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Razões do renascimento de Roger Federer

16/07/2017 16h10

Londres, 16 Jul 2017 (AFP) - O suíço Roger Federer chegou ao oitavo título no tapete verde de Wimbledon, neste domingo. Mas para alimentar a paixão pelo seu Grand Slam preferido, o suíço precisou rever o estilo de jogo e apostar no descanso.

. A paixãoO prestigioso torneio na grama é habitat natural de Federer, assim como Roland Garros é para o espanhol Rafael Nadal. O suíço conquistou o torneio júnior pela primeira vez em 1998. Cinco anos depois, levantou o primeiro dos oito troféus em Londres, recorde masculino.

Após derrota na semifinal de 2016 para o canadense Milos Raonic, Federer se retirou do circuito para operar o joelho esquerdo, já pensando na edição do ano seguinte. O hiato de conquistas de Federer em Wimbledon durou cinco anos, desde a última taça em 2012.

Em Londres, Roger Federer demonstra a mesma vontade de um jovem que busca projeção. Seu jogo beira a perfeição sobre a grama: "não tenho problemas de adaptação. É algo natural para mim", explica o suíço.

Federer nunca escondeu a preferência pelo torneio. Os organizadores e o público agradecem. O tenista é um dos "mimados" da competição, junto com o local Andy Murray, e jogou todos os jogos na venerada quadra central do All England Club, a única com teto retrátil. Privilégio que alguns dos seus principais rivais, como Djokovic e Nadal, não têm.

. A arte do descanso"Este cara não dá a sensação de envelhecer", lamentou o tcheco Tomas Berdych, depois de ser derrotado nas semifinais para o "Maestro".

Se Federer consegue manter o ritmo na elite do tênis com quase 36 anos, completos no próximo dia 8 de agosto, é porque soube estabelecer períodos de descanso durante a temporada.

No ano passado, ficou seis meses sem entrar em quadra, recuperando-se de lesão no joelho após Wimbledon. A parada saiu melhor que a encomenda.

Em 2017, Federer começou o ano de maneira muito intensa, com o título do Aberto da Austrália. Foi o primeiro Grand Slam depois de quatro anos e meio de seca.

O tenista também levantou os Masters 1000 de Indian Wells e Miami e parou mais dez semanas para se preparar para Wimbledon, abdicando de toda temporada no saibro, inclusive Roland Garros.

O resultado foi um Federer muito fresco em Londres, "tanto fisicamente quanto mentalmente".

. Estilo de jogo em eterna renovaçãoFederer precisou evoluir o estilo de jogo para continuar vencendo. Para voltar para o topo do tênis mundial, a primeira decisão foi trocar de raquete, opção arriscada que requer tempo de adaptação.

O longo período de treinamentos do ano passado permitiu que o suíço se familiarizasse com a nova arma, com mais área de cordas e que começou a utilizar em 2014. "Me ajudou com o resto e a ser mais agressivo nas trocas de golpes", explicou após a vitória sobre Nadal na decisão em Indian Wells.

Federer superou o rival espanhol três vezes no início da temporada 2017, boa parte do desempenho por conta na mudança da raquete. O suíço usa menos o "slice" e bate mais em cheio do que costumava fazer, o que o torna mais imprevisível.

A evolução está ligada ao técnico croata Ivan Ljubicic, que também batia o "backhand" com apenas uma mão, assim como o suíço.

Ex-número 3 do munto, Ljubicic se uniu ao time de trabalho de Federer em dezembro de 2015, substituindo o sueco Stefan Edberg, ídolo da juventude. "Roger e eu esperamos de Ivan um novo olhar", declarou Severin Lüthi, técnico principal do suíço desde 2008.