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Julgamento de corrupção na Fifa: promotoria e defesa apresentam argumentos

13/11/2017 17h42

Nova York, 13 Nov 2017 (AFP) - O julgamento do grande escândalo de corrupção que abalou a Fifa teve um dia importante nesta segunda-feira em Nova York, com a apresentação de argumentos da promotoria e dos acusados.

Dois anos e meio depois das primeiras detenções de autoridades do futebol em 27 de maio de 2015 em um hotel cinco estrelas de Zurique, a pedido do governo americano, três acusados que insistem em sua inocência estão sendo julgados no tribunal federal do Brooklyn.

"Estes acusados jogaram sujo com o esporte para encher os bolos com dinheiro que poderia beneficiar" o futebol, esporte que na América do Sul é "uma paixão, quase um estilo de vida", disse ao juri o jovem procurador Keith Edelman, nos argumentos iniciais do juízo na corte.

"O fizeram ano após ano, torneio atrás de torneio, suborno atrás de suborno", escondendo o dinheiro em contas secretas ao redor do mundo em empresas de fachado, por meio de contratos falsos ou maletas de dinheiro, acrescentou.

Um total de 42 ex-dirigentes do futebol, empresários e um banqueiro, assim como três empresas, são protagonistas da acusação de 236 páginas que detalha 92 crimes em 15 esquemas de corrupção separados, com mais de 200 milhões de dólares em subornos. A investigação derrubou o então presidente da Fifa, Sepp Blatter, e seus prováveis sucessores.

Mas o julgamento em Nova York tem apenas três réus: o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol CBF) José Maria Marín, de 85 anos, o paraguaio Juan Ángel Napout, ex-presidente da Conmebol, e o ex-vice-presidente da Fifa e ex-presidente da Federação Peruana Manuel Burga, de 60 anos.

- Marín passivo? -Os três comparecem ao tribunal desde 6 de novembro. Em quatro dias, a juíza Pamela Chen, que preside o processo, e as duas partes escolheram os 12 membros do júri e seis suplentes que decidirão seu destino.

Os acusados insistem que são inocentes das acusações de corrupção, lavagem de dinheiro e fraude bancária. A Promotoria afirma que receberam subornos milionários em troca de contratos de televisão e marketing de partidas das eliminatórias da Copa do Mundo e outros torneios nacionais e regionais.

"Não estou aqui para dizer que não existe corrupção no mundo do futebol internacional. O mundo do futebol internacional não está sendo julgado hoje. Quem é julgado é José Maria Marín", disse o advogado do cartola brasileiro, Charles Spillman.

Como Marín assumiu a presidência da CBF após a renúncia de Ricardo Teixeira, também acusado, Spillman comparou seu cliente como um jogador passivo no campo de futebol, alguém que está ali "para tapar buraco".

"Estava no campo mas não participava do jogo", disse, sugerindo que não fazia nada sem Marco Polo del Nero.

Os três acusados estão em prisão domiciliar desde sua detenção e extradição aos Estados Unidos. Marín pagou fiança de 15 milhões de dólares, Napout de 20 milhões e Burga de US$ dois milhões.

Marin aguarda uma definição de seu destino há mais de dois anos em seu apartamento na Trump Tower, o arranha-céus da Quinta Avenida e rua 57 que também abriga o tiíplex do presidente americano Donald Trump e a sede de seu grupo imobiliário Trump Organization.