Atletas flagrados em antidoping incomodam muita gente no Rio-2016
Rio de Janeiro, 9 Ago 2016 (AFP) - Sun e Efimova já são prata; Gatlin e Park estão prestes a entrar em ação, mas enquanto isso, o mal-estar cresce cada dia mais nos Jogos Olímpicos do Rio-2016 à medida que atletas flagrados em exames antidoping se cobrem de glória.
"Quando vejo o pódio dos 200 metros livres, tenho vontade de vomitar. Sun Yang 'mija' roxo!", indignou-se Camille Lacourt, quinto lugar na final dos 100m costas, resumindo sem rodeios o incômodo de muitos nadadores.
A participação de atletas suspensos anteriormente por serem flagrados no exame antidoping se tornou em poucos dias um tema desagradável no Rio de Janeiro.
A responsabilidade é do Comitê Olímpico Internacional (COI), cuja decisão de não excluir toda a equipe russa dos Jogos do Rio acabou se voltando contra ele.
O COI condicionou a presença dos atletas russos a um requisito inesperado: a exclusão dos que foram punidos anteriormente por uso de substâncias proibidas, mesmo que já tenham cumprido a sua suspensão.
A primeira dificuldade dessa decisão é que o critério estabelecido não é legal. O Tribunal Arbitral Esportivo (TAS) reviu esse parecer aceitando o recurso de inúmeros atletas russos afetados.
É o caso de Yulia Efimova: ela foi suspensa por 16 meses em 2014 por uso esteroides e recentemente voltou a testar positivo para o controverso Meldonium, mas estará no Rio.
Segundo problema: o critério é injusto. Por que aplicá-lo apenas aos russos quando o doping é universal?
É o caso do chinês Sun Yang, que deu positivo em 2014 e ficou suspenso durante três meses. Sua presença nas piscinas do Rio tem suscitado críticas de alguns adversários.
Mas o pior, provavelmente, ainda está por vir.
Na natação, o sul-coreano Park Tae-hwan está competido, ainda que tenha falhado em suas primeiras disputas.
Park, quatro vezes medalhista olímpico, testou positivo para esteroides em 2014 e cumpriu sua pena de 18 meses de suspensão, mas seu comitê olímpico nacional o proibiu de competir durante três anos.
O campeão olímpico de 2008 recorreu ao TAS, que condenou esta proibição alegando que ele estava sofrendo uma dupla pena por um mesmo feito.
No domingo, o atletismo, profundamente sacudido pelas revelações sobre o escândalo de doping de Estado na Rússia, poderia levar como exemplo a natação com a final dos 100m, em que muitos participantes são repescados de última hora.
Em primeiro lugar, destaca-se o americano Justin Gatlin, suspenso duas vezes ao longo de sua carreira e afastado das pistas durante cinco anos, e que só deve sua permanência na competição a uma flexibilização da luta contra o doping.
Existe um limite e muitos atletas começam a pensar que já se superaram.
Lacourt acendeu assim outra chama diferente da trazida pelas Olimpíadas. Mas não foi o primeiro.
O nadador australiano Mack Horton, que derrotou Sun na final dos 400m livres, já havia deixado claro o que pensava.
"Não tenho tempo para os que se dopam", assegurou, após explicar que havia negado cumprimentar o chinês durante um treinamento.
Inclusive o "rei" Michael Phelps permitiu-se fazer um comentário sobre o assunto: "É triste que hoje em dia existam pessoas que deem positivo, inclusive duas vezes em alguns casos, e possam continuar nadando em uma Olimpíada. Me incomoda".
Os problemas parecem, então, sacudir o tranquilo universo dos Jogos Olímpicos.
Até o ponto que o COI, por meio de seu porta-voz Mark Adams, decidiu quebrar o silêncio: "Estimulamos obviamente a liberdade de expressão, mas ao mesmo tempo, os Jogos são o respeito ao outro e o respeito ao direito dos outros de participarem em competições (...) com tranquilidade, sem serem agredidos. Sendo assim, estimulamos os atletas a respeitarem seus adversários".
Mas os tempos estão mudando e as críticas podem não ser mais do que os primeiros sintomas de uma revolta generalizada.
"Quando vejo o pódio dos 200 metros livres, tenho vontade de vomitar. Sun Yang 'mija' roxo!", indignou-se Camille Lacourt, quinto lugar na final dos 100m costas, resumindo sem rodeios o incômodo de muitos nadadores.
A participação de atletas suspensos anteriormente por serem flagrados no exame antidoping se tornou em poucos dias um tema desagradável no Rio de Janeiro.
A responsabilidade é do Comitê Olímpico Internacional (COI), cuja decisão de não excluir toda a equipe russa dos Jogos do Rio acabou se voltando contra ele.
O COI condicionou a presença dos atletas russos a um requisito inesperado: a exclusão dos que foram punidos anteriormente por uso de substâncias proibidas, mesmo que já tenham cumprido a sua suspensão.
A primeira dificuldade dessa decisão é que o critério estabelecido não é legal. O Tribunal Arbitral Esportivo (TAS) reviu esse parecer aceitando o recurso de inúmeros atletas russos afetados.
É o caso de Yulia Efimova: ela foi suspensa por 16 meses em 2014 por uso esteroides e recentemente voltou a testar positivo para o controverso Meldonium, mas estará no Rio.
Segundo problema: o critério é injusto. Por que aplicá-lo apenas aos russos quando o doping é universal?
É o caso do chinês Sun Yang, que deu positivo em 2014 e ficou suspenso durante três meses. Sua presença nas piscinas do Rio tem suscitado críticas de alguns adversários.
Mas o pior, provavelmente, ainda está por vir.
Na natação, o sul-coreano Park Tae-hwan está competido, ainda que tenha falhado em suas primeiras disputas.
Park, quatro vezes medalhista olímpico, testou positivo para esteroides em 2014 e cumpriu sua pena de 18 meses de suspensão, mas seu comitê olímpico nacional o proibiu de competir durante três anos.
O campeão olímpico de 2008 recorreu ao TAS, que condenou esta proibição alegando que ele estava sofrendo uma dupla pena por um mesmo feito.
No domingo, o atletismo, profundamente sacudido pelas revelações sobre o escândalo de doping de Estado na Rússia, poderia levar como exemplo a natação com a final dos 100m, em que muitos participantes são repescados de última hora.
Em primeiro lugar, destaca-se o americano Justin Gatlin, suspenso duas vezes ao longo de sua carreira e afastado das pistas durante cinco anos, e que só deve sua permanência na competição a uma flexibilização da luta contra o doping.
Existe um limite e muitos atletas começam a pensar que já se superaram.
Lacourt acendeu assim outra chama diferente da trazida pelas Olimpíadas. Mas não foi o primeiro.
O nadador australiano Mack Horton, que derrotou Sun na final dos 400m livres, já havia deixado claro o que pensava.
"Não tenho tempo para os que se dopam", assegurou, após explicar que havia negado cumprimentar o chinês durante um treinamento.
Inclusive o "rei" Michael Phelps permitiu-se fazer um comentário sobre o assunto: "É triste que hoje em dia existam pessoas que deem positivo, inclusive duas vezes em alguns casos, e possam continuar nadando em uma Olimpíada. Me incomoda".
Os problemas parecem, então, sacudir o tranquilo universo dos Jogos Olímpicos.
Até o ponto que o COI, por meio de seu porta-voz Mark Adams, decidiu quebrar o silêncio: "Estimulamos obviamente a liberdade de expressão, mas ao mesmo tempo, os Jogos são o respeito ao outro e o respeito ao direito dos outros de participarem em competições (...) com tranquilidade, sem serem agredidos. Sendo assim, estimulamos os atletas a respeitarem seus adversários".
Mas os tempos estão mudando e as críticas podem não ser mais do que os primeiros sintomas de uma revolta generalizada.
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