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Seis pessoas são indiciadas por tragédia que matou 96 em estádio em 1989

Homenagem feita às vítimas da tragédia ocorrida no estádio Hillsborough (17 de abril de 1989) - AP
Homenagem feita às vítimas da tragédia ocorrida no estádio Hillsborough (17 de abril de 1989) Imagem: AP

28/06/2017 08h13

Warrington, Reino Unido, 28 Jun 2017 (AFP) - Seis pessoas, incluindo quatro policiais, tornaram-se nesta quarta-feira (28) os primeiros indiciados pela tragédia no estádio de Hillsborough, em 1989, na qual 96 torcedores do Liverpool morreram.

"Decidi que há evidências suficientes para indiciar seis indivíduos", afirma Sue Hemming, da Promotoria, em um comunicado.

O texto enumera acusações relacionadas às decisões que permitiram a aglomeração causadora da asfixia dos torcedores, assim como à investigação parcial realizada posteriormente.

Os 96 torcedores do Liverpool morreram asfixiados, esmagados contra uma grade do estádio de Hillsborough, em Sheffield, em 1989, depois que a polícia decidiu abrir os portões, e as pessoas entraram de modo descontrolado no local.

Os indiciamentos desta quarta-feira resultam da investigação, encerrada em abril de 2016, que concluiu que a morte dos torcedores foi um crime de negligência, e não um acidente, um acontecimento no qual os torcedores não tiveram qualquer culpa.

Inicialmente, no entanto, a Polícia e parte da imprensa culparam os torcedores. Segundo a versão oficial da época, eles estariam bêbados e teriam forçado a entrada no estádio sem ingressos, em um contexto em que a opinião pública estava condicionada por outra tragédia.

Três anos antes, em 1986, torcedores do Liverpool invadiram o lado da arquibancada da torcida da Juventus na final da Copa da Europa, em Heysel (Bélgica). Pressionadas contra a grade, 39 pessoas morreram antes da partida (1-0 para a Juventus).

Os indiciados nesta quarta-feira são: David Duckenfield, comandante do dispositivo policial que supervisionava a partida; Graham Henry Mackrell, diretor de segurança do Sheffield Wednesday, clube proprietário do estádio; Peter Metcalf, advogado que representou a Polícia nas primeiras investigações; Donald Denton, comandante na época da Polícia do condado de South Yorkshire; Alan Foster, ex-inspetor chefe de Polícia do mesmo condado; e Norman Bettison, outro oficial de Polícia.

Duckenfield é acusado pelo crime de "homicídio por negligência grave".

Anualmente, o Liverpool faz cerimônia em homenagem aos torcedores que morreram. O clube inglês chegou a pedir para não jogar em 15 de abril de 2009, quando se completava 20 anos da tragédia.