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Rússia suspensa das olimpíadas de Inverno-2018; atletas podem participar sob bandeira olímpica

05/12/2017 17h39

Lausana, Suíça, 5 dez 2017 (AFP) - A Rússia foi suspensa dos próximos Jogos Olímpicos de Inverno de Pyeongchang-2018, segundo decisão do Comitê Olímpico Internacional (COI), nesta terça-feira, por conta do esquema de doping institucionalizado no país.

Ainda assim, o COI autorizou a participação dos atletas russos sob a bandeira olímpica, desde que estes respeitem algumas condições. A competição vai ser disputada enter os dias 9 e 25 de fevereiro. A entidade também anunciou o banimento do vice-primeiro-ministro russo Vitali Mutko, encarregado dos esportes no país.

Esta decisão, tomada por motivos esportivos, é inédita na história olímpica e acontece no momento em que a Rússia é acusada de ter colocado em prática um esquema de doping institucionalizado entre 2011 e 2015, em particular durante os Jogos Olímpicos de Inverno-2014, que o país sediou em Sochi.

"Trata-se de um ataque sem precedentes contra a integridade dos Jogos Olímpicos e do esporte. O comitê executivo do COI tomou medidas proporcionais contra a manipulação sistêmica, ao mesmo tempo protegendo os atletas limpos", declarou o presidente do COI, o alemão Thomas Bach, em nota.

O COI segue assim, dois anos depois, o exemplo dado pela Federação Internacional de Atletismo (Iaaf), que suspendeu a federação russa em 13 de novembro de 2015 após a revelação de um esquema de doping acobertado pelas autoridades russas no atletismo. A Iaaf havia oferecido aos atletas russos a possibilidade de competir nos Jogos Olímpicos do Rio-2016 e no Mundial de atletismo-2017 caso provassem inocência.

Cerca de dois anos e meio depois da publicação do relatório McLaren, encomendado pela Agência Mundial Antidoping (Wada) e que revelou o envolvimento do governo russo e dos serviços secretos do país no esquema de doping, o COI decidiu por responsabilizar e punir a Rússia.

Antes dos Jogos Olímpicos do Rio-2016, o COI repassou às federações internacionais a responsabilidade de suspender os atletas russos das modalidades olímpicas, algo muito criticado na época. No fim, somente o atletismo puniu com dureza a Rússia, que acabou viajando ao Brasil com uma delegação bem menor do que o esperado (276 dos 387 atletas previstos).

Após um ano e meio de investigações de duas comissões, organizadas pelo COI e presididas pelos suíços Denis Oswald e Samuel Schmid, as evidências eram gritantes demais para nova transferência de responsabilidade.

- Putin cogita boicote -As conclusões apresentadas nesta terça-feira em Lausanne, na Suíça, diante dos 14 membros do comitê executivo e do presidente Bach são acachapantes para a Rússia.

Os primeiros sinais de um endurecimento de tom do COI foram enviados ao longo do mês de novembro pela Comissão Schmid, que desclassificou 25 atletas russos dos Jogos de Sochi-2014, anulando um terço das medalhas russas conquistadas no evento, quatro delas de ouro.

Esta decisão coloca o presidente russo, Vladimir Putin, em posição complicada a três meses das eleições presidenciais no país, tendo que escolher entre a humilhação e o boicote.

"Um boicote nunca resolveu nada", lembrou Bach, nesta terça-feira.

EM 19 de outubro, Putin já alertava: obrigar os atletas russo a competir sob bandeira neutra seria visto como "uma humilhação para a Rússia", estimando que tal decisão "faria mal ao movimento olímpico".

Com a decisão histórica do COI, Putin terá que optar entre acatar a decisão do COI ou iniciar um cabo de força boicotando a edição sul-coreana dos Jogos de Inverno.

O presidente do Comitê Olímpico russo, Alexander Zhukhov -que também foi suspenso nesta terça-feira- já havia ameaçado o COI, explicando que nenhum atleta russo viajará a Pyeongchang sob bandeira neutra.

ebe-tba-fbr/fa/am