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Conselheiro de clube de Israel pede demissão por declarações sobre muçulmanos

14/09/2017 07h49

Jerusalém, 14 Set 2017 (AFP) - O conselheiro do Beitar Jerusalem, clube de futebol israelense conhecido pelos gritos racistas de seus torcedores, pediu demissão depois de declarar que um muçulmano nunca jogaria no clube, anunciou a equipe.

Eli Cohen, técnico que havia sido contratado há poucos dias como conselheiro pelo Beitar, recordou na quarta-feira o que chamou de experiências ruins no clube quando contratou jogadores muçulmanos no passado.

"Eu estava na linha de frente quando chegaram jogadores muçulmanos há cinco anos, por isso não contrataria nunca um jogador muçulmano para o clube", disse ao jornal Yedioth Aharonoth.

Cohen era o técnico do Beitar em 2013 quando o clube contratou dois jogadores muçulmanos da Chechênia.

As contratações provocaram reações revoltadas dos torcedores, que passaram a gritar frases racistas durante as partidas e treinos. O clube teve que contratar seguranças para proteger os atletas.

Eli Cohen disse que comandou "muitos jogadores árabes e muçulmanos" durante sua carreira e que o considera racista é "um imbecil".

O presidente do Beitar, Eli Ohana, o convocou no mesmo dia. Cohen pediu desculpas e apresentou o pedido de demissão, segundo uma fonte do clube.

O Beitar tem suas raízes na história da direita ultra-nacionalista israelense.

É o único clube da primeira divisão de Israel que não tem nenhum jogador árabe-muçulmano em sua história. Os torcedores são conhecidos pelos cânticos antipalestinos que pedem "morte aos árabes".

Também já cantaram músicas de apoio a Yigal Amir, extremista judeu que matou o primeiro-ministro Yitzhak Rabin em 1995.

O Beitar luta para mudar sua imagem. O clube, seis vezes campeão de Israel e atual líder do campeonato, recebeu em agosto um prêmio por sua luta contra o racismo, entregue pelo presidente de israelense.