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Família Grael quer perpetuar tradição olímpica nas águas do Rio

28/07/2016 17h34

Rio de Janeiro, 28 Jul 2016 (AFP) - Com sete medalhas olímpicas, os irmão Lars e Torben já deixaram a vela brasileira no mais alto patamar. Cabe agora à nova geração da família perpetuar a tradição, com Martine e seu irmão, Marco, filhos de Torben, competindo em casa, nos Jogos do Rio.

Maior medalhista da história do esporte brasileiro, empatado com o também velejador Robert Scheidt, com cinco pódios, Torben Grael atua hoje nos bastidores, como técnico chefe da seleção, justamente na estreia dos seus filhos em Olimpíadas.

A caçula Martine, de 25 anos, compete na classe 49er FX, ao lado de Kahena Kunze. Campeãs mundiais em 2014, estão entre as favoritas ao ouro olímpico.

Já Marco, dois anos mais velho, garantiu sua vaga na classe 49er, junto com Gabriel Borges.

"É muito lindo competir junto com meu irmão", se emociona Martine em entrevista à AFP. "Navegamos em equipes diferentes, então temos a possibilidade de trocar informações que ajudam os dois", ressalta.

Estreante como treinador, Torben, de 56 anos, tenta passar toda sua experiência aos filhos. "É minha primeira vez como técnico e também é a primeira vez deles em Olimpíadas, então é necessário estar muito focado", avisa o paizão.

Desde que decidiram navegar e competir, eles têm tido essa pressão, já estão acostumados", pondera.

Quatro geraçõesO tio Lars, dono de dois bronzes olímpicos em Seul-1988 e Atlanta-1996, quase morreu no mar em 1998, quando um homem embriagado a bordo de uma lancha bateu na sua embarcação.

Por conta do acidente, o velejador teve uma perna amputada, o que não o impediu de voltar a competir em alto nível, na categoria Star.

A tradição familiar começou com o avô de Torben e Lars, imigrante dinamarquês que trouxe consigo a paixão pelo iatismo, ao levar ao Brasil um veleiro de 6 metros.

A pequena embarcação tinha sido usada pela seleção olímpica da Dinamarca que conquistou a medalha de prata nos Jogos de Estocolmo-1912.

Mas foi na Bahia de Guanabara, palco das provas olímpicas do Rio, que a família "se apaixonou pelas regatas", relembra Torben.

Os primeiros da família a competir em Olimpíadas foram dois tios de Torben e Lars, Axel e Eric Schmidt, na Cidade do México, em 1968, e em Munique, 1972.

Eles foram responsáveis para transmitir a paixão à geração seguinte, que colecionou medalhas no mais alto nível.

Da mesma forma, Marco e Martine tiveram contato com a vela ainda crianças, começando a levar as competições à sério com apenas 11 anos.

"Como em qualquer família, nossos pais queriam que os filhos seguissem seus passos, embora sempre tenham deixado claro que eu poderia fazer o que quisesse", garante Marco.

"Sempre gostei de navegar, desde pequeno. Vivia perto da água e sempre tive contato com o mar", relata.

Torben destaca que o simples fato dos filhos terem crescido nesse ambiente ajudou a entender os segredos desse esporte tão complexo.

"Existem conhecimentos técnicos que acabamos passando para eles".

Sem molezaComo acontece com Bruninho e o técnico Bernardinho na seleção masculina de vôlei, ser treinado pelo pai não é sinônimo de tratamento especial. Pelo contrário, a cobrança é ainda maior.

"Não gostaria que tomasse decisões que pareçam que está me favorecendo", admite Marco.

"Nem todo mundo tem seu pai como técnico, mas acho que é muito bom. Confio muito nele, ele nos dá ótimos conselhos", opina Martine.

"É um homem de poucas palavras, então às vezes tem que interpretar o que ele diz", brinca.

O próprio Torben reconhece que pode até ser um pouco mais duro com os filhos do que com os demais integrantes da seleção.

"Tenho que mostrar que estou atuando corretamente. Talvez por isso eles possam sofrer um pouco mais", conclui.

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