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Secretária geral da Fifa espera que investigações não atrapalhem Copa do Mundo do Catar 2022

17/10/2017 12h16

Madri, 17 Out 2017 (AFP) - A secretária geral da Fifa, Fatma Samoura, demonstrou confiança de que as investigações por suposta corrupção na atribuição dos direitos de televisão para várias Copas do Mundo "não perturbem" a organização do Mundial do Catar-2022, nesta terça-feira, em entrevista exclusiva à AFP.

"Espero que as investigações em curso não perturbem a organização desta Copa do Mundo (Catar-2022)", afirmou Samoura em entrevista às vésperas da World Football Summit, que vai ser realizada em Madri.

"Os Mundiais são a joia da coroa das competições da Fifa. Não podemos permitir, agora que nossa estrutura está ganhando credibilidade, colocar essas competições em perigo", garantiu.

"A organização da competição foi atribuída ao Catar em 2010, muito antes da chegada da nova direção. Estamos trabalhando para que se possa organizar a competição nas melhores condições", acrescentou à AFP.

Esta foi a posição de Samoura, depois da Fifa anunciar na última sexta-feira a abertura de investigação preliminar contra Nasser Al-Khelaifi, diretor da BeIN Media e presidente do Paris Saint-Germain.

O anúncio veio um dia depois da justiça suíça abrir investigação contra Nasser por "corrupção privada" na atribuição dos direitos de meios de comunicação de várias Copas do Mundo.

- Tempo para mudança -A procuradoria suíça também investiga neste caso Jerome Valcke, antecessor de Samoura na secretaria geral da Fifa e que foi suspenso por 10 anos por envolvimento em outros casos de corrupção.

Em maio de 2016, Samoura se tornou a primeira mulher a assumir o segundo cargo mais importante da Fifa, ao lado do novo presidente Gianni Infantino. O mandatário chegou ao cargo com o objetivo de recuperar a imagem do maior órgão do futebol mundial, manchada por vários escândalos de corrupção.

A secretária geral insistiu que "colaboramos e seguimos colaborando com as justiças da Suíça e dos Estados Unidos", que investigam os escândalos da Fifa.

Além do último escândalo, a justiça suíça também investiga as condições de atribuição aos Mundiais da Rússia-2018 e Catar-2022. Pesam sobre ambas fortes suspeitas de corrupção.

"Toda mudança precisa de tempo. Queremos que essas mudanças sejam rápidas, mas estamos em um mundo onde 60% da população se interessa, de um jeito ou de outro, por futebol", explicou.

"Vai demandar um pouco de tempo para que essas mudanças possam se traduzir em resultados concretos nas 211 associações membros da Fifa. Mas o que posso dizer é que existe uma vontade firme e real da Fifa mudar", garantiu Samoura.

A secretária destacou a maior "transparência nos salários do secretário geral e do presidente. Contamos em ampliar a transparência aos salários de todos os membros do conselho".

"Além disso, ao triplicar os recursos para o futebol e ter maior acompanhamento de como as federações e confederações gastam esse dinheiro, conseguimos garantias de que a mudança está em andamento", acrescentou.

- 'Má lembrança' -Isto "nos dá razões para pensar que, daqui a alguns anos, todos os escândalos que entraram no caminho da Fifa não serão mais do que uma má lembrança", garantiu.

Samoura também se referiu às exorbitantes cifras que as transferências da última janela protagonizaram.

"Não vou falar de controle, mas é verdade que o mercado registrou cifras recordes nas transferências. Fala-se de 4,7 bilhões de dólares ou euros gerados por estas contratações em três meses", explicou.

"A Fifa está buscando com as ligas profissionais e com os sindicatos de jogadores como ter mais transparência nos fluxos financeiros", afirmou.

"A Fifa por si só não pode legislar sobre esse assunto, mas percebemos que é algo que não deveria escapar da vigilância dos atores do futebol. Seria necessário dedicar mais tempo em revisar os textos e tentar regulamentar um pouco todas essas transferências e fluxos financeiros", garantiu.

A renovação da Fifa era um objetivo principal da nova direção, mas impulsionar o futebol feminino também está em pauta.

"Hoje a competição que permite financiar as outras competições é o Mundial masculino. A ideia é, com a nova estratégia de desenvolvimento do futebol feminino, que o Mundial feminino seja um produto específico que se possa vender para televisões, para patrocinadores comerciais e que seja um produto a parte", concluiu.

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