Cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos Rio-2016, entre samba e protestos
Rio de Janeiro, 8 Set 2016 (AFP) - Os Jogos Paralímpicos Rio-2016, os primeiros da América do Sul, começaram nesta quarta-feira com a cerimônia de abertura, embalada por muito samba e protestos.
O fogo paralímpico brilhará no Maracanã até 18 de setembro no Rio de Janeiro, onde 4.342 atletas deficientes de 160 delegações, incluindo uma equipe de refugiados, passarão mensagem de determinação, força e superação.
"Verão o verdadeiro significado do esporte e da habilidade", declarou o presidente do Comitê Paralímpico Internacional (CPI), Phlip Craven. "Obrigado aos cariocas e brasileiros", agradeceu o dirigente em português antes de Clodoaldo Silva, maior medalhista do Brasil, acender a pira olímpica.
Futebol para cegos, atletismo, rúgbi e voleibol sentado, natação, esgrima e equitação são os destaques do programa de 22 esportes da 15ª edição dos Jogos Paralímpicos, que termina em 18 de setembro.
Uma vaia ensurdecedora dificultou ouvir o presidente Michel Temer, que assumiu o poder após a destituição de Dilma Rousseff, no momento do anunciou da abertura dos Jogos.
O "Fora Temer!" dos protestos rugiu nas tribunas do Maracanã, mas a fúria do público se acalmou com o bonito espetáculo de uma cerimônia que se prolongou por quatro horas.
Antes da cerimônia também foi possível ouvir gritos contra Temer, que assumiu a presidência em 31 de agosto e que, como interino, havia inaugurado os Jogos Olímpicos em agosto, também sob vaias.
- Bach ausente -Na tribuna de honra do estádio não estava presente o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), o alemão Thomas Bach, que participou nesta quarta-feira do velório do ex-presidente alemão Walter Scheel, falecido em Berlim aos 97 anos.
É a primeira vez desde 1984 que um presidente do COI não participa da cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos e, "por enquanto, não está previsto que o presidente (Bach) vá ao Brasil", anunciou o COI em comunicado.
Segundo a imprensa, a polícia cogitava interrogar Bach sobre o escândalo de revenda ilegal de ingressos no qual foi preso o irlandês Patrick Hickey.
Em mensagens interceptadas pela polícia, Hickey, presidente suspenso do Comitê Olímpico da Irlanda e membro da direção do COI, teria pedido a Bach mais ingressos para a cerimônia de abertura da Rio-2016, reclamando ter recebido apenas 38 ingressos, quando em Londres-2012 teve acesso a 84.
Hickey, proibido de deixar o Brasil, se manteve em silêncio durante interrogatório na terça-feira, no Rio.
"O COI não pode comentar histórias publicadas pela imprensa ou investigações judiciais sobre o senhor Hickey", que goza como qualquer investigado de "presunção de inocência", afirmou a entidade à AFP em Lausana, na Suíça.
- "O mundo é carioca" -A cerimônia começou no fim da tarde carioca com uma roda de samba, que mais uma vez mostrou a riqueza musical e a vitalidade do Brasil, atolado em uma severa crise econômica e política.
De repente, o Maracanã se transformou em praia, na qual passeavam os típicos vendedores ambulantes, as famosas barracas e o tradicional aplauso ao pôr do sol, tudo sob a música de Jorge Ben Jor, que repetia: "O Rio de Janeiro continua lindo".
Um momento emocionante aconteceu quando foi tocado o hino do Brasil, interpretado pelo maestro João Carlos Martins, que precisou abandonar o piano em um momento na carreira devido à atrofia nas mãos, mas logo retomou o instrumento, mostrando que ainda tem talento de sobra.
Em seguida, chegaram os protagonistas da festa: os atletas, que desfilavam ao ritmo contagiante. Os nomes das delegações eram expostos em quebra-cabeças que iam se juntando no meio do palco.
Concebida pela designer gráfico Fred Gelli, o escritor Marcelo Rubens Paiva e o artista plástico Vik Muniz, a cerimônia de abertura tem como tema "Cada corpo tem um coração" e "acentua a condição humana, os sentimentos, as dificuldades, a solidariedade e o amor", segundo a organização.
- Grande expectativa -Berço do Paralimpismo, a Grã-Bretanha elevou o padrão nesse tipo de evento, organizando em sua capital Jogos recorde e sem falhas há quatro anos, que serviram de modelo.
Os Jogos do Rio correm o risco de mostrar uma cara pior que a dos Jogos Olímpicos, nos quais a torcida brasileira demonstrava muito interesse pelos atletas do país, e pouco ou nenhum atrativo pelos personagens estrangeiros.
Mesmo assim, a organização garante que vendeu 1,6 milhão de ingressos e espera que o milhão restante sejam esgotado nos próximos dias.
Essa questão será chave, porque os cofres estão vazios e a falta de patrocinadores e os gastos imprevistos dos Jogos Olímpicos afetaram o orçamento global da Rio-2016.
- Esquecer a deficiência -Cerca de 6,2% dos mais de 200 milhões de brasileiros têm alguma deficiência, segundo números oficiais divulgados em 2015.
Os desafios são inumeráveis.
Não há calçadas, ou estão cheias de buracos; os semáforos não têm aviso sonoro; não há rampas, ou são tão inclinadas que obrigam a pessoa com deficiência a fazer uma força brutal para subi-las; as rampas dos ônibus não funcionam, ou o motorista não sabe operá-las; e ainda há táxis que evitam transportar pessoas com deficiência...
E em meio à crise e críticas, chegou ao Rio o fogo paralímpico com uma mensagem de igualdade, determinação, inspiração, coragem, poder de transformação e paixão pelo esporte.
Futebol para cegos, atletismo, rúgbi e voleibol sentado, natação, esgrima e equitação são os destaques do programa de 22 esportes desta edição, dois a mais em relação a Londres-2012, com a inclusão da canoagem e do triatlo.
Os atletas, que vêm se preparando há quatro anos, estão prontos para mostrar que sua deficiência não é impedimento para conseguir uma medalha. A poderosa delegação russa não estará presente, excluída dos Jogos devido ao grande escândalo de doping estatal no país.
O fogo paralímpico brilhará no Maracanã até 18 de setembro no Rio de Janeiro, onde 4.342 atletas deficientes de 160 delegações, incluindo uma equipe de refugiados, passarão mensagem de determinação, força e superação.
"Verão o verdadeiro significado do esporte e da habilidade", declarou o presidente do Comitê Paralímpico Internacional (CPI), Phlip Craven. "Obrigado aos cariocas e brasileiros", agradeceu o dirigente em português antes de Clodoaldo Silva, maior medalhista do Brasil, acender a pira olímpica.
Futebol para cegos, atletismo, rúgbi e voleibol sentado, natação, esgrima e equitação são os destaques do programa de 22 esportes da 15ª edição dos Jogos Paralímpicos, que termina em 18 de setembro.
Uma vaia ensurdecedora dificultou ouvir o presidente Michel Temer, que assumiu o poder após a destituição de Dilma Rousseff, no momento do anunciou da abertura dos Jogos.
O "Fora Temer!" dos protestos rugiu nas tribunas do Maracanã, mas a fúria do público se acalmou com o bonito espetáculo de uma cerimônia que se prolongou por quatro horas.
Antes da cerimônia também foi possível ouvir gritos contra Temer, que assumiu a presidência em 31 de agosto e que, como interino, havia inaugurado os Jogos Olímpicos em agosto, também sob vaias.
- Bach ausente -Na tribuna de honra do estádio não estava presente o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), o alemão Thomas Bach, que participou nesta quarta-feira do velório do ex-presidente alemão Walter Scheel, falecido em Berlim aos 97 anos.
É a primeira vez desde 1984 que um presidente do COI não participa da cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos e, "por enquanto, não está previsto que o presidente (Bach) vá ao Brasil", anunciou o COI em comunicado.
Segundo a imprensa, a polícia cogitava interrogar Bach sobre o escândalo de revenda ilegal de ingressos no qual foi preso o irlandês Patrick Hickey.
Em mensagens interceptadas pela polícia, Hickey, presidente suspenso do Comitê Olímpico da Irlanda e membro da direção do COI, teria pedido a Bach mais ingressos para a cerimônia de abertura da Rio-2016, reclamando ter recebido apenas 38 ingressos, quando em Londres-2012 teve acesso a 84.
Hickey, proibido de deixar o Brasil, se manteve em silêncio durante interrogatório na terça-feira, no Rio.
"O COI não pode comentar histórias publicadas pela imprensa ou investigações judiciais sobre o senhor Hickey", que goza como qualquer investigado de "presunção de inocência", afirmou a entidade à AFP em Lausana, na Suíça.
- "O mundo é carioca" -A cerimônia começou no fim da tarde carioca com uma roda de samba, que mais uma vez mostrou a riqueza musical e a vitalidade do Brasil, atolado em uma severa crise econômica e política.
De repente, o Maracanã se transformou em praia, na qual passeavam os típicos vendedores ambulantes, as famosas barracas e o tradicional aplauso ao pôr do sol, tudo sob a música de Jorge Ben Jor, que repetia: "O Rio de Janeiro continua lindo".
Um momento emocionante aconteceu quando foi tocado o hino do Brasil, interpretado pelo maestro João Carlos Martins, que precisou abandonar o piano em um momento na carreira devido à atrofia nas mãos, mas logo retomou o instrumento, mostrando que ainda tem talento de sobra.
Em seguida, chegaram os protagonistas da festa: os atletas, que desfilavam ao ritmo contagiante. Os nomes das delegações eram expostos em quebra-cabeças que iam se juntando no meio do palco.
Concebida pela designer gráfico Fred Gelli, o escritor Marcelo Rubens Paiva e o artista plástico Vik Muniz, a cerimônia de abertura tem como tema "Cada corpo tem um coração" e "acentua a condição humana, os sentimentos, as dificuldades, a solidariedade e o amor", segundo a organização.
- Grande expectativa -Berço do Paralimpismo, a Grã-Bretanha elevou o padrão nesse tipo de evento, organizando em sua capital Jogos recorde e sem falhas há quatro anos, que serviram de modelo.
Os Jogos do Rio correm o risco de mostrar uma cara pior que a dos Jogos Olímpicos, nos quais a torcida brasileira demonstrava muito interesse pelos atletas do país, e pouco ou nenhum atrativo pelos personagens estrangeiros.
Mesmo assim, a organização garante que vendeu 1,6 milhão de ingressos e espera que o milhão restante sejam esgotado nos próximos dias.
Essa questão será chave, porque os cofres estão vazios e a falta de patrocinadores e os gastos imprevistos dos Jogos Olímpicos afetaram o orçamento global da Rio-2016.
- Esquecer a deficiência -Cerca de 6,2% dos mais de 200 milhões de brasileiros têm alguma deficiência, segundo números oficiais divulgados em 2015.
Os desafios são inumeráveis.
Não há calçadas, ou estão cheias de buracos; os semáforos não têm aviso sonoro; não há rampas, ou são tão inclinadas que obrigam a pessoa com deficiência a fazer uma força brutal para subi-las; as rampas dos ônibus não funcionam, ou o motorista não sabe operá-las; e ainda há táxis que evitam transportar pessoas com deficiência...
E em meio à crise e críticas, chegou ao Rio o fogo paralímpico com uma mensagem de igualdade, determinação, inspiração, coragem, poder de transformação e paixão pelo esporte.
Futebol para cegos, atletismo, rúgbi e voleibol sentado, natação, esgrima e equitação são os destaques do programa de 22 esportes desta edição, dois a mais em relação a Londres-2012, com a inclusão da canoagem e do triatlo.
Os atletas, que vêm se preparando há quatro anos, estão prontos para mostrar que sua deficiência não é impedimento para conseguir uma medalha. A poderosa delegação russa não estará presente, excluída dos Jogos devido ao grande escândalo de doping estatal no país.
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