizar os últimos detalhes da Vila, localizada perto do Parque Olímpico, na Barra da Tijuca (zona oeste), base dos Jogos do Rio-2016, que serão disputados entre 5 e 21 de agosto.

Há colinas verdes ao redor da Vila e até uma pequena favela pode ser vista de alguns dos 31 edifícios com capacidade para acolher 18.000 pessoas. Uma passarela permitirá às estrelas da competição aceder ao Parque dos atletas, seu espaço de treinamento.

Entre as duas fileiras de imóveis da Vila se estende um corredor verde, que será transformado num parque público depois dos Jogos, salpicado por palmeiras, áreas para crianças e onde se entrelaçam as serpenteantes vias para pedestres.

- Cinco aviões em um restaurante -É Brasil, mas sob o céu nublado do dia de abertura para a imprensa, os tons grisalhos se apoderam dos edifícios branqueados de varandas anguladas e janelas azuladas.

Ainda faltam os adornos chamativos, que mesclarão as cores do olimpismo com as da bandeira brasileira, e, claro, um pouco de vida. Apenas um logo gigante no qual é possível ler "Rio-2016" lembra da vocação olímpica desta nova cidade, animada unicamente pelos operários.

"Agora, ainda não é muito bonito, tudo é branco, mas logo estará colorido, especialmente com as 207 bandeiras ao longo da rua Carioca", afirmou Mario Cilenti, diretor executivo da Vila, mostrando os grandes hangares colocados em uma nova via fronteiriça ao complexo imobiliário.

Estas estruturas provisionais acolhem, por exemplo, uma policlínica, uma academia e, principalmente, um restaurante aberto 24 horas e com dimensões gigantescas: nele caberiam cinco Airbus A380, mas, por enquanto, o local se contentará com servir 210 toneladas de comida por dia, numa salão com lugar para 7.000 pessoas.

Do outro lado da Vila se encontra a Zona Internacional, uma praça que agrupará uma multitude de lojas e serviços, como lavanderia, supermercado, cabeleireiro ou correiros.

É por este lado que chegarão os atletas a partir de 24 de julho. Cada uma das 207 delegações terá direito a sua própria cerimônia de boas-vindas, presidida pela "prefeita da Vila", a ex-jogadora de basquete Janeth Arcain, vencedora de duas medalhas olímpicas com a seleção brasileira e que desempenhará agora um "trabalho de representação e recepção dos atletas".

Ao redor dos atletas trabalhará um verdadeiro exército de funcionários e voluntários: 13.000 no total. "Na semana que vem faremos simulações de todas as situações que podem acontecer para estarmos prontos para tudo", garantiu Mario Cilenti.

- Camas maiores -Os atletas e suas delegações ficarão alojados em 3.604 apartamentos de dois, três ou quatro quartos. "Não são luxuosos, são básicos, mas com todo o necessário para os atletas, que precisarão de tranquilidade para sua preparação mental", explicou Carlos Nuzman, presidente do Comitê Organizador Rio-2016.

É verdade que as habitações são espartanas: com poucos móveis e sem televisão, devido aos problemas orçamentários, os atletas terão que ir para os espaços comuns se quiserem assistir às competições.

As 19.000 camas são de dois metros, mas os atletas de maior estatura podem ficar tranquilos: é possível estendê-las por mais 30 centímetros. Para relaxar, os atletas terão à disposição sofás e precisamente 11.356 pufes, isso sem contar a distribuição de 450.000 preservativos.

Os quartos também estarão equipados com sistemas eletrônicos de repelentes de mosquitos, apesar da esperada queda drástica de incidência do vírus da Zika devido ao inverno austral.

Haverá espaço para o recolhimento de crentes das cinco principais religiões (budismo, cristianismo, hinduísmo, islamismo e judaísmo), que terão um espaço próprio no centro inter-religioso, dois no caso dos muçulmanos: masculino e feminino.

A Vila, que também será utilizada durante os Jogos Paralímpicos em setembro e custou 2.909 milhões de reais, pretende ser ecológica, com o uso de painéis solares e a reutilização de águas residuais.

Ao fim dos primeiros Jogos Olímpicos realizados na América do Sul, os apartamentos serão vendidos ao público e a ex-Vila passará a se chamar Ilha Pura.