Topo

Chapecoense volta a jogar e toda a cidade se veste de verde

21/01/2017 15h12

Chapecó, Brasil, 21 Jan 2017 (AFP) - A Chapecoense, com um elenco reconstruído, recebe neste sábado em seu estádio o Palmeiras, para a disputa de um amistoso que festejará a vontade de sobrevivência deste pequeno clube catarinense, que ganhou fama mundial, após ser dizimado por um acidente aéreo.

A partida tem pontapé inicial marcado para às 16h30, horário de Brasília, mas o público foi convidado para chegar uma hora antes na Arena Condá, em Chapecó, para cobrir de verde, cor da equipe, as velhas arquibancadas do estádio.

Cerca de 20.000 pessoas assistirão, antes do início do jogo, à entrega da taça da Copa Sul-Americana de 2016 aos três sobreviventes da tragédia: o zagueiro Neto, o lateral Alan Ruschel e o goleiro Jackson Follmann.

A equipe viajava rumo a Medellin no dia 28 de novembro para disputar contra o Atlético Nacional a partida de ida da final da Copa Sul-Americana, quando o avião caiu em uma região montanhosa da Colômbia. Das 77 pessoas a bordo, 71 faleceram. Os outros sobreviventes são o repórter de rádio Rafael Henzel e dois tripulantes bolivianos, Ximena Suárez e Erwin Tumiri.

A Chape, que em 2009 disputava a 4ª divisão nacional, foi proclamada campeã da Copa Sul-Americana a pedido do próprio adversário da final, o Atlético Nacional.

"Teremos o privilégio de levantar esse troféu e tenho certeza que os que nos deixaram, se estiverem nos olhando lá de cima, ficarão felizes de nos ver realizando este gesto", declarou na sexta-feira Alan Ruschel, em coletiva de imprensa.

- Renascimento -As vítimas do acidente serão representadas em campo por familiares, que receberão as medalhas oficiais do título.

Na sexta-feira, as famílias se reuniram com a direção do clube para abordar o delicado assunto das indenizações por parte da companhia aérea boliviana LaMia, "responsável direta" pelo acidente, segundo as autoridades locais, que mandaram prender o diretor da empresa em dezembro.

Metade da arrecadação do amistoso será destinada às famílias das vítimas, enquanto a outra metade ajudará na reconstrução do clube, que contratou 22 jogadores em tempo recorde para remontar seu elenco.

Rafael Henzel também retornará ao trabalho, como narrador da rádio Oeste Capital, nesta partida. "Será um rito de passagem, tanto para mim como para todos os torcedores que participaram (em dezembro) das cerimônias fúnebres. Precisamos de momentos como esse, são um renascimento", afirmou o sobrevivente.

- Camisas esgotadas -Enquanto espera para voltar a competir a nível continental, a Chapecoense se encontra novamente no centro das atenções do mundo do futebol.

No total, 241 jornalistas de nove países estão credenciados para o amistoso deste sábado contra o Palmeiras.

"Somos uma comunidade pequena, não estamos acostumados com essa notoriedade. Mas esta comoção mundial nos reconfortou. A enorme onda de solidariedade nos ajudou a reerguer a cabeça e olhar para frente", afirmou à AFP o prefeito de Chapecó, Luciano Buligon.

A cidade, de cerca de 200.000 habitantes, se vestiu de verde, a cor da equipe e, mais do que nunca, da esperança, para poder voltar a brilhar com novos feitos de seu clube.

Cinco horas antes do pontapé inicial, uma centena de torcedores se abarrotava nas bilheterias da Arena Condá para tentar comprar os últimos lugares disponíveis.

Entre eles o argentino Miguel Alvarez, que veio especialmente de Tucuman para assistir à partida. "Essa tragédia nos afetou, então queríamos trazer nossa pequena colaboração para reerguer essa equipe", afirmou à AFPTV.

Além das fronteiras de Chapecó, o 'Verdão do Oeste' se tornou o segundo time no coração de muitos torcedores brasileiros.

As camisas da Chapecoense são campeãs de venda em todo o país, se esgotando diversas vezes na loja online da equipe.