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Messi quer desencantar e viver glória com a Argentina

09/10/2017 15h44

Buenos Aires, 9 Out 2017 (AFP) - Para Lionel Messi, não basta ser um dos melhores jogadores da história, milionário, bater recordes e ganhar títulos sendo protagonista: o camisa 10 precisa triunfar vestindo o manto da seleção argentina.

Messi se sente incompleto, com o peso insuportável de não ter vencido nenhuma competição importante com a Argentina.

O atacante encara o Equador em Quito, nesta terça-feira, com um dos desafios mais difíceis da carreira: evitar que a seleção fique de fora da Copa do Mundo da Rùssia-2018. Seria uma catástrofe para sua ambição e para toda torcida do país.

E Messi expressou suas angústias com todas as letras: "a mancha que fica na minha carreira é a seleção. Jogamos várias finais e não vencemos nenhuma".

Podem não acreditar nele, pensando que já tem muito dinheiro, que se importa mais com o sucesso incomparável no Barcelona e que não sente a importância da camiseta alviceleste. Ou que não canta o hino argentino antes.

Mas existem provas sobre qual é seu sonho? Na quinta-feira, contra o Peru no mítico estádio "La Bombonera", viu-se pela televisão uma estranha imagem.

- Uma fera -A câmera passava pelo rosto dos jogadores e parou em Messi. O hino argentino soava com os dizeres "juramos morrer com glória", mas Messi não. O camisa 10 parecia fulminar algo ou alguém com os olhos, seu rosto tinha traços de fúria. Preparava a máquina de empilhar rivais.

Minutos depois, já dentro de campo, via-se a energia que saía de dentro do craque. Messi driblava os peruanos que passassem por seu caminho e queria fazer o gol sozinho.

Um dos melhores jogadores argentinos da história, Ricardo 'El Bocha' Bochini formulou a frase: "Messi não tem com quem jogar, ninguém se mexe para receber o passe". O time ao seu redor não funcionava.

Enrique Domínguez, técnico dos tempos de juvenil no Newell's Old Boys, disse à AFP que Messi "tem um caráter muito especial que não demonstra muito, deve se sentir muito angustiado".

Campeão do Mundo em 1986, Jorge Valdano disse que Messi parece inofensivo, mas rapidamente se transforma em "uma arma de destruição em massa".

- Desistência e retorno -Messi nunca negou sua timidez. É um tipo de pessoa que não brilha pelo carisma, aquele que é difícil de encontrar em uma festa.

Outra prova foi a renúncia da seleção argentina. Depois de comer a grama do MetLife Stadium de East Rutherford, próximo de Nova York, a Argentina perdeu a final da Copa América Centenário 2016 para o Chile. Messi queria sumir.

"Para mim terminou a seleção. Já tentei muito, dói não ser campeão com a Argentina, mas vou embora sem conseguir. É incrível, mas não dá para nós. Foram quatro finais que eu tive que perder", anunciou.

Perdeu a Copa América de 2007 para o Brasil, a final da Copa do Mundo para a Alemanha, em 2014, e outra Copa América para o Chile, em 2015.

"Trocaria minhas cinco Bolas de Ouro por uma Copa do Mundo", disse Messi em uma oportunidade. Só alguém que ama muito o futebol poderia sentir-se assim.

Seu livro preferido é um poema nacional de Martín Fierro, a comida que mais gosta é o churrasco com salada, típica alimentação argentina. A terra natal é Rosário, onde investe seu dinheiro e local do casamento com Antonella, a namorada desejada desde a infância.

"A responsabilidade não pesa para ele. Eu o vi com 11 ou 12 anos lutando cotra rivais que eram o dobro do seu tamanho e ele nunca se encolheu", disse Domínguez. Talvez por isso, Messi ficou concentrado sem a distração da família antes de viajar para o Equador. O camisa 10 quer tirar a espinha entalada na garganta.

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