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Patrocinadores abandonam Ryan Lochte após escândalo na Rio-2016

22/08/2016 19h35

Washington, 22 Ago 2016 (AFP) - O astro da natação olímpica caído em desgraça Ryan Lochte perdeu quatro patrocinadores nesta segunda-feira (22), após ter mentido ao afirmar que foi vítima de assalto à mão armada no Rio de Janeiro, durante as Olimpíadas, e admitido posteriormente ter "exagerado" em sua história.

A marca global de trajes de banho Speedo e a grife americana Ralph Lauren lideraram a lista de empresas que anunciaram que vão encerrar o vínculo que mantinham com o americano de 32 anos, pois seus atos não refletem os "valores" que ambas desejam promover.

A fabricante de colchões Airweave e a Syneron Candela, companhia mãe de um sistema de depilação a laser que Lochte promovia, rapidamente as seguiram.

Lochte afirmou que ele e outros três colegas da equipe americana de natação - todos medalhistas de ouro no Rio - foram abordados por assaltantes que fingiam ser policiais, enquanto se dirigiam de táxi da Lagoa (zona sul do Rio) para a Vila dos Atletas, na Barra da Tijuca (zona oeste), após saírem de uma festa.

Ele se viu rapidamente enredado em uma polêmica, depois que a Polícia Civil contestou sua versão e apresentou provas de que, na verdade, o grupo tinha sido impedido de seguir viagem pelo segurança de um posto de gasolina, onde - aparentemente liderado por Lochte, embriagado -, o grupo depredou o banheiro do estabelecimento.

"A Speedo USA anuncia hoje a decisão de suspender o patrocínio de Ryan Lochte", informou a companhia em um comunicado.

A empresa também anunciou que doará 50.000 dólares provenientes dos direitos de Lochte à ONG Save the Children, para ajudar crianças brasileiras.

"Embora tenhamos desfrutado de uma relação positiva com Ryan por uma década, e ele tenha sido um membro importante da equipe Speedo, não podemos aceitar um comportamento contrário aos valores que essa marca apoia há muito tempo", acrescentou a empresa.

"Agradecemos por suas múltiplas realizações e esperamos que siga em frente e aprenda com essa experiência", disse a Speedo USA, referindo-se a Lochte, que conquistou um total de 12 medalhas em competições olímpicas durante sua carreira, seis delas de ouro.

Em declaração ao canal E! News, Lochte afirmou estar "agradecido pelas oportunidades" proporcionadas a ele por seus vínculos com a Speedo - um contrato de dez anos que estava previsto para terminar este ano, segundo o canal de notícias esportivas ESPN.

A Ralph Lauren, que vestiu a delegação americana nas cerimônias de abertura e de encerramento dos Jogos do Rio, também anunciou que o contrato com Lochte não será renovado.

"A Ralph Lauren continua a patrocinar orgulhosamente as delegações olímpicas e paralímpicas e os valores que seus atletas encarnam", destacou a marca em um comunicado.

"O acordo da Ralph Lauren com Ryan Lochte era específico para os Jogos Olímpicos Rio-2016, e a companhia não vai renovar este contrato", acrescentou a grife.

A fabricante de colchões Airweave anunciou no Twitter que está encerrando sua parceria com Lochte, que também tinha se limitado às Olimpíadas do Rio.

Já a Syneron Candela informou em um comunicado enviado à ESPN que "esperamos [um trabalho de] alto padrão dos nossos funcionários e esperamos o mesmo dos nossos parceiros de negócios. Desejamos que Ryan se saia bem em seus empreendimentos futuros e agradecemos a ele pelo tempo que levou apoiando nossa marca".

"Exagerado"Após apresentar um pedido de desculpas amplamente criticado na Internet como parcial, Lochte admitiu, em entrevista à emissora NBC, transmitida no sábado, "ter deixado alguns detalhes de fora" e "exagerado algumas partes da história".

Ele também reconheceu que estava embriagado quando deu a primeira versão sobre o incidente, acrescentando: "Eu decepcionei minha equipe".

Logo após o incidente, Lochte voou de volta para os Estados Unidos, enquanto os outros três nadadores - Gunnar Bentz, Jack Conger e Jimmy Feigen - permaneceram no Brasil.

Na quinta-feira, a Polícia divulgou imagens de um circuito fechado de vídeo sobre o que aconteceu no posto de gasolina.

Os atletas, que pareciam embriagados, estavam em um táxi quando decidiram parar em um posto de gasolina para usar o banheiro nas primeiras horas da manhã.

Lochte e os outros vandalizaram o local próximo ao banheiro e, segundo o gerente do local, urinaram nas paredes.

Confrontados por um segurança, eles tentaram sair do local. Quando o impasse se intensificou, o segurança pegou sua arma e fez todos se sentarem no chão, à espera da Polícia.

Após dar US$ 20 e duas notas de R$ 50 para reparar os danos que tinham causado ao posto, os quatro saíram ilesos do local e voltaram para a Vila dos Atletas.

"Não houve assalto do tipo reportado pelos atletas", disse o chefe da Polícia Civil do Rio, Fernando Veloso, durante coletiva de imprensa.

As falsas alegações de Lochte provocaram grande constrangimento às autoridades olímpicas, pois reforçaram as preocupações com a segurança durante os Jogos, para os quais as autoridades brasileiras mobilizaram 85 mil policiais e membros das Forças Armadas - o dobro do contingente empregado nos Jogos Olímpicos de Londres-2012.

O atleta ainda pode sofrer punições disciplinares pelo incidente. Tanto a equipe de natação dos Estados Unidos quanto o Comitê Olímpico Internacional (COI) poderão sancioná-lo.