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França busca mais um título em casa e Portugal tem segunda chance na final da Euro

09/07/2016 16h04

Paris, 9 Jul 2016 (AFP) - Com o apoio de todo um país, que encontrou no futebol um motivo de alegria em meio a tempos conturbados, a seleção francesa tentará conquistar neste domingo sua terceira Eurocopa, na final contra Portugal, que busca o título inédito com Cristiano Ronaldo querendo fazer história.

"Sempre sonhei em conquistar um título com a seleção portuguesa e espero que nosso momento tenha chegado. Estamos a um passo. Sonhar não custa nada", afirmou o craque do Real Madrid, que há 12 anos amargou o vice-campeonato em casa, ao perder por 1 a 0 a decisão de 2004 para a Grécia, no estádio de Luz de Lisboa. Ele tinha 19 anos.

Então comandada pelo brasileiro Luiz Felipe Scolari, a equipe lusitana não aproveitou o fator casa, coisa que a França conseguiu fazer muito bem nas últimas duas vezes que organizou grandes torneios.

Em 1984 a França conquistou sua primeira Euro graças ao talento de Michel Platini. Em 1998, a geração de Zinedine Zidane levou os 'Bleus' ao topo do mundo, antes de faturar o bi europeu dois anos depois, na Holanda.

- Griezmann x CR7 -Neste ano, a bola da vez é o atacante Antoine Griezmann, artilheiro isolado da competição, com seis gols em seis jogos, dois deles na semifinal contra a campeã mundial Alemanha (2-0).

Se fizer mais três na decisão, ele pode imitar Platini, que deu à França seu primeiro grande título internacional em casa ao balançar as redes nove vezes na Euro-1984, e é até hoje o maior artilheiro da história competição.

O ex-camisa 10 divide a marca com Cristiano Ronaldo, que precisou de quatro edições para alcançá-lo. Foram três na edição atual: dois contra a Hungria, no empate em 3 a 3 que salvou Portugal da eliminação na primeira fase, e outro na semi, quando decolou para abrir o placar de cabeça contra o País de Gales (2-0).

CR7 e Griezmann já decidiram uma competição continental neste ano, em maio, e o português levou a melhor, quando o Real derrotou o Atlético de Madri nos pênaltis em maio, na final da Liga dos Campeões.

Há quem considere a decisão deste domingo como um tira-teima para a atribuição da Bola de Ouro, mas dificilmente o troféu escapará do português, que já foi premiado três vezes (2008, 2013 e 2014).

Nem Didier Deschamps, técnico da seleção francesa, acha isso possível: "Antoine ainda é muito novo (25 anos), embora tenha feito uma grande temporada. Cristiano já está no auge já sete ou oito anos. A Bola de Ouro é um duelo entre ele e Messi", analisou

"Tudo que quero é comemorar o título na final. Enquanto isso, prefiro manter os pés no chão", minimizou 'Grizi'.

Para a França, triunfar em casa virou questão de Estado. Até o presidente François Hollande, que tem um dos piores índices de aprovação da história do país, afirmou que a vitória "teria uma boa incidência" na moral dos franceses.

"Para um povo, uma conquista como esta representa o sentimento de que se pode ter êxito, tanto no esporte como na economia, na cultura, na política ou na diplomacia", afirmou o chefe de Estado em Varsóvia, onde participa da reunião de cúpula da Otan.

O clima estava tenso na França antes da Euro, com o temor de novos ataques depois dos atentados que castigaram Paris em janeiro e novembro do ano passado, além de greves que paralisaram o país para protestar contra uma reforma das leis trabalhistas.

- Patinho feio -Os 'Bleus' também estavam tensos no início da competição, obtendo as duas primeiras vitórias nos últimos minutos e superando a Irlanda de virada nas oitavas, mas conseguiram se soltar e ganhar apoio incondicional da torcida com a vitória sobre a Alemanha, rival histórica que não vencia em torneios oficiais desde 1958.

Mesmo assim, o Deschamps prefere encarar o confronto com cautela, ciente de que CR7 e companhia vão de tudo para que a França sinta na pele o que eles sofreram contra a Grécia, em 2004.

"Não é porque estamos em casa e ganhamos da Alemanha que temos mais chances de ganhar que Portugal. Acreditamos em nós mesmos e tenho certeza que os portugueses também. A final está em aberto", resumiu o ex-capitão dos 'Bleus', que pode se tornar o primeiro a levantar o troféu como jogador titular e treinador.

O alemão Berti Vogts, técnico da 'Mannschaft' campeã continental em 1996, foi campeão da Euro como jogador em 1972, mas não jogou um minuto sequer em todo o torneio.

Já Portugal tentará quebrar um tabu, já que nunca derrotou a França em jogos oficiais. Foram três vitórias francesas, nas Euros de 1984 (3-2) e 2000 (1-0, com gol de ouro na prorrogação) e na Copa do Mundo de 2006 (1-0), todas em semifinais, em todas em jogos muito disputados.

Além da 'freguesia', CR7 e companhia precisam vencer a fama de 'patinho feio' do torneio. Antes das semifinais, a equipe não ganhou um jogo sequer nos 90 minutos.

Espero que me digam que venci de forma imerecida. Voltaria para casa muito feliz", ironizou.

As duas seleções entrarão em campo com força máxima e os comandados de Fernando Santos vão ganhar um 'reforço' de peso, o brasileiro naturalizado português Pepe, que está recuperado da lesão muscular que o tirou da semifinal.

Prováveis escalações:

França: Hugo Lloris (cap) - Bacary Sagna, Laurent Koscielny, Samuel Umtiti, Patrice Evra - Moussa Sissoko, Paul Pogba, Blaise Matuidi, Dimitri Payet, Antoine Griezmann - Olivier Giroud. FraT: Didier Deschamps

Portugal: Rui Patricio; Cedric Soares, Pepe, Jose Fonte, Raphael Guerreiro; Renato Sanches, William Carvalho o Danilo Pereira, Adrien Silva, João Mario; Cristiano Ronaldo (cap), Nani. T: Fernando Santos.

Árbitro: Mark Clattenburg (Inglaterra).