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Paris e Los Angeles esperam confirmação do COI, abalado pela Rio-2016

11/09/2017 17h17

Lima, 11 Set 2017 (AFP) - Paris vai sediar os Jogos Olímpicos de 2024 e Los Angeles de 2028, mas o que parecia ser um encontro tranquilo do Comitê Olímpico Internacional (COI) para oficializar as sedes das próximas Olimpíadas se agitou com as suspeitas de corrupção nos Jogos do Rio-2016.

Diferentemente das últimas votações, Lima esperava apenas celebrações com o encontro que vai definir os organizadores dos Jogos de 2024 e 2028. Pela primeira vez, o COI definiu atribuir dupla votação após as desistências de Hamburgo, Budapeste, Boston e Roma para organizar os jogos.

Estas cidades cederam aos pedidos dos cidadãos, inconformados com os valores envolvidos para organizar as competições e cujo legado das obras não compensa, segundo suas populações.

A última edição dos Jogos deixou elefantes brancos que os cariocas não podem desfrutar. O maior legado é a suspeita de corrupção, que ameaçar deixar o COI com os cabelos em pé.

O presidente Thomas Bach indicou que a dupla nomeação dos Jogos Olímpicos poderia ter estado na agenda desde dezembro do ano passado e lamentou que o processo de licitação tenha produzido perdedores demais.

Em julho, a dupla nomeação foi acordada e a decisão vai ser confirmada em Lima, com incentivo financeiro da metrópole americana que quer assumir contratos e compromissos até 2028.

- O outro 'legado' do Rio -Bach, que comemorou o acordo vencedor para as três partes - Los Angeles, Paris e COI - não conseguiu esconder a inquietação ao chegar em Lima na última quinta-feira.

O dirigente alemão garantiu que acompanha de perto as denúncias sobre a suposta compra de votos para eleger o Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016.

"Ainda não há provas, é cedo demais. A gente vai acompanhar de perto", comentou brevemente Bach em sua chegada ao Peru, onde vai participar da 131ª sessão do COI em Lima.

Na última terça-feira (5), as autoridades brasileiras realizaram grande operação contra o chefe da candidatura do Rio, Carlos Nuzman, suspeito de ter organizado o esquema de compra de votos em 2009. O objetivo era garantir que a cidade carioca superasse as concorrentes Madri, Tóquio e Chicago.

Nesta segunda-feira, Bach abriu a reunião do comitê executivo antes da dupla atribuição garantindo que esta vai ser um sucesso.

"Espero que estejam prontos para o que promete ser uma semana interessante e exitosa para o COI aqui em Lima", declarou Bach diante dos 12 membros do comitê executivo.

Ao seu lado, com as pressão por conta do escândalo do Rio de Janeiro, os líderes da candidatura de Paris 2024 prometeram jogos transparentes.

"Queremos colocar o foco no fato de que, desde o primeiro dia, temos a responsabilidade de sermos transparentes", garantiu Tony Estanguet, co-presidente da candidatura de Paris-2024.

Já o prefeito de Los Angeles manifestou em coletiva de imprensa em Lima que "vai apresentar os Jogos Olímpicos mais limpos que já foram vistos. Para nós é muito importante ter espírito esportivo dentro e fora do jogo".

Poucas horas depois, o COI emitiu comunicado informando que a Comissão de Ética da entidade vai pedir informações ao Brasil sobre a votação realizada em 2009, que escolheu o Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016. O COI reiterou que vai agir no momento em que existirem provas.

"A Comissão de Ética do COI está dando continuidade ao tema, A partir do momento que forem entregues as provas, vai agir", informou o comunicado.

- Votação informal -Os 130 membros do COI vão escolher as duas cidades que vão organizar as Olimpíadas de 2024 e 2028, com votação única, informal levantando as mãos.

A pergunta que vai ser feita aos mais de 100 membros do COI vai ser a seguinte: "você aprova o acordo de três partes que COI, Paris e Los Angeles encontraram?".

Desta forma, não haverá voto eletrônico secreto como de costume e a usual alegria dos dirigentes, funcionários e atletas pela vitória vai ser trocada por um aperto de mão amigável.

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