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Zidane quer se juntar a Arrigo Sacchi como bicampeão da Champions

Zinedine Zidane pode ganhar a Liga dos Campeões pelo segundo ano seguido - Pierre-Philipe Marcou/AFP
Zinedine Zidane pode ganhar a Liga dos Campeões pelo segundo ano seguido Imagem: Pierre-Philipe Marcou/AFP

Da AFP, em Paris (França)

29/05/2017 13h53

O francês Zinedine Zidane já faz parte da história do futebol como jogador, mas agora quer garantir mais um espaço no seleto hall de grandes treinadores que venceram a Liga dos Campeões duas vezes seguidas, no sábado (3), na final entre Real Madrid e Juventus.

Ninguém conseguiu a façanha no novo formato da competição, vigente desde 1992/1993. No modelo anterior, o último a conseguir o bicampeonato foi Arrigo Sacchi, com o Milan, em 1989 e 1990, bem antes da Lei Bosman entrar em vigor em 1995, permitindo às superpotências europeias investirem milhões para conquistar a taça continental.

Depois de conquistar o mundo com a bola nos pés, Zidane agora tem a chance de sentar ao lado de Sacchi. Para isso, precisa vencer seu antigo clube, em Cardiff.

A transformação do campo para o banco de reservas já é um sucesso incontestável. Em apenas 18 meses, Zizou se tornou o segundo treinador francês a levar sua equipe duas vezes seguidas para a final da Champions. O primeiro foi o argentino Helenio Herrera, na Inter de Milão (1964 e 1965).

Pouco tempo depois de assumir o time principal dos merengues, em janeiro de 2016, Zidane conseguiu levantar todos os campeonatos importantes possíveis: Liga dos Campeões (2016), Supercopa de Europa (2016), Mundial de Clubes (2016) e Liga Espanhola (2017), este último quebrando seca de cinco anos sem vencer.

Na próxima temporada, o francês vai buscar os títulos da Supercopa da Espanha e a Copa do Rei, os últimos dois troféus que ainda precisa conquistar com a equipe.

"Gestor inteligente" x Teórico do jogo

Mas a atual missão do comandante é levantar, na mesma temporada, os títulos espanhol e da Champions. A última vez que o Real Madrid venceu as duas competições no mesmo ano foi em 1958.

"Ele continua sendo um ser humano, apesar do que fez como jogador e do que está fazendo como treinador, que é excepcional. Acho que é o início de carreira de técnico imaginado por ele", afirmou o zagueiro compatriota Raphael Varane, no último domingo, em entrevista ao programa 'Téléfoot' da televisão TF1.

Apesar de não ser um teórico do jogo, dono de ideias táticas revolucionárias - como Sacchi, Johan Cruyff e o contemporâneo Pep Guardiola -, Zidane é um treinador apegado ao jogo bonito e à posse de bola.

Mas para vencer, o método se aproximou à filosofia de Carlo Ancelotti. O italiano foi antigo mestre de Zidane, que se tornou o primeiro treinador a vencer quatro dos cinco grandes campeonatos com fórmula clara: boa gestão do elenco, em todos aspectos.

"Demonstrou uma gestão muito inteligente, junto com seus auxiliares. A prova está aí. Ganhamos um campeonato muito difícil, contra um dos melhores times do mundo, o Barcelona", lembrou o craque português Cristiano Ronaldo, após a conquista da Liga. CR7 avaliou o trabalho de Zizou como "fenomenal".

Zidane contra o ex-time

"Estou a caminho de realizar um final de temporada espetacular, melhor que os anos anteriores, porque fiz uma preparação mais inteligente, com ajuda do treinador", acrescentou o quatro vezes melhor do mundo. Ronaldo balançou as redes 14 vezes, nas últimas nove partidas.

No entanto, o mais difícil ainda está por vir. Zidane vai encarar na decisão da Champions a Juventus, clube que defendeu cinco anos entre 1996 e 2001.

Com defesa de ferro liderada pelo experiente goleiro Gianluigi Buffon e com os argentinos Dybala e Higuaín aterrorizando os rivais, a Velha Senhora nunca esteve tão próxima de conquistar a tríplice coroa.

"No plano da solidez e da experiência, esta Juventus é a melhor dos últimos anos. Estamos caminhando para viver um período extraordinário", declarou David Trezeguet.

"Temos uma solidez defensiva e uma força ofensiva para desequilibrar o jogo a qualquer momento", acrescentou o ex-companheiro de Zidane na seleção francesa.