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PF prende o presidente do COB por suspeita de corrupção na Rio-2016

05/10/2017 09h58

Rio de Janeiro, 5 Out 2017 (AFP) - A Polícia Federal (PF) prendeu nesta quinta-feira o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, investigado por sua suposta participação em uma rede internacional que teria comprado votos para que o Rio de Janeiro fosse escolhido sede dos Jogos Olímpicos em 2016.

Em um comunicado, a PF informou que cumpriu ordens de prisão temporária, tanto para Nuzman como para Leonardo Gryner, diretor-geral de operações do Comitê Rio-2016.

Os dois devem ser indiciados por delitos de "corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa", segundo o comunicado.

No início da manhã, policiais realizaram a operação batizada como "Unfair Play - Segundo Tempo" no bairro do Leblon, onde Nuzman mora. Poucas horas depois, o dirigente foi levado para a superintendência da PF no centro do Rio de Janeiro.

Além da detenção de Nuzman e Gryner, os agentes apreenderam documentos.

Em setembro, Nuzman já havia sido interrogado pela PF durante a operação "Unfair Play", que suspeita que o dirigente tenha sido o "ponto central de conexão" de uma trama de corrupção internacional que supostamente comprou votos para dar a vitória ao Rio de Janeiro na disputa pela sede olímpica de 2016.

Durante uma reunião no mês passado, o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, foi questionado sobre o papel de Nuzman, membro honorário da entidade. O dirigente alemão disse que a entidade tentaria ajudar a elucidar os fatos.

Após a detenção de Nuzman nesta quinta-feira, o novo diretor da Comissão de Ética do COI, Ban Ki-moon, pediu "todas as informações" às autoridades brasileiras para continuar com a investigação sobre o caso dentro do COI e ofereceu sua cooperação.

Na operação de setembro, a casa do dirigente foi alvo de operação de busca, assim como a sede do COB e várias empresas no Rio. Em Paris, a unidade anticorrupção francesa, que investiga desde 2015 suspeitas de corrupção na escolha das sedes Rio-2016 e Tóquio-2020, realizou uma busca na casa do empresário brasileiro Arthur Soares, que teria atuado como intermediário.

As autoridades suspeitam de que o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (2007-2014) - que cumpre uma condenação por corrupção passiva e por lavagem de dinheiro - era o cérebro do esquema que supostamente pagou 2 milhões de dólares em subornos ao senegalês Papa Massata Diack, filho do ex-presidente da Federação Internacional de Atletismo (IAAF) Lamine Diack.

O empresário Arthur Soares, conhecido como "Rei Arthur", que recebeu muitos contratos durante o governo de Cabral, teria sido o responsável por efetuar o pagamento apenas três dias antes da votação do Comitê Olímpico Internacional (COI) em Copenhague, em outubro de 2009, quando o Rio derrotou Chicago, Madri e Tóquio.